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Viagens

Um rolê pela Estrada Real. Os planos foram feitos, para serem mudados

19 de March de 2021

Final de ano, últimos trabalhos agendados e surge a oportunidade de fazer um rolê com duas Hondas Áfricas Twin e o incrível Maxi-Scooter X-Adv 750. Como não consigo tocar 3 motos simultaneamente, convoquei o Zé Ricardo do GS22 e Tati Paze, amiga de longa data e vários jobs, para irem comigo, duas pessoas super do bem, que encaram qualquer parada com bom humor e também, com agenda bem flexível.

O legal é que eu convidei, eles toparam, e não tinha um destino definido ainda…ou seja, dependendo com quem vai, não interessa para onde.

Muitos falaram: “Você viu a previsão do tempo?”, “Assistiu a Maju?”, “E se chover?”

Todos saímos prontos para enfrentar todo tipo de tempo e terreno, pois estávamos na mesma sintonia, o que facilita demais a viagem.

Pois bem, destino definido: Tínhamos uma semana para fazer o Caminho dos Diamantes, na Estrada Real, que leva Ouro Preto-MG a Diamantina-MG. Em sua imensa maioria esse caminho é de terra, o que animou mais! Mas, com as chuvas frequentes, ficamos com planos B, C e D na manga, vai que... precisa-se de uma mudança.

As motos para viagem na Estrada Real:

A CRF 1000L Africa Twin é a big trail da Honda, lançada no Brasil no final de 2016 chegou causando surpresa. Ela tem o sangue da linha CRF, especializada em Off Road, associadas com confortos para pegar estrada.

O motor é um bicilíndrico de 999 cc, que entrega elevado torque para saídas e ultrapassagens na estrada, combinado com um cambio de 6 marchas.

A suspensão tem curso de 230mm na dianteira e 220mm na traseira, proporciona um grande vão entre a moto e o solo. Aliado com as rodas raiadas aro 21” na dianteira e 18” na traseira, essa big trail está preparada para percorrer qualquer caminho.

Mas, a surpresa dessa nossa viagem fica por conta da Maxi-Scooter X-ADV 750, esse lançamento da Honda que mistura big trail com scooter.

Equipada com um motor dois cilindros de 745 cc arrefecido a líquido, entrega 54,8 cv de potência a 6.250 rpm e torque máximo de 6,93 kgfm a 4.750 rpm. A transmissão é através do sistema de dupla-embreagem DCT (Dual Clutch Transmission) com 6 marchas e sim, é possível realizar as trocas no modo manual com as aletas no punho esquerdo, totalmente diferente da maioria das scooter que possuem o câmbio CVT.

As rodas são raiadas, aro 17" na frente e 15" na traseira, equipadas com pneus de uso misto. Além disso, ela oferece painel digital, protetor de mãos, controle de tração que pode ser completamente desligado, chave presencial Smart Key e tomada 12v embaixo do banco.

Será que ela conseguiu acompanhar a Africa Twin nessa aventura? Venha nessa viagem com a gente!

Separamos algumas motos para você pegar estrada. Confira aqui!

DIA 1:

O pré-combinado era sairmos na segunda 07/12 na parte da manhã, mas…saímos por volta das 11hs de Sampa com destino a Mogi Guaçu-SP, na sede do “Crubinho" para pegar o resto dos equipamentos que eu precisava levar. Chegando lá, tinha um almoço pronto, ou seja…o horário se foi, e com isso, a ideia de chegar em Ouro Preto no mesmo dia, também.

Saímos de Mogi Guaçu (sem chuva até então) com destino a Ouro Fino, ao atravessar a divisa com Minas Gerais na cidade de Jacutinga ligaram a irrigação do céu.

Paramos, colocamos as roupas de chuva e seguimos até o monumento Menino da Porteira, na Entrada de Ouro Fino. Ali fizemos nossa primeira foto “oficial”, debaixo de chuva!

 
Arquivo pessoal: Primeira foto em grupo - Menino da porteira

Seguimos por Borda da Mata, Pouso Alegre, Lambari e Caxambu, onde resolvemos parar para dormir no histórico Palace Hotel de Caxambu. Fomos muito bem atendidos e conseguimos dois quartos enormes para ajeitar nossas tralhas ensopadas. Depois de tomar banho, saímos para jantar e já reabastecidos, uma merecida noite de sono!

DIA 2:

Saímos de Caxambu depois de um belo café da manhã sem pressa e já debaixo de chuva, para tentar chegar em Ouro Preto, mas antes, passamos por Cruzília, Minduri, Madre de Deus de Minas, São João Del Rei, Lagoa Dourada, Entre Rios de Minas, São Brás do Suaçuí, Ouro Branco e, finalmente, Ouro Preto!

Nesse roteiro todo, obviamente existem vários atrativos, mas nosso objetivo estava além, por isso, queríamos chegar a Ouro Preto no mesmo dia.

Próximo à São Vicente de Minas (sem chuva agora) existe uma bifurcação que já passei algumas vezes. Ela corta caminho para não passar por dentro de São Vicente e ganhar um tempinho mas… Como choveu muito, a estrada estava com lama e muito lisa. Meus parceiros não arregaram e atravessamos esse primeiro desafio com louvor e suor! Sorte a chuva ter dado uma trégua, mas a estratégia de ganhar tempo…foi-se. Ganhamos gargalhadas!

 
Arquivo pessoal: Atalho próximo a São Vicente de Minas

Seguimos viagem para São João Del Rei, onde demos uma passada rápida pela cidade para eles conhecerem e fazermos algumas fotos, aliás, nem pensem em não passar por lá… a cidade é imperdível!

 
Arquivo Pessoal: Parada no centro histórico de São João Del Rei

Próxima parada obrigatória Lagoa Dourada! Essa cidadezinha ficou na minha cabeça por já ter passado por ela sem experimentar o famoso rocambole local! A gente passa na porta de pelo menos duas lojas especializadas…dessa vez paramos! E valeu muito a pena. Dá para sentir o sangue diminuir de velocidade nas veias de tão bom!

Tínhamos mais 120km pela frente, muitas paisagens e curiosidades para o dia! Seguimos para Ouro Branco.

De Ouro Branco para Ouro Preto, tem que ter calma. São tantas paisagens incríveis, cidadezinhas curiosas, igrejas, como por exemplo:

Itatiaia, um distrito de Ouro Branco, está a menos de 1km da rodovia e possui, talvez, um dos mais antigos templos do Brasil, a Igreja de Santo Antônio, erguida no século 18 em estilo barroco. Sem contar a vista e riqueza natural da região, com várias cachoeiras. Se programe para almoçar por ali, um restaurante muito legal é o Villa Itatiaia, além da comida excelente, ainda tem um artesanato feito em Pedra Sabão, incrível! Em outra passagem por ali, levei um presente para meu pai: Um recipiente que conserva as garrafas de vinho geladas enquanto se bebe. Adorou!

Algumas paradas para fotos nesse trecho da estrada e chegamos a Ouro Preto, ainda de dia e, sem chuva no momento, mas tudo molhado!


Arquivo pessoal: Estradas mineiras de Ouro Branco para Ouro Preto

Ouro Preto com chuva é diferente… Além de parecer um labirinto, só tem vias de paralelepípedos e, quando não está subindo, está descendo, imagine molhado! Passamos em algumas igrejas para fotografar, arrumamos uma pousada para ficar e descarregamos nossas tralhas!

Saímos para comer e achamos a Taberna Music Bar, um lugar legal e de comida boa! Para quem gosta, eles fazem um drink com picolé…deve ser muito bom, pois quis comprar só o picolé e não quiseram vender!

Uma dica importante para quem viaja de moto com equipamento fotográfico

Um detalhe importante… todo local que dormimos, antes de perguntar sobre acomodações, a preocupação era o número de tomadas!! Tínhamos que recarregar GoPro, celular, câmera em Ouro Preto tinha apenas uma no quarto!

 
Arquivo pessoal: Chuva em Ouro Preto

DIA 3:

Acordamos com chuva braba! Tomamos café ao som dos pingos no telhado e diminuímos o ritmo, afinal, estava chovendo bem e nossa viagem no off road iria começar, ou seja, relax que vai molhar de qualquer jeito.

O destino inicial seria Glaura, por estrada de terra, (o caminho oficial é por trilha que nem pensamos em fazer devido à chuva). Mas, logo no início, menos de 5 km e duas subidas e descidas, resolvemos mudar os planos, pois estava muito liso esse trecho, o que nos tomaria muito tempo, coisa que não tínhamos. Para você ter noção, para fazer 5km levamos uma hora, então tínhamos duas opções: enfrentar a terra ou voltar.


Arquivo pessoal: Honda X-ADV 750 no fora de estrada

Mudamos o roteiro! Voltamos para o asfalto sentido Cachoeira do Campo e lá, resolvi entrar na Estrada Real novamente, afinal o Zé e a Tati precisavam “viver" a experiência de andar nesse roteiro incrível. Mas, nada nessa vida é por acaso…

Passei reto a entrada e rodamos mais 5 km até nos depararmos com a placa “Sorvete Paquistanês”! Adivinha? Obviamente fomos descobrir o que era aquilo e ficamos muito satisfeitos!! Sabores como Jelebi, Doçura paquistanesa, Pimenta paquistanesa, Eishyrat (harmonia) uma mistura de Cranberry, Amora, Cardamomo, Jabuticaba - dentre mais de 50 sabores. Valeu o erro de caminho e a parada!

Depois dessa nova descoberta, já no rumo certo, voltamos e seguimos para Santo Antônio do Leite e a estrada estava beeemmm melhor do que encontramos de manhã e com isso, a viagem fluiu legal, mesmo tendo mudado o destino.

Sem medo de mudar o roteiro

Agora a ideia da viagem mudou completamente e estávamos passeando pela Estrada Real e o nosso principal objetivo era curtir as paisagens e os atrativos do Caminho Velho mesmo, aquele que nos levaria até Tiradentes e São João Del Rei.

Foi bem divertido! Em Engenheiro Coelho por exemplo (aproximados 400 habitantes), fomos até a Capela de São José, datada do final do séc. XIX, fotografamos e seguimos adiante, passando por Miguel Burnie e chegando a Lobo Leite.

Em seguida, por asfalto, seguimos no sentido de São Brás do Suaçui e, alguns quilômetros antes, na ponte sobre o rio Paraopeba, entramos na Estrada Real novamente, contornamos São Brás do Suaçuí e seguimos por asfalto novamente, pois o relógio estava girando rápido.

Chegando em Entre Rios de Minas voltamos para a terra e seguimos com belos visuais e uma pausa, 15km depois, na Capela Olhos D’Água que abriga um cemitério ao seu lado.

  
Arquivo pessoal: Capela Olhos D'água

Fico imaginando a quantidade de histórias que envolvem esses lugares pelos quais passamos…

Seguimos, pois já eram 17:30hs e ainda tínhamos 14 km para chegar em Casa Grande.

Com o sol baixando, nosso ritmo diminuiu por dois fatores: segurança e paisagem.

Paramos para registrar o pôr do sol e seguimos, encurtando o roteiro pelo asfalto para chegar a Lagoa Dourada, onde decidimos pernoitar! Estávamos nós de novo na terra do rocambole!


 Arquivo pessoal: Fim de tarde na Estrada Real

Encontramos a Pousada Vertentes e sua proprietária, uma simpatia!

Consegui presenciar a chegada de dois ciclistas que passaram para carimbar o passaporte e, a proprietária, perguntando onde iriam…

Com a resposta de que iriam continuar o caminho noite a dentro. Ela, toda preocupada, não se conteve e implorou para os rapazes ficarem dizendo, inclusive, que não cobraria nada pelo pernoite!

Esses valores que importam! Mesmo com os pais deles esperando na outra cidade, eles cederam, pernoitaram e pagaram pela estadia.

E nós? Saímos para mais um jantar! A 100mts da pousada e comemos belos PFs, estávamos precisando pois estávamos só com os sorvetes paquistaneses!

Uma noite de sono ótima ouvindo a chuva cair finalizou nosso dia!

Ainda tínhamos alguns dias de viagem, mas para onde seguiremos agora?

Sem preocupação nenhuma, vamos deixar para decidir amanhã. Já que com uma boa companhia, não importa o destino!

No próximo texto, vamos continuar contando essa aventura com duas big trails e uma maxi scooter desbravando a Estrada Real. Clique aqui para ler a parte 02 dessa aventura. 

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