Turismo Cananéia - Ilha Comprida

Quer um dica de viagem para o fim de semana?

Por Trinity Ronzella

VIAGEM PELO LITORAL DO EXTREMO SUL DE SÃO PAULO

 

Bem ao sul do litoral de São Paulo, quase na divisa com o Paraná, surgem Iguape, Ilha Comprida e Cananéia.

Um roteiro para ser feito em dois dias com tranquilidade, para você curtir cada quilômetro com segurança e belas surpresas.

 

  

Lá no finalzinho do litoral sul de São Paulo, a Mata Atlântica se encontra com outros ecossistemas para formar um paraíso da biodiversidade. Diversos parques de proteção ambiental foram criados com o intuito de preservar e defender essa região tão delicada.  Somado ao valor ambiental, encontramos um grande valor histórico de antigas cidades com seus casarões e igrejas coloniais que surgiram a um bom tempo e testemunharam nossa colonização e a busca pelo ouro. 

Essa região surgiu paralelamente à história do nosso país, pois Iguape, por exemplo, tem como ano de fundação 1538! Lembranças dos tempos em que indígenas, sesmeiros, espanhóis, portugueses, bandeirantes e aventureiros desbravaram estas terras e assentaram por lá os primeiros povoados da região. 

Para chegar nessa região é bem fácil, a rodovia Régis Bittencourt (BR-116) é a principal ligação da região ao sul do país e também a São Paulo (SP). Uma outra opção de roteiro é através das rodovias dos Imigrantes, depois Padre Manoel da Nóbrega e Prefeito Casemiro Teixeira.

Você pode chegar até Iguape, Ilha Comprida ou Cananéia em qualquer tipo de moto, pois todas cidades são servidas por boas estradas a partir da Régis Bittencourt. No entanto, para descobrir o lado mais aventureiro dessas cidades siga viagem com uma moto on/off-road, mas esse roteiro não está limitado a elas, com qualquer estilo de moto e, obviamente, um pouco mais de cuidado, dá para repetir o mesmo roteiro que fizemos, só não dará para “explorar" algo mais radical. 

 

 

Um roteiro tranquilo 

O roteiro mais direto saindo de São Paulo, seria a BR-116 até a saída 401 para Iguape. Com a Régis Bittencourt reformada, está mais rápida e segura que anos atrás, se ainda não passou por ela com os túneis, pode ser uma boa opção de conhecer e chegar mais rápido.

Se quiser ir passeando, vá pela Rodovia dos Imigrantes e ao final, siga para Praia Grande, Mongaguá e Itanhaém, você estará na BR-101. Depois de Mongaguá, a próxima cidade será Peruíbe. Até aqui a estrada corre paralela ao mar. A partir de Peruíbe, serão mais 40 km até a BR-116, que liga São Paulo a Curitiba. Entrando na BR-116, no sentido de Curitiba, serão apenas 18km até a saída 401 para Iguape, Juréia e Ilha Comprida e depois, em pista simples, mais 55km até Iguape.

 

 

Como chegar na praia de Ilha Comprida de moto

De Iguape a Ilha Comprida é só atravessar a ponte e seguir para a orla da cidade, mais especificamente, a Avenida Beira Mar. Para chegar lá faça o seguinte: cruze a ponte de Iguape, siga até o final e entre a direita. Alguns metros à frente, entre à esquerda na placa “Retorno" , você estará na Av. Marginal Candapuí Norte. Siga até o final e entre à direita, na Avenida Central. Ela te levará até a Av. Beira Mar onde entrará a direita e pronto, só seguir. Serão quase 4 km até o Corpo de Bombeiros e terá um posto nesse trecho, garanta sua autonomia e encha o tanque antes de seguir em frente, pois não terá outro.

                              

Do Corpo de Bombeiros, serão 15 km de asfalto com muitas lombadas até chegar na estrada de terra. Cruze a ponte e siga, o número de casas aumenta e você ainda está na Av. Beira Mar. Siga pela orla por aproximados 5km e se informe, você deve seguir para Estrada das Pedrinhas. É fácil de achar! Entrou nessa estrada, é só seguir direto até encontrar uma “ponte rampa” (quando ver entenderá), passou a ponte entre a esquerda,  é por aí que se entra na praia. Mas entre com cuidado devido a areia mais fofa nesse pedaço curto.  Antes disso, segundo informado, não é permitido transitar pela praia.

Depois de entrar na praia, siga para direita direto, serão 22km de praia até encontrar uma placa informando que tem que sair da praia. Saia e siga pela estrada de terra até a balsa que leva para Cananéia, são aproximadamente 4km de boa estrada.

 

 

O que visitar

O objetivo desse roteiro não é explorar um único lugar e sim fazer um tour pela região e visitar alguns pontos interessantes de cada cidade. Assim, você passará por Iguape, cidade fundada em 1538 cujo centro da cidade apresenta casarios antigos e reformados, uma bela igreja e a vista do Mirante do Cristo.

 

 

Já em Ilha Comprida tem como grande atrativo e surpresas, o roteiro que pode ser feito através de sua praia. Vale citar que a praia de Ilha Comprida é uma das poucas na qual, a circulação de carros e motos é permitida. Assim, abuse disso e, com consciência e prudência, curta a pilotagem pela praia que tem bons atrativos como dunas, trilhas, riachos, bares, pousadas. Mas lembre: pilote com cuidado e atenção.

 

 

Cananéia é a terceira cidade deste roteiro. A cidade é muito bem cuidada e muito simpática. Por lá tudo é muito bem conservado e seu centro tem várias opções de bares, lojas e pousadas, além da beleza da arquitetura dos séculos XVIII e XIX. Destaque para a Igreja construída em 1577.

 

 

Ao viajar para região você irá notar que as dicas deste artigo são bem resumidas e isso é proposital, pois a região oferece muitas possibilidades de turismo e você certamente encontrará seu local predileto.

 

 

Pilotando na praia

No trecho deste roteiro no qual você irá pilotar pela areia da praia, alguns cuidados devem ser tomados: procure saber o horário da maré cheia, pois corre-se o risco de não conseguir passar com a maré muito alta. Na dúvida, em Ilha Comprida pare e se informe posto do Corpo de Bombeiros, parece que não, mas é sério, pode-se perder o veículo se for pego de surpresa. 

 

 

Esse trecho de praia é usado normalmente como uma estrada, apesar de ter banhistas, ciclistas e outros veículos em ambos os sentidos. O agravante é que não existem placas e muitos abusam da velocidade, siga com cuidado pela parte mais “dura” da areia, pois se entrar na areia “fofa” a pilotagem se torna mais difícil. Em alguns momentos “surgem” pontos com areia, riachos, animais mortos, muitos galhos e troncos pelo caminho, vá devagar para aproveitar o momento com segurança.

 

 

 

A volta

O caminho de volta pode ser pela rodovia Régis Bittencourt ou pelo o mesmo caminho da vinda, a diferença é o movimento de caminhões que é intenso na Régis ou o movimento de carros pelo litoral. As distâncias se equivalem.

 

Dicas

  • No trecho de areia, vá com atenção, pois o movimento de pedestres, ciclistas e carros é grande nos finais de semana.
  • Abasteça em Ilha Comprida por segurança, não dê bobeira.
  • Ao parar a moto na praia, certifique-se de colocar uma superfície rígida para apoiar o descanso da moto, do contrário ele afundará na areia e a moto cairá. 
  • Dê atenção especial à tábua das marés, ela que vai dizer o melhor horário para fazer o trecho de praia. Pode ser que chegue em Ilha Comprida e a hora mais segura para essa travessia seja na parte da manhã, ou no mesmo dia à tarde, por isso, fique atento! Tem até apps que informam sobre as marés!

 

 

A supresa aparece quando menos se espera!

 

Em 2013, quando fiz esse roteiro pela primeira vez, aconteceu um fato que marcou a minha vida. Agora, refazendo o caminho, tive um flashback de 8 anos atrás que achei legal repassar a vocês. Confesso que me emocionei relembrando de tudo o que narro a seguir:

Nos trechos de praia, além de muitos troncos e objetos trazidos pela maré, vi muitos pinguins, focas e uma tartaruga imensa, todos mortos.

Para minha surpresa, no final do trecho de praia, avistei alguma coisa na praia, que julguei ser mais uma foca. Para minha surpresa, ao chegar perto vi que era um filhote de baleia Jubarte. Parei a moto perto de uma mulher que estava observando e perguntei se fazia tempo que estava ali, e se estava viva. Enfim, realmente era difícil saber, as ondas mexiam o filhote e não sabia se era movimento voluntário ou das ondas. Fui ver de perto e vi que estava viva! A uns cem metros atrás havia visto um casal. Peguei a moto depois de tentar chamá-los sem sucesso devido ao vento intenso, e fui até eles para pedir ajuda. Voltei, coloquei um shorts, tirei as botas e, nesse meio tempo, chegaram mais pessoas. Falei com eles e senti que estavam meio conformados com a morte certa desse grande mamífero. Inconformado, disse a eles que ela poderia até morrer, mas não ali e daquele jeito. Enquanto tentava convencer as pessoas, o casal chegou e fui com o homem tentar movê-la, mas sem sucesso, ela era muito pesada. Estamos conversando sobre como fazer ela voltar a água e, quando menos esperava, chegaram mais dois, de calça e tudo para ajudar! Ficamos aproximadamente 30 minutos lutando para devolvê-la às águas mais fundas e conseguimos! Com a água pela cintura a acompanhei, pois parecia estar desorientada, até um pouco mais fundo e pronto, ela voltou para o mar.

Além de cansada, ela tinha alguns ferimentos pelo corpo e cauda, mas ali, se dependesse de nós, ela não iria morrer! Depois disso voltei a areia e foi muito legal o semblante das pessoas. Nós quatro, que entramos na água, nos agradecíamos mutuamente e estávamos felizes. Quatro desconhecidos que fizeram a diferença e salvaram tão belo animal.

 

 

 

Onde Dormir e comer:

Me hospedei em Ilha Comprida na Pousada Canto da Ilha e fiquei muito satisfeito com o atendimento, localização e preço, mas existem várias opções para escolher.

Para comer também tem várias opções, fomos comer no Kapetas Crepes e Lanches pela proximidade da pousada (fomos a pé) e pela praticidade, mas, se puder, vá comer um peixinho, uma comida mais regional.

Espero que aproveitem esse roteiro e, se o fizerem ou já conhecem, deixe seu comentário ou dica aqui, será muito bem vindo!

 

 


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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