Tiradentes: Uma viagem pela gastronomia mineira

No comando de uma Honda CB 500X, cidade histórica oferece sabores e belos passeios por sua arquitetura

Por Aladim Lopes Gonçalves

Aldo Tizzani

Novidade, surpresa e emoção. Estas são palavras-chave para qualquer motociclista aventureiro. Por isso decidimos ir a Tiradentes (MG) com a recém-lançada Honda CB 500X para desvendar seus mistérios e conhecer uma das cidades mineiras que mais atrai motociclistas. O motivo: a terra do alferes Joaquim José da Silva Xavier, mártir da Inconfidência Mineira, sediaum dos maiores e melhores encontros de motos do Brasil, o BikeFest, realizado há 22 anos. Segundo Jordano Berg, organizador do evento, o público hoje é diversificado. “Além dos motociclistas clássicos com suas motos custom, hoje o encontro tem o poder de atrair outras tribos”, conta Berg, dizendo que a infraestrutura da cidade e a receptividade de seus habitantes contribuíram para o fortalecimento do BikeFest.

Fora isso, a cidade - que apresenta um dos conjuntos arquitetônicos mais preservados entre as cidades históricas brasileiras - promove a partir de 22 de agosto a 17ª edição do Festival de Gastronomia. Por isso este roteiro abandonou as principais atrações turísticas como igrejas, museus e monumentos para focar outra riqueza, a gastronomia. Assim, Tiradentes oferece doses de novas experiências sobre duas rodas, recheadas de belas imagens e com uma pitada generosa das comidas típicas de Minas.

Para “abrir o apetite” cruzamos Tiradentes – e seu tradicional calçamento de pedras – para visitar Coronel Xavier Chaves, município a 22 quilômetros de distância. É conhecida como “Cidade da Cantaria” (arte com pedra) e também por abrigar o engenho de cana mais antigo do Brasil. Com mais de 250 anos produzindo uma das melhores cachaças do Brasil, o Engenho Boa Vista pertenceu ao irmão mais velho de Tiradentes, Domingos da Silva Xavier. A construção colonial do século XVIII é tombada pelo Patrimônio Histórico.

Outro ponto de parada obrigatória é a Igrejinha do Rosário. Construída por escravos é toda de pedra, no melhor estilo barroco jesuítico. Falando nisso, conhecemos David Fuzatto, 50, artesão que desde os 13 faz esculturas. Pioneiro na região, Fuzatto “trabalha a pluralidade de formas”. Com seu martelete pneumático transforma pedra-sabão ou granito em animais, flores ou personagens regionais. Para quem quiser conhecer o trabalho de Davi Fuzatto, seu atelier, ao ar livre, fica no Km 4,5 na rodovia que vai para Coronel Xavier Chaves.

Direto da boca do fogão
Depois de um dia inteiro rodando com a nova Honda, era hora de deixar a CB 500 X descansando na Pousada Tiradentes, bem no centro da cidade e ao lado da rodoviária. Hora de experimentar um dos pratos mais tradicionais da culinária mineira, o Tutu de Feijão, do Bar do Celso. Bem servido (para duas pessoas custa R$ 47,00), o prato acompanha couve, linguiça, lombo, costela de porco e aquele arroz com um leve sabor de alho, bem suave. Além do tutu, é claro! O restaurante, aberto em 1985, não aceita cartões, mas vale a pena levar um dinheiro em espécie para comer ali.

No dia seguinte seguimos até Bichino, Distrito de Prados, município vizinho ao de Tiradentes. O local é conhecido pelo seu artesanato diversificado - móveis feitos com madeira de demolição, biscuit, gesso, couro, joias, em ferro, crochê, tapetes e fuxico. Mas estávamos em busca de outro tesouro. Perguntando aqui e ali chegamos ao restaurante “Tempero da Ângela”.

Simples e rústico, o restaurante cobra R$ 23 por pessoa (aqui também não aceita cartões) e o turista pode comer à vontade. Os pratos ficam em uma estante e os talheres em gavetas. O inusitado é que os clientes se servem diretamente no fogão à lenha. Há várias opções: torresmo, arroz, feijão, tutu, pernil, frango com quiabo, purê de mandioquinha, angu, mandioca frita e cozida. Cada garfada um explosão de sabor. Muitos dos legumes e folhas servidas são “orgânicos”: colhidas na horta que fica nos fundos do restaurante.

“O segredo é não ter segredo. O que fazemos aqui é o mesmo que fazemos nas nossas casas. Usamos produtos de qualidade, sem agrotóxicos e os animais criados da forma mais natural possível”, conta Dona Ângela, nascida e criada em Bichinho. Na conversa, literalmente à boca do fogão, a cozinheira diz que o restaurante nasceu de um sonho, o de ver os três filhos com diploma universitário. E não é que depois de 11 anos ela conseguiu? Tem uma filha advogada, outra psicóloga e um filho formado em Educação Física.

Para terminar o papo e a refeição, nada melhor que um cafezinho servido na xícara de ágata, adoçado com rapadura. Dona Ângela diz que recebe muitos motociclistas e estrangeiros que buscam sabor diferenciado e preço justo, seja na Semana Santa, férias, carnaval ou réveillon.

Bichinho fica a apenas a oito quilômetros do centro da cidade histórica em trecho 100% de pedras. Neste deslocamento a CB 500X se deu muito bem, principalmente na absorção de impactos. Apesar do piso bastante irregular, o conjunto traz suspensão dianteira com molas internas maiores e curso 20 mm mais longo do que suas irmãs CB 500F e CBR 500R. Assim, o garfo dianteiro convencional garante mais conforto na pilotagem. São 140 mm de curso na dianteira e, na traseira, 118 mm de curso, com sistema Pró-link.

Comidas de boteco e doce de leite
O Largo das Forras, no centro histórico de Tiradentes, e seus arredores estão recheados de bares e restaurantes, ponto de encontro de turistas e motociclistas. Além dos tradicionais pratos da culinária mineira, as comidas de boteco estão ganhando espaço. Para quem gosta de “petiscar”, a dica é Mandalum. O restaurante tem uma “lista telefônica” de opções. Entre as boas pedidas estão bolinho de feijão (muito parecido com a massa do acarajé) e a tradicional linguiça servida com mandioca frita. Detalhe: tome muito cuidado com a pimenta!

Para quem sentiu falta de um docinho, duas boas opções: Chocolateria Puro Cacau (chocolate quente, em barras e várias opções de doces em compota) e os doces produzidos por Francisco Paula Xavier. Seu Chico Doceiro, de 83 anos, há 48 faz doce de leite. De cabelos brancos, bigode fininho, o franzino e “elétrico” doceiro não para falar e de mexer a grande colher de pau no tacho de alumínio. Cada tacho com 15 litros de leite leva até três quilos de açúcar, e fica no fogo por cerca de três horas. Para seu Chico, que acabou de fazer um check-up, “o trabalho é o melhor remédio”. Hoje, Chico Doceiro faz seis variedades de doce de leite, além dos doces de abóbora, banana, em calda e cristalizados. Mas qual é o segredo de tanta vitalidade? Segundo seu Chico: “comer um doce após o almoço”.

CB 500X: versátil e confortável
Depois de cometer o pecado da gula era hora de voltar para São Paulo. O painel digital marcava 1.290 quilômetros rodados. Apesar de várias horas sob a CB 500X o que mais impressiona é que o piloto chega inteiro, zerado, pronto para outra viagem. O assento largo, de boa densidade, além de confortável, ajuda a absorver as irregularidades do piso. Outra qualidade da nova aventureira da Honda é sua ergonomia. Com braços e pernas levemente flexionados, oferece uma boa posição de pilotagem, deixando o motociclista pronto para qualquer mudança brusca de direção. Merece destaque também a proteção aerodinâmica oferecida pelo pequeno para-brisa da CB 500X. A proteção desvia o vento do capacete, principalmente dos pilotos mais baixinhos.

O motor de dois cilindros e 50 cv de potência máxima tem comportamento bastante progressivo, “liso”. Não vibra, “enche” de forma gradativa e tem um câmbio bastante macio. As marchas entram de forma suave e precisa. Sobra torque e disposição para rodar a 120 km/h, já que a faixa de rotação nesta velocidade gira pouco mais de 5.000 rpm. Na estrada o consumo foi de 25 km/litro, que projeta uma autonomia de cerca de 400 km.

Os pneus originais da “X” - Pirelli Scorpion Trail - têm a mesma medida de suas irmãs – calçados em aro de 17 polegadas. No asfalto, os pneus grudam como “chiclete” e transmitem segurança em trechos sinuosos. No deslocamento em chão de terra merecem mais atenção. Aliás, a segurança é auxiliada pelo sistema de freios ABS que equipavam esta versão. Mais versátil da família 500cc, a “X” pode ser uma ser sua primeira pequena grande moto para encarar viagens mais longas e descobrir novas sensações sobre duas rodas.

FICHA TÉCNICA
Honda CB 500X
Motor: Dois cilindros, DOHC, 471cm³, quatro tempos, arrefecido a líquido e injeção eletrônica de combustível PGM-FI
Diâmetro x curso: 67,0 x 66,8 mm
Câmbio: seis marchas
Potência máxima: 50,4 cv a 8.500 rpm
Porque máximo: 4,55 kgf.m a 7000rpm
Suspensão
Dianteira: Garfo telescópico com 140 mm de curso
Traseira: Pró-link com 118 mm de curso
Freios
Dianteiro: Disco de 320 mm
Traseiro: Disco de 240 mm
Rodas e Pneus
Dianteiro: Liga leve – Pirelli Scorpion Trail - 120/70-17
Traseiro: Liga leve - Pirelli Scorpion Trail - 160/60-17
Dimensões
Comprimento: 2.095 mm
Largura: 830 mm
Altura: 1.260 mm
Altura do assento: 810 mm
Altura mínima do solo: 170 mm
Entre-eixos: 1420 mm
Capacidade do tanque: 17,0 litros
Peso a seco: 180kg (std.) e 182 kg (ABS)
Cores: Preta e vermelha metálica
Preço público sugerido: R$ 23.500 (std.) e R$ 25.000 (ABS)


Fonte:
Agência Infomoto

Compartilhe:

Receba notícias de moto.com.br