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Viagens

Tiradentes (MG) de Kawasaki ER-6

24 de September de 2015

André Garcia

Espere! Não vou falar dos pontos turísticos, mas da viagem com a ER-6, na ida pela Estrada Real, da pousada que ficamos, da volta pela Fernão Dias e o que fazer em tão pouco tempo em uma cidade repleta de atrações.

Final de semana prolongado devido ao 7 setembro, nada melhor que pegar a estrada rumo a Tiradentes – MG, pela Estrada Real.  

Trajeto

Saímos do Posto BR da Ayrton Senna e rumamos para Tiradentes via Ayrton Senna, Carvalho Pinto, Dutra e em Cachoeira Paulista acessamos para Cruzeiro. A rodovia muda de nome a todo tempo, mas já faz parte da Estrada Real.

Rodamos pouco até a primeira parada, cerca de 160km, em Guaratinguetá no Graal Clube dos 500, mas além de estratégica para abastecer as motos, quando se viaja com garupa temos que parar a cada 200km para não fadigar nossas companheiras.

Estratégica, porque quando acessamos rumo a Cruzeiro e começa a Estrada Real, simplesmente, não tem posto para abastecimento a beira da rodovia, sendo necessário entrar em alguma cidade e contar com a sorte de encontra-lo aberto.

Nossa segunda parada foi na cidade de Minduri já no Estado de Minas Gerais. É engraçado porque da rodovia você entra na cidade, passa por ruas estreitas e de pavimento irregular até encontrar o posto de gasolina BR já quase na saída da cidade rumo a Madre de Deus de Minas, via São Vicente de Minas, dica importante do frentista que nos atendeu para fugir da estrada de terra. Rodamos um pouco a mais, mas compensou pelas paisagens (Veja no mapa).

A Pousada

Chegamos por volta das 15 horas e nos hospedamos na Villa D´Ouro Pousada, ficamos no loft recém-inaugurado, com duas suítes onde é possível cada casal ficar na sua intimidade.

O atendimento é excelente, bem mineiro, atencioso, mas a pousada precisa melhorar, por exemplo: não foi reposto água nas geladeiras, tanto do térreo, quanto do andar superior.

A pousada é bacana, você se sente em uma fazenda, especialmente na hora do farto café da manhã, do caldo servido à noite, ou quando servido um almoço simples, mas caprichado feito as 15hs para matar os esfomeados que acabavam de chegar.

O loft apesar de novinho, apresentou problemas imperdoáveis. A suíte de baixo conta com uma minicozinha e a do andar superior conta com uma banheira de hidro.

No domingo, após um longo passeio por Bichinho (falo daqui a pouco), fui tomar um banho de hidro e eis que a suíte do térreo ficou inundado, foi aquela correria, para salvar os pertences do Marcelo e sua esposa que ficaram com os capacetes encharcados, já que estavam na bancada, exatamente onde virou uma cascata.

Depois minha esposa foi secar o cabelo, pegou o secador na recepção que não entregou junto o adaptador da tomada, para depois, ainda, descobrir que a tomada do banheiro, a mesma da banheira, não funcionava.

Tirando esses contratempos, a estadia valeu, não é caro, mas também o serviço não merece ser cobrado no importe de 10%, com exceção do excelente almoço servido na nossa chegada. 

A cidade

Tiradentes é pequena, o centro onde é repleto de história, de botecos, cafés e restaurantes tem pavimento do século XVIII, portanto, uma dica: deixa a moto ou o carro no hotel e vá de táxi e ande pela cidade.

Digo isso, porque fiquei pasmo com a quantidade de gente, talvez doente, que fica andando com o carro em círculos pela pequena Tiradentes.

Além de acabar com o carro, não aproveita o melhor da cidade.

Na noite de sábado, como tínhamos almoçado tarde, paramos para beber e petiscar no Sapore D´Itália, dica do amigo de Facebook Omar Boucherville que mora em São João del Rei. O chopp é bem gelado e tirado, a pinga, que não lembro o nome, segundo o garçom ganhou prêmios de 2ª melhor do Brasil, realmente é uma delícia e a porção de batata frita com cheddar pode servir mais de 4 pessoas tranquilamente. O atendimento é bom, todavia, o ponto negativo ficou quando pedimos café para mim, o chopp “saideira” para o Marcelo e a conta: chegou a conta primeiro!

Bichinho

No domingo fomos para a cidade de Bichinho a 8km de Tiradentes, vilarejo que pertence a cidade de Prados cujo destaques além da igreja de 1732 são as inúmeras lojas de artesanato.

Deixamos as motos no começo da cidade e andamos, mais fácil para a mulherada ver tudo e melhor para as motos, pois a rua de cascalho é igual de Tiradentes: horrível para andar!

Após 13.844 passos, paramos no boteco Atellier da Cerveja que fabrica uma cerveja artesanal muito boa, tão boa que os proprietários têm dó de vender. 

Para acompanhar a cerveja o Marcelo com a esposa ficou no Salsichão Artesanal prato composto por dois salsichões, sendo um apimentado, com molhos e eu com minha esposa fomos no Escondidinho de carne seca, simplesmente divino, vide as fotos:

A cerveja tem o nome que tem tudo a ver com a região, especialmente para nós paulistas acostumados com o ritmo frenético de São Paulo, queremos tudo na hora, mas temos que aproveitar o tempo e saber que fora da metrópole, tudo deve ser mais calmo ou na mais santa “carma”.

Voltando para Tiradentes, paramos no Museu de Carros Antigos, que tem um restaurante, mas a parada foi só para fotos.

E pudemos ver uma raridade: uma Cagiva de 200cc, motor 4 tempos, 1 cilindro, comando OHC que segundo informações era montada em Caxias do Sul pela Agrale. Motor não era Ducati e sim da própria Agrale.  

Tiradentes

De volta para Tiradentes, rumamos para a pousada para um descanso e sair para jantar, quando houve todo o problema com a banheira da suíte.

Mesmo sem descanso, fomos jantar no restaurante Tragaluz, simplesmente sensacional. Vale a pena!

Vale a pena pelo clima, pelo ar romântico, pela boa comida, pelo vinho português da região de Douro que pode ser adquirido por taça.

Fiquei no bife ancho que foi um dos melhores que já comi na minha vida, muito suculento, servido na medida. E o Marcelo com a esposa ficaram na salada e na galinha de angola, uma iguaria que ele adorou. 

O dia da volta

Segunda-feira, 7 de setembro é o dia de voltar. Certo? Errado ou mais ou menos.

Antes de rumarmos para São Paulo, andamos muito por Tiradentes, mas sem parar para entrar em museus e todas as igrejas. Resolvemos fazer o passeio de trem entre São João del Rei e Tiradentes. No sábado estava esgotado, com a cidade lotada. Pagamos R$ 90 por cabeça e fomos com a Agência de Turismo Estrada Real. Parece caro, mas não é! A passagem ida e volta sai por R$ 56, você precisa pegar fila, contar com sorte de não esgotar.

A agência de turismo cuida de tudo para você. A questão que mesmo na segunda-feira, estava tudo esgotado saindo de Tiradentes, então fomos para São João del Rei de van e voltamos de trem.

Em São João del Rei fomos na igreja São Francisco de Assis, única da cidade com as obras de Aleijadinho e que nos fundos tem um cemitério onde estão sepultados Tancredo Neves e sua esposa Risoleta Neves.

O legal de ir com guia turístico é você visitar os principais atrativos da cidade e ouvir as histórias.

Ainda visitamos a rua das casas tortas, mesma rua onde fica a residência de Tancredo Neves, a fábrica FAEMAM que fabrica estanhos, onde se mostra o processo de manufatura, mas as peças são caríssimas.

De volta para Tiradentes de trem, almoçamos no Mandalun no Largo das Forras nº 88, onde se come bem e gasta pouco. O feijão tropeiro estou com vontade de voltar para me fartar novamente.

De bucho cheio, a vontade era fazer a sesta, mas precisávamos voltar para São Paulo e seria um abuso, já que a pousada gentilmente nos deixou sair mais tarde sem custos.

Rumamos para São Paulo que depois de sair do Estado de Minas Gerais, foi embaixo de chuva e no corredor quase que o tempo todo.

Homenagem a cortesia mineira

Por fim, não poderia deixar de prestar uma homenagem a cortesia mineira. Em Tiradentes parei no posto para bater uma água na moto para fazer as fotos, o frentista falou que não era possível e me mandou atrás do posto, onde um rapaz lavava sua moto, me pareceu que era sua casa.

Eis que o rapaz, de nome Willian não deixou eu bater água na moto, ele quis lava-la e o fez.

Coisas inexplicáveis nos dias de hoje.

Valeu parceiro!!! E mais uma vez meu muito obrigado.

Tiradentes é daquelas cidades que podemos voltar uma centena de vezes que sempre terá algo diferente para fazer, não sendo necessário fazer romaria nos pontos históricos.

Tiradentes vale pela hospitalidade mineira, passear a pé, comer e beber, especialmente beber e eis a vantagem de deixar o carro ou a moto na pousada ou hotel. Afinal as pingas ou destilados da região é um caso à parte acompanhado com linguiças artesanais e torresmos.

Sobre a Kawasaki ER-6

O modelo não é novidade, chegou ao Brasil em 2009, sofreu um “facelift” em 2012 e você já deve ter lido vários testes.

É uma moto tanto para experientes como aqueles menos experientes que estão deixando a 250 ou 300 cc.

Então isso aqui não é um teste, mas um testemunho de quem já andou com praticamente todos os modelos atuais oferecidos hoje no mercado brasileiro.

Rodo com a Kawasaki ER-6 desde seu lançamento em 2009, mas não tinha tido a oportunidade de fazer uma longa viagem, só trechos curtos em estradas, nada acima de 200km com bagagem e garupa e muita utilização na cidade.

Sinceramente, fiquei surpreso!

Muitas indagações vêm à mente.

Sabe quando você só pode ter uma moto para o dia a dia e vez ou outra viajar?

Por que gastar mais em um 4 cilindros se você pode ter um 2 cilindros versátil que não vai te deixar na mão mesmo para acompanhar outras grandes máquinas?

Nessa viagem deu conta do recado, fui com a exigente esposa, acostumada em viajar em BigTrail, mas que em momento algum reclamou do conforto proporcionado pela ER-6, mesmo levando uma mochila nas costas.

A ER-6 propicia bom conforto começando pelo banco bi-partido em com boa dose de espuma que não deixa ´piloto e garupa com seus, respectivos, traseiros quadrados. O piloto vai em uma posição natural com braços relaxados, pernas bem encaixadas no tanque, pés levemente recuados nas pedaleiras e o melhor, sendo possível colocar ambos os pés no chão. A garupa conta com alças de alumínio, que segundo minha esposa estão no lugar certo.

A ER-6 com piloto, garupa com mochila nas costas e mala de tanque foi surpreendente na estrada.

Surpreendente porque andou bem quando exigida, nas várias ultrapassagens nas pistas simples de Minas Gerais, descia para 5ª ou 4ª e sobrava moto.

O motor enchia rápido sem vibrações incomodas para os pés e punhos, não há distorção nos retrovisores, aliás, não dá para falar em vibrações, o trabalho desenvolvido pela engenharia da Kawasaki está de parabéns, porque o que se sente é o pulsar delicioso de um motor bicilindrico que oferece performance na hora de acelerar e economia na hora de abastecer. A ausência de vibração se deve aos coxins de borracha na fixação traseira do motor, no guidão, nos punhos, espelhos retrovisores e nas pedaleiras do piloto e garupa. A performance a um motor com torque e potência na medida certa, aliado a um câmbio macio e bem escalonado.

Sua ciclística propicia uma tocada gostosa, com a moto sempre à mão, mesmo nos trechos de curvas e como tem curva na Estrada Real rumo a Tiradentes.

Para parar, na dianteira duplo discos com 300mm e na traseira disco simples, ambos, em formato de pétala e com sistema ABS. Faça um investimento pouco maior e opte pelo modelo com freios ABS.

Poderia aqui enaltecer mais uma série de vantagens da Kawasaki ER-6, a questão amigo leitor é que, com o que é oferecido no mercado, façamos uma rápida análise pensando no bolso:

- 4 cilindros é caro para manter e a ER-6 acompanha bem em qualquer viagens, além de beber menos, economia que reflete no bolso;

- comparar com possíveis concorrentes é uma heresia, na boa, não dá para comparar com a Honda CB500 que falta muita performance, o acabamento é simples demais e não oferece status, o mais barato ou até o mesmo preço não compensa e com a Suzuki Gladius que falta performance e conforto, é muito dura e em uma viagem sozinho de 300Km, fiquei quebrado.

Portanto, se você fizer uma análise criteriosa unindo razão com emoção, não tenho dúvida que o resultado será uma Kawasaki ER-6, lembrando que no presente há interessantes promoções.

Mais detalhes e ficha técnica 

André Garcia é Palestrante & Consultor de Segurança de Trânsito, Motociclista, Advogado especializado em Gestão e Direito de Trânsito, Instrutor de Pilotagem formado pela Yamaha e Honda, Jornalista especializado no setor de duas rodas, colaborou com Motonline, Best Riders, Revista Moto! sempre criticando e formando opinião sobre  Segurança & Legislação focado em motocicleta, laureado com os Prêmios ABRACICLO de Jornalismo 2008 – Destaque em Internet e 2013 – Vencedor na categoria Revista, Homenageado pelo Dia Internacional do Motociclista em 09/08/2013 pela Câmara Municipal de São Paulo e Associação Comercial de São Paulo com o Troféu “Marco do Paz” destinado a quem se destaca em trabalhos de ação social e pela construção da cultura de paz no mundo, atualmente é colunista colaborador de segurança de trânsito nas revistas e sites MOTO.com.br, Perkons, ANFAMOTO e CIPA.

Fotos: Marcelo Matrone

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