Relato: A curva do batateiro

Cinco motos, cinco amigos e um plantador de batatas no meio do caminho.

Por Adilson

J. Mauricio

Era mais um GP de Motociclismo no Rio de Janeiro. Tradicionalmente juntávamos uma pequena turma que gostava de acelerar nas curvas e partíamos. Não pela Dutra, mas pelas estradinhas cheias de curvas que nos levam a Tiradentes (MG) e de lá pela maravilhosa BR-040 até o Rio de Janeiro (RJ).

Era sempre a mesma coisa, 1.000 km de pura adrenalina, só de ida! Desta vez fomos em num grupo de apenas cinco amigos. Não vou citar os nomes, mas as motos que pilotávamos eram: Uma BMW R1150GS, uma Yamaha Supertenéré 750, uma Honda CBR 900RR, uma Suzuki Bandit 1200 e eu de Honda CBR 1000F.

Saímos pela Rodovia dos Trabalhadores, depois a Carvalho Pinto, um trecho de Dutra até Cachoeira Paulista e a partir daí a alegria começava! As curvas! Subida da Santa Serra que nos leva a Pouso Alto, depois Caxambu, Baependi e curva atrás de curva!

Seguíamos pelo trecho entre Cruzília e Minduri, a BMW na frente, a Supertenéré em segundo, eu logo atrás e os outros dois nos seguindo. Adiante uma curva cega para a esquerda, com fileiras de eucaliptos aos lados. Vi a BMW deitar para a esquerda e sumir dentro da curva, em seguida entrou também a Supertenéré, feliz da vida eu puxei o pé esquerdo para trás e deixei só a ponta da bota na pedaleira e comecei a deitar a CBR, caprichando na curva.

No meio dela se apresenta aquela cena! E eu pensei: “Hi, agora ferrou tudo!” A situação era a seguinte: Um mar de lama ocupando toda a pista, a BMW seguia lá adiante, a Supertenéré deslizando de lado e o piloto rolando.

É claro que não deu para pensar, mas minha primeira reação foi não atropelar o piloto que rolava no chão, passei ao lado dele, depois firmando parte do peso nas pedaleiras, fui com a ponta do indicador direito cutucando o freio bem de leve e com o outro na embreagem esperando qualquer reação da traseira, pensando: “Estou passando, vai dar, não vou cair, estou passando, não vou cair, não vou cair..."

Mas, a moto caída deslizava saindo pela tangente da curva e acabou por bater na minha e me derrubar também! Fui parar dentro do mato e logo a seguir escutei o outro que caiu gritar: “Você ta legal? Você ta legal?”. Saí do mato engatinhando e me juntei ao outro acidentado para levantarmos as motos (é sempre essa a primeira preocupação). Estávamos cobertos de lama da cabeça aos pés.

Saldo do tombo: Eu estava legal, o outro estava com pequenos ralados superficiais e um dedo mindinho do pé quebrado. Depois do falatório e da checagem nas motos, dava para continuar. Paramos no primeiro posto e no box de lavagem pedimos para o lavador mandar a wap na gente e nas motos para tirar aquela lama.
 
Contando o ocorrido ao pessoal do posto, eles nos disseram: “Isso acontece sempre nessa curva! É um plantador de batatas que liga um irrigador lá em cima do morro e a lama desce para a estrada! Toda vez que a lama enche a curva, alguém roda! Há pouco parou um carro aqui que rodou também. Maldito batateiro!!

O “motonauta” J. Mauricio participou do Moto Repórter, canal de jornalismo participativo do MOTO.com.br. Para mandar sua notícia, clique aqui.


Fonte:
Moto Repórter

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