Parada & Sandra na Rota 66

Amigo motociclista conta sua viagem de 45 dias pelos Estados Unidos, Canadá e Ilhas Cayman.

Por Roberto Brandão

Wanderley Peres Parada

Amigos motociclistas estou abrindo esse diário para registrar a viagem que eu e a minha mulher Sandra fizemos pelos Estados Unidos, Canadá e Ilhas Cayman, a partir de 14 de agosto, até primeiro de outubro de 2009. Foram 45 dias.

Em 2007 fomos até Macchu Picchu (Cuzco) de moto. Foram 13.000 km em 31 dias. Em 2008 nós invadimos o Velho Mundo. Espanha, França e Portugal. Foram 11.000 km em 40 dias. Em 2009 rodamos pelo Novo Mundo. Estados Unidos, Canadá e Ilhas Cayman em uma Harley, Electra Glide. Foram 18.000 km em 45 dias.

Vocês estão convidados a viajar com a gente. Boa viagem a todos nós.

Para essa viagem não traçamos um grande roteiro. Sabíamos apenas que pegaríamos a moto em Miami ou Orlando e rumaríamos em direção a Los Angeles para dali começarmos a viagem através da Rota 66 e Canadá.
Não reservamos moto nem hotéis para o decorrer da viagem. Não há necessidade. Existem várias redes por todo EUA.
Apenas reservamos hotel para os dois primeiros e os dois últimos dias da viagem em Orlando.
Nas Ilhas Cayman ficamos na casa do meu filho Alan.

Pra quem não conhece o mapa dos EUA, ele é meio retangular. Imagine a tampa de uma caixa de sapato. Saímos de moto de Miami, fomos até Los Angeles e depois fomos em direção a Chicago. Pensando na tampa da caixa de sapato, seria como se tivéssemos saído do canto inferior direito em direção ao canto inferior esquerdo e depois fomos em direção ao canto superior direito, em uma diagonal deliciosa através da Rota 66. Original e historicamente a Rota 66 é feita de Chicago a Los Angeles, ao contrario do que fizemos. Essa opção foi tomada tendo em vista a nossa vontade de deixar o Canadá, Chicago, Nova York, Hollywood.... para o final da viagem.

Sendo assim, cruzamos com os Harleyros o tempo todo, e TODOS eles nos cumprimentavam. Não tem um motociclista que te cruze na estrada que não te cumprimente. Não importa se o cara esta de 125 (raro ver) ou de 1000. É o espírito do motociclismo.

ROTEIRO DA VIAGEM. DE 15/08 A 01/10/2009.

ORLANDO / MIAMI / ORLANDO / LAKE CITY / TALAHASSEE / PENSACOLA / NEW ORLEANS / BATON ROUGE / BEAUMONT / HOUSTON / SAN ANTONIO / AUSTIN / DALLAS / MIDLAND / JUÁRES / TUCSON / PHOENIX / RIVERSIDE / LOS ANGELES / -  início da Rota 66 - /  SANTA MONICA / BARSTOW / LAS VEGAS / GRAND CANYON / NEEDLES / OATMAN /  KINGMAN /  FLAGSTAFF / FLORESTA PETRIFICADA / ALBUQUERQUE / SANTA FÉ / AMARILLO / OKLAHOMACITY / TULSA / JOPLIN / SPRINGFIELD / ST LOUIS / CHICAGO / – fim da Rota 66 - / DETROIT -  entramos no Canadá –  WINDSOR / TORONTO / KINGSTON / OTTAWA / MONTREAL / TROIS RIVIÉRES / QUEBEC / - voltamos para os EUA -  CONCORD / BOSTON / RHODE ISLAND / NEW YORK / LONG BEACH / ATLANTIC CITY / WASHINGTON / RICHMOND / VIRGINIA BEACH / ATLANTA / COLUMBIA / CHARLESTON /  JACKSONVILLE /
DAYTONA BEACH / ORLANDO / TITUSVILLE / PALM BEACH / FORT LAUDERDALE / MIAMI / ILHAS CAYMAN / MIAMI / KEY WEST (km Zero dos EUA).


Total da viagem:

18.209 km rodados de moto.
3.000 km rodados de carros.
300 km rodados de Burgman125 em Key West
25 Estados percorridos.
3 Países visitados: EUA, Canadá e Ilhas Cayman.
45 dias na estrada.
3.000 fotos batidas.
R$ 30.000,00 gastos aproximadamente.


Despesas:

Hospedagem: U$ 90,00 dia X 45 dias = U$ 4.050,00 X 1,78 = R$ 7.209,00
Alimentação: U$ 130,00 dia X 45 dias = U$ 5.850,00 X 1,78 = R$ 10.413,00
Passagens aéreas: R$3.000,00
Aluguel da moto: R$ 7.500,00
Total aproximado sem as compras e besteiradas: R$ 28.000,00


Dicas:

Não há necessidade de reservar a moto pois tem várias locadoras e vários modelos a escolha.
Não há necessidade de reservar hotel pois existem varias redes espalhadas pelos EUA inteiro como as redes Holliday Inn, Best Western, Days Inn, Econo Lodge, La Quinta.....
Não há a menor preocupação com abastecimento pois postos de gasolina é o que não falta nos EUA.
Passa-se o tempo todo comendo “tranqueiras”. Não há o costume de se comer os pratos tradicionais como aqui no Brasil. Arros, feijão, bife, batata frita com salada.
A gentileza a cordialidade e a educação daquele povo é algo impressionante. Eles fazem tudo para te agradar, te ajudar.
Não pense em beber na rua. Se for pego é aborrecimento na certa.
Não pense em fumar em qualquer lugar fechado. Se for pego é aborrecimento na certa também.
Compre mapas e estude-os para não perder tempo perdido.
Compre um GPS que vai te ajudar muito, principalmente na localização de pontos de interesse como hotéis, bares, postos de combustível.......
Compre um mini note book com wire-less para acessar a net e descarregar fotos.
Leve o mínimo possível. Compre tudo lá. Saímos do Brasil com (só) uma pequena mochila para os dois e voltamos com 3 malas enormes e duas mochilas abarrotadas.
Não há necessidade de levar muitos dólares. Apenas “todos” os cartões que tiver. Você faz compras e saca U$ com eles.
Pesquise a temperatura da época que deseja ir para não errar nas vestimentas.


As varias facetas da Rota 66.

Em alguns momentos ela é uma grande AVENIDA de uma cidade grande, em outros ela é uma ESTRADA COMUM, depois se transforma em um RASGO NO DESERTO com asfalto precário e em seguida numa AUTO ESTRADA (highway). De vez em quando ela vira uma TRILHA e depois se transforma numa estrada de RÍPIO, só pedras soltas. Sem contar as várias vezes que ela simplesmente acaba, desaparece. Teve até uma placa enorme bem no meio dela que impedia a passagem de carros e que dizia "ESTRADA BLOQUEADA", mas não dei bola, passei pelo canto e fui por ela mesmo. Estava detonada naquele trecho. Sofremos um pouco com a suspensão da Harley que não foi projetada para isso.

ROTA 66

18/9/2009.
 
Chegamos a Orlando num domingo (18/9) e pegamos o carro no aeroporto. Reservei um Mazda, mas antes de pegar o carro pedi o "CARDÁPIO" e por uns dólares a mais resolvemos pegar um Subaru Impreza WRX, aquele que compete nos rallies internacionais. Tração integral, piloto automático, um excelente sistema de som, cambio sequencial com opção "SPORT". Com 300 Km rodados ganho uma escolta policial e a primeira multa de US$ 266,00 por excesso de velocidade.

Em Orlando procuramos a moto para alugar, mas não encontramos a HD Electra Glide que queríamos. No dia seguinte fomos para Miami (400 km em dois dias) com uma paradinhas em Cocoa Beach (onde tem a maior loja de surf do mundo), Fort Lauderdale, Palm Beach e Boca Ratom.

A caminho de Miami, em Stuart, tem uma loja da Harley, a Eagle Riders, onde encontramos a moto que queríamos.
Seguimos para Miami e procuramos a moto lá também. Preferimos alugar a moto em Stuart. Ficamos em Miami dois dias e voltamos para Stuart.

Pegamos uma Harley 2009 com 1700 km de uso. Zeradinha e com um baita som. Disqueteira com 6 cd’s. Saímos de lá escutando Pink Floyd, (The dark side of de moon) no “talo”. Na Florida não precisa usar capacete. A Sandra foi pilotando o carro até Orlando e eu a moto. Fomos devolver o carro para comerçarmos a nossa viagem.

Com a moto na mão e o carro devolvido, antes de sairmos de Orlando passamos em uma loja de artigos motociclisticos e fizemos umas 'comprinhas'. Botas, capacetes, luvas, calças, jaquetas, intercomunicadores para os capacetes..... Já saímos de lá usando o “material de trabalho”.

De Orlando fomos em direção a Talahassee (capital da Flórida). Uma das coisas mais loucas “de todas as nossas viagens” foi a chegada em Talahasse. Chegamos num fim de tarde com um dos mais chocantes por de sol que já vimos. O céu parecia estar pegando fogo de tão vermelho que estava. Baixei a velocidade para 80 por hora depois 60 e aumentei o som da moto. Estava tocando um blues da pesada. Trilha sonora perfeita para a ocasião. Não dava para correr. Foi emocionante. De molhar os olhos e questionar se eu merecia aquilo tudo. Talahasse é muito interessante com barzinhos incríveis.
 
Saímos de Talahasse fomos para Pensacola que é uma cidade que te remete ao far-west pelo estilo das construções.
De Pensacola fomos para New Orleans, da famosa Rua  Bourbon Street. Só tem pirados e os bares mais loucos do mundo. Tem shows excelentes toda hora do dia, em quase todos os bares. Cada bar e mais transado que o outro. É só entrar, sentar e ver o show.

Entramos em um bar todo forrado de notas de dinheiro do mundo todo. Fiquei amigo do dono e dei uma nota do Brasil para ele grampear na parede.

De New Orleans fomos em direção a Houston e ficamos em uma cidade chamada Kerrville. Essas cidades do interior dos EUA são muito bem cuidadas. A cidade pode ser pequena, mas as ruas são largas e muito arborizadas. De Kerville passamos por El Passo (cidade de fronteira com o México) e seguimos para Willcox a caminho de Tucson, Phoenix, Long Beach e finalmente Los Angeles. Para chegarmos a Los Angeles atravessamos o deserto de Sonora no Arizona e passamos o maior calor das nossas vidas. O meu relógio marcou 59,9º C no sol. Descobri que o limite do relógio é de 59,9 graus C.

Depois daquele calor do deserto chegamos a Santa Mônica, no famoso “Píer de Santa Mônica” onde começaria a Rota 66 para nós. Quem vem de Chicago termina em Los Angeles. Quem vai para Chicago, começa em Los Angeles como foi o nosso caso. Los Angeles é uma cidade litorânea muito interessante. Tem um calçadão onde tudo acontece e o famoso “Píer de Santa Mônica” cheio de atrações e comidinhas.

Partimos de Santa Mônica (21/8) já pela Rota 66 até a 1ª cidade da Rota, Barstow. Desviamos em direção a Las Vegas e passamos dois dias lá. OBS.: Em Las Vegas dá para alugar uma Porsche por U$ 370.00 por dia, uma Ferrari por U$ 550.00, ou uma Lambo por U$ 1.350.00. Pra matar a vontade vale a pena, mas "ONDE ACELERAR ESSAS BARATAS"? Só se eu alugasse o autódromo por U$ 400.00 por 6 horas. E não estaria sozinho. Legal que daria pra tirar uns rachas com os malucos da região.
 
De Las Vegas retomamos à Rota 66 a partir de Nedlles, uma típica cidade do interior americano preservado pelo tempo.
De Nedlles seguimos em direção a Williams através do escaldante e lindo Deserto de Mojave com uma parada no famoso Bagdá Café para comermos o não menos famoso hambúrguer de búfalo chamado de Jack Palance. O bar continua o mesmo da época dos filmes de Far-West (Bagdá Café foi filmado lá), uma zona total.

Williams é uma pacata cidade onde a hospedagem só é possível nos pequenos “bed and breakfast”. Ficamos num típico, o Canyon Coutry Inn. A cidade se resume a uma rua com umas seis quadras, que é a Rota 66, onde todos os estabelecimentos te remetem imediatamente ao velho oeste. Sallons, bares, cafeterias, tudo como antigamente.
Williams é a porta de entrada para o Grand Canyon. Um dos pontos altos da viagem. Nem sei como descrever AQUILO. Foi uma das paisagens mais espetaculares que já vimos. Deu pra perceber como somos pequenos. Abismos e platôs imensuráveis no tamanho e na quantidade.

Saímos do Grand Canyon em direção a Flagsttaf e dormimos em uma cidade chamada Willbrow com uma super população de 21 pessoas.
 
Passamos por Mesita, um povoado indígena, onde é totalmente proibido fazer fotos, e os índios nem gostam que "homem branco" entre lá. Acabei caindo lá dentro por ter me perdido na saída. Muita tensão. Fomos seguidos e antes de virarmos sopa em um grande caldeirão, caímos fora de lá.

Já tinham nos mandado evitar aquela região, mas cabra macho como eu, não deixa passar a oportunidade uma boa encrenca.

De Wilbrow fomos em direção a Kingman e Flagsttaf. Flagsttaf é uma pequena cidade encantadora. Cheia de Pubs. Cada um mais transado que o outro. Da vontade de ficar um mês e conhecer um por noite.

Estamos andando na Rota 66 a quatro dias, e cada lugar que passamos temos uma surpresa diferente. Cada cidade, por menor que seja, faz alguma coisa para te encantar. A tradição da Rota 66 é o principal tema a ser preservado. Encontra-se de tudo que aconteceu lá, num passado nem tão distante assim. Mas o povo faz questão de não deixar morrer essa historia. Tudo é preservado com muito carinho. Eles amam tudo aquilo, e não escondem nada. A hospitalidade e a educação do povo americano é uma coisa impressionante. A educação deles no transito é uma coisa que não existe em nenhum outro lugar do mundo que já visitamos. Até agora não usei a buzina da Harley nenhuma vez. Nesse ponto TEMOS MUITO QUE APRENDER COM ELES.
 
De Flagsttaf fomos em direção a Gallup onde ficamos hospedados em um hotel temático da Rota 66, o famoso “El Rancho”.  Todos os apartamentos têm nome de artistas famosos do passado que se hospedaram aqui. Fotos autografadas por esses artistas espalhadas por todo o hotel que foi construído no inicio do século passado originariamente como o rancho de um milionário.

Entre Flagsttaf e Galup visitamos a Floresta Petrificada onde se vê muitas árvores tombadas que viraram pedra e com idade na casa dos milhões de anos.

Alguns km depois visitamos a cratera de um meteorito que caiu na terra há 50.000 anos e formou uma cratera com 2 km de diâmetro. Existe um museu no local contando toda a história desse meteorito.
 
De Galup partimos em direção a Albuquerque, uma das poucas cidades grandes da Rota 66.
Em Albuquerque tínhamos acabado de almoçar e estávamos sentados em um banco na porta do restaurante quando passa uma senhora de uns 80 anos aproximadamente, caminhar lento, cabelos branquinhos, bengalinha na mão e, numa voz quase inaudível, nos fala assim: OBRIGADO POR USAREM OS SEUS CAPACETES. E continuou caminhando sem mostrar nenhuma expressão facial e sem parar.
Antes de Albuquerque passamos por Oatman, uma cidade de três quadras onde se tem a impressão de estarmos em uma cidade do velho oeste há 100 anos atrás. Presenciamos até a encenação de um duelo.

Após sairmos de Albuquerque demos uma “esticada” até Santa Fé, a capital americana das estradas de ferro, que ainda faz jus ao nome, tamanha a concentração de linhas férreas. Uma cidade antiga, mas “novinha” de tão bem preservada que é. A próxima cidade seria Amarillo no Texas, outra cidade “grande”.

Próximo a Amarillo está Texola, uma das “cidades fantasmas” que se encontra pelo caminho. Elas são no mínimo muito curiosas. Vêem-se casas lindas com carros relativamente novos parados na porta, motos, tratores, barcos, trailers e até aviões. Tudo abandonado. Entramos nessas cidades e não se encontramos ninguém.


Alguns km antes de Amarillo está Adrian, uma cidade que fica exatamente no meio da Rota 66. Adrian fica a 1139 milhas de Los Angeles e de Chicago, bem no meio entre as duas pontas da Rota 66.
Nessa região encontram-se os campos petrolíferos com muitos “pica-paus” extraindo petróleo do solo.

Uma rapidinha: estávamos parados em um posto de estrada no Texas e nesse momento encosta um Mustang todo tunado. Pintura maneira, rodão, aerofólio, filme bem escuro, antena de teto, adesivos de boy....... De dentro desse avião sai um policial e entra no posto. Pensei, o cara esta deixando o serviço e pegou o "seu" carro para ir para casa. Curioso, me aproximei para ver aquela maquina por dentro. Quase tive um infarto. Aquela “coisa” nada mais era do que uma "VIATURA POLICIAL" com um monte de rádios, radar, talão de multas (velho conhecido, trouxe uns exemplares), farolete, sirene, giroflex ...... ISSO E' UMA SACANAGEM. Fiquei "meio" cabreiro. NÃO DÁ PRA CONFIAR NEM NA POLÍCIA

Partindo de Amarillo em direção a Oklahoma City encontramos duas atrações imperdíveis. Uma delas é o Cadillac Ranch, onde estão parcialmente enterrados 10 Cadillacs, no mesmo ângulo de inclinação das pirâmides do Egito.


A outra é o Big Texan Steak Ranch, um restaurante temático, onde o grande desafio é comer uma “pequena” refeição composta de arroz, salada, pão e um “pequeno bife” de 2 kg, em no máximo uma hora. O prato custa U$ 75,00 e quem conseguir comê-lo no tempo previsto, não paga nada e ainda tem o seu nome inscrito na Galeria da Fama deles. Pedimos o prato e não conseguimos comer nem a metade.

De Oklahoma City para Springfield passamos por Tulsa e Joplin a capital nacional do ferro velho. A capital da reciclagem. Dormimos em Springfield na expectativa de conhecer Saint Louis no dia seguinte. Saint Louis é uma cidade moderna que convive muito bem com as lembranças do passado. É como se existisse a nova e a antiga Saint Louis. Vimos prédios moderníssimos ao lado de construções centenárias.

De Saint Louis partimos para a parte final da viagem pela Rota 66 que terminaria em Chicago. Para nós ainda seria a metade da viagem, pois ainda entraríamos no Canadá e voltaríamos para Miami por toda a Costa Leste. Entre Saint Louis e Chicago fica a “Esquina da Rota 66”. É a única estrada no mundo que faz esquina com ela mesma. Ela “cruza” com ela mesma. A chegada a Chicago foi triunfal. Fomos entrando na cidade e vendo os magníficos prédios da cidade, reencontrando o trânsito, e chegando à esquina da Rota 66 com a Michigan Avenue, Km zero da Rota 66, ou seja, metro zero da Rota 66.

Ficamos 3 dias em Chicago e fizemos o passeio de barco pelos canais de Chicago cercados por magníficos arranha-céus. Subimos no observatório de Chicago, o Skyline de onde se toda a cidade e muito mais. Comemos o melhor Cachorro Quente dos EUA em Chicago em um restaurante que mais parece um museu pelo número de coisas que tem lá dentro.

Encerrada essa parte da viagem partimos em direção a Detroit para, por lá, entrarmos no Canadá.
Saímos de Chicago de manhã e antes de pegarmos a estrada fomos tomar o famoso café da manhã no não menos famoso Lou Mitchell’s, ponto de partida para todos que vão fazer a Rota 66. A Turma passa ali, toma o cafézão e cai na estrada. Chegamos à noite em Detroit. Começamos a procurar hotel pelo GPS. Acabamos indo em direção a uma ponte que dizia "Ambassador Bridge - ponte para o Canadá". Achamos que era um bairro de Detroit com esse nome. Chegamos à ponte e descobrimos que do outro lado ERA MESMO O PAÍS CANADÁ . Olhamos um para o outro e falamos; bora lá, vamos ver no que vai dar. Estávamos apreensivos quanto à entrada no Canadá, pois nos disseram que com moto alugada não seria possível entrar lá.

Atravessamos a ponte paramos na aduana e o federal que nos atendeu sequer pediu os documentos da moto. Pediu apenas os passaportes com os vistos. Moral da estória; ENTRAMOS NO CANADA SEM A MENOR BUROCRACIA.

Entramos pela cidade de Windsor, distante 200 milhas de Toronto. Nem acreditamos que foi tão fácil assim
No dia seguinte visitamos as Cataratas do Niagara Falls. São lindas, sem duvida, mas nossas Cataratas do Iguaçu dão de 10 a zero na Niagara Falls. Temos muito mais quedas (Niagara só tem dois) e muito mais volume de água. Acontece que os americanos exploram muito bem qualquer coisa que possa ter algum interesse público. Por menor que seja o atrativo, lá vira um grande acontecimento.

De Niagara rumamos para Toronto onde subimos no mais alto observatório do mundo, o Sky Pod, com 143 andares.
De Toronto fomos conhecer a linda cidade de Trois Riviere com suas ruas e construções impecavelmente bem conservadas. Seguimos para Ottawa, Montreal e Quebec, para depois voltarmos para os EUA por Concord e Boston.

Na descida para Miami pela costa leste, paramos quatro dias em Nova York e conhecemos uma boa parte da cidade. Fomos ao Central Park, subimos na Estátua da Liberdade, subimos na torre do Empire States, assistimos o musical “Chicago” na Broadway. Visitamos o lugar onde estavam as Torres Gêmeas e o museu anexo. Fomos conhecer o Edifício Dakota, onde foi baleado John Lenon. Yoko Ono ainda mora lá. Em Nova York cabem vários países.

Depois de curtir quatro dias em NY fomos descendo calmamente em direção a Orlando, passando por Philadelphia, Atlantic City, Baltimore, Washington, Richmond, Norfolk. De Norfolk fomos direto até Jacksonville. Foi o “tiro” mais longo da viagem com 720 km em um único dia. Sem problema, pois a Harley não tem banco, ela tem “poltrona”. E a posição de dirigir é super confortável.

De Jacksonville até Orlando foram só 280 km, mas demoramos dois dias para completá-los, pois no caminho ainda tinha Daytona Beach e o Cabo Canaveral para serem conhecidos.
Chegamos a Orlando a noite e já fomos alugar um Honda Civic para podermos devolver a moto no dia seguinte em Stuart.

Devolvemos a moto em Stuart e fomos para Miami pegar um vôo para as Ilhas Cayman, a fim de visitar o meu filho Alan, que mora lá. Das Ilhas Cayman pegamos um vôo de volta a Miami.

De Miami fomos conhecer Key West que fica a 400 km de Biscayne (a pontinha dos EUA). São quase 400 km de pontes interligando 42 ilhas. Key West é o Km zero dos EUA. Fica a 144 km de Cuba em linha reta. Uma cidade alegre e cercada de belas praias por todos os lados. Alugamos uma Burgman 125 e conhecemos a ilha toda. Muitos bares transadíssimos com cerveja gelada em fartura.

De Miami pegamos um avião de volta para o Brasil, já pensando na próxima viagem.

Sobre a Rota 66 o que podemos dizer e que as paisagens são fantásticas. Andar no meio de um deserto, com as montanhas nas laterais há pelo menos 10 km de distancia dos lados esquerdo e direito, é inesquecível. Parece que se está em outro planeta.

É muito difícil fazer a Rota 66 TODA como nós fizemos, pois de vez em quando ela simplesmente acaba, desaparece. Então você tem que ficar procurando, voltando, pedindo informações. Só o GPS não adianta. A Rota não consta no mapa do GPS. Por sorte o meu relógio tem uma bússola muito eficiente. Você tem que se guiar pela bússola e pela posição do Sol. Se o Sol está do seu lado esquerdo, ele tem que continuar do lado esquerdo. 

Boa parte dos viajantes quando se perdem, desistem e vão pela Highway (a I 40) e só voltam para a Rota quando acham uma placa indicando “HISTORIC ROUTE-66”. O próprio GPS te manda ir pela highway. Mas nós não admitíamos andar 1 km que não fosse pela Rota 66. Se ela tem 4000 km, nos fizemos 5000 km, mas FIZEMOS TUDO PELA ROTA 66. Quando ela entrava numa cidade, ficava mais difícil ainda. Nem os moradores sabiam informar.

Os Harleiros passavam por nós e ficavam olhando para a NOSSA Harley. So não sei se é por que tínhamos cara de estrangeiros ou se era porque a Harley estava MAIS SUJA DO QUE PAU DE GALINHEIRO com um monte de insetos esmagados na carenagem. E lá todas as Harley estão SEMPRE limpíssimas, reluzentes. Eles não admitem menos do
que isso.

Pelo menos em viagens, MOTO É PARA ME LEVAR, NÃO PARA EU LAVAR.

Comer nos “Restaurantes Familiares” que tem ao longo da Rota é uma boa pedida. Comida boa e barata.

Um grande abraço a todos que torceram por nós.


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

Compartilhe:

Receba notícias de moto.com.br