Moto e Mochila Brasil: pela América Latina de moto, mochila e coragem
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Por Alexandre Ciszewski
Por Alexandre Ciszewski
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Danilo Couto
Há pouco mais de 4 meses comecei o maior projeto de minha vida até agora, o Moto e Mochila Brasil: dar a volta na América Latina de moto, uma Yamaha XTZ 250 Ténéré, , mochila e coragem. A ideia é percorrer todo o litoral brasileiro, subir até o México pelo lado do Oceano Atlântico e descer até o Ushuaia (Argentina) pela costa do Oceano Pacífico.
Além de praias, estou incluindo muitos locais de montanhas, chapadas e capitais interessantes. Estimo fazer mais de 60 mil km em 24 meses. Vai ter praias e chapadas nordestinas, ilhas de mangue, selva amazônica, praias do Caribe, montanhas do Andes, desertos mexicanos, chuvas tropicais, neve do fim do mundo e outras mil paisagens. Fora as infinitas culturas e costumes que vou ter contato.
O resumo de minha história sugere que uma hora eu iria fazer isso. Sou do interior de Rio Claro (interior de São Paulo), me formei publicitário e fiz minha vida em São Paulo, onde trabalhei por 10 anos em agências de publicidade, consultoria de marketing e empreendendo em startups.
Quando fui andar e viver no meio mato na África do Sul, descobri que minha vida não podia ser vivida correndo contra o tempo, parado em filas e respirando ar impuro das grandes cidades. Fui morar na Praia do Rosa (Santa Catarina) onde por três anos tive um hostel e uma vida mais simples e natural, onde recebi e convivi com muita gente, de vários cantos do mundo com várias histórias de vida diferente. Começava a vislumbrar horizontes mais distantes.
Quando perdi meu melhor amigo e vi muitos outros presos na roda do dinheiro, da carreira, da família, dos filhos e do “agora não posso” adiando ou cancelando seus sonhos, percebi que no fundo a única coisa que importa para nossas realizações é a saúde.
Eu não estava velho, cansado ou quebrado, então decidi que eu tinha que sair por aí e conhecer uma parte de um mundo tão grande e desconhecido pra mim. Apesar de ter um negócio promissor e um relacionamento sério, o momento era aquele, o
“agora”.
Saí em março da Praia do Rosa. Emocionado, voltei pra minha cidade natal para planejar o roteiro e me despedir da família e dos amigos. Mais emocionado ainda, parti em 13 de maio. Já faz 4 meses que estou percorrendo todo o litoral do Brasil. Estou agora em Alagoas, sozinho na casa de uma pessoa que eu nunca vi na vida, mas que viu minhas aventuras pela internet e se sentiu confortável e deixar a chave de sua casa pra mim aqui em São Miguel dos Milagres.
Este tipo de encontro é um dos destaques da minha viagem. As pessoas são boas e se sensibilizam com histórias de coragem e humildade. Tudo que eu tenho que fazer é contar um pouco da minha história seja nas redes sociais, na tv, na revista ou nas ruas. Sempre tem gente boa no caminho disposto a ajudar.
Por essa sorte e por necessidade, a hospedagem é grátis. Consigo através do Couchsurfing, “irmãos” de motoclube, voluntariado em hostels e pousadas, casas de “estranhos” que conheço no dia ou é amigo de amigo e, quando nada disso é possível, faço camping selvagem. Já dormi no chão, na árvore, no mato, na praia e também em camas. Já cai, levantei, me perdi, pedi ajuda. Passei por terrenos de risco como praias de maré alta, dunas, rios, lagos, cânions, vales, montanhas e até afundei a moto em areia movediça.
Também arrisquei entrando em favelas, florestas à noite e praias desertas sujeitas a roubos e furtos. Agora evito. Já fiquei em casas de médico, pescador, ator, mergulhador, estudante, engenheiro, mecânico, terapeuta holístico, cantor, pintor, circense, vendedor, programador, fotógrafo, professor, empresário, jornalista, rurais, urbanos, caretas, malucos, hippies etc.
Gente simples, com dinheiro ou famosa e sempre muito interessante, cheio de histórias e com o coração aberto para ajudar, compartilhar, ensinar e permitir que o universo conspire a favor. Ficar na casa das pessoas locais, conhecer seus amigos, seus lugares preferidos e participar de sua rotina é muito mais enriquecedor do que acampar sozinho ou ficar em hostels, mas é fundamental para que eu atinja um outro objetivo desta expedição: descobrir um novo lugar pra eu viver nos próximos anos da minha vida.
Busco um novo lar, seja no Brasil, Costa Rica, México, Colômbia ou Chile. Além disso, estas pessoas são generosas e estão me ajudando a ir mais longe, me fazendo gastar menos. Gasto cerca de R$ 1.000 a R$ 1.500 reais por mês, basicamente com gasolina e alimentação (nesta ordem). Faço esta viagem com o pouco dinheiro que acumulei nos últimos anos de trabalho. O dinheiro vai dar para cerca de 12 meses, o restante eu preciso conseguir na estrada. Planejo trabalhar por onde passar, nos hostels / pousadas, bares e/ ou com marketing digital.
Mas meu maior desejo é conseguir apoio de alguma marca de moto ou peças/acessórios que de alguma forma alivie esta única “preocupação” da viagem e me permita ir mais longe. Se eu conseguir, vou até a Ásia. Não preciso de muito, apenas ajuda com custo de manutenção da moto, reposição de peças e, se sonhar muito for permitido, vales combustível e alimentação. Toda esta experiência tem sido incrível e já me sinto mudado por dentro. Já realizei diversas atividades: esportivas, terapêuticas, intelectuais, identifiquei novas paixões, redescobri vocações antigas e estou entrando numa viagem mais transformadora espiritualmente.
Muita gente fica sabendo desta minha aventura no caminho, através das redes sociais, das ruas, dos noticiários locais - já apareci na tv, rádio, internet (só falta revista) - e me fazem todo tipo de convite. Todo tipo. E este sonho esta apenas começando. Nem imagino o que me aguarda, espero sempre o bem.
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