Marrocos é mágico - Parte Final
Uma visão feminina da aventura que é viajar de moto com dicas e curiosidades do mundo das duas rodas
Por Aladim Lopes Gonçalves
Por Aladim Lopes Gonçalves
Eliana Malizia
Para os que não viram a primeira parte dessa viagem, vale conferir no link: www.moto.com.br/t/76527.html
Não tem como se deslumbrar com o Deserto, chegando lá, crianças nômades, felizes com nossas presença, corriam em nossa direção aos gritos e sorrisos.. Dromedário e tendas dos berberes compondo o cenário, tudo perfeito, paisagem de encher os olhos.
Encontramos algumas regiões com rochas, mas grande parte do Saara é composta por areia. Pilotamos o quadriciclo pelas dunas que são formadas pelas perigosas tempestades de areia. A aventura foi demais, em alguns momentos senti medo, pois as dunas eram bem altas e fiquei sabendo que no deserto cobras e escorpião são bichos comuns por lá. Depois do passeio, fomos visitar uma tenda de nômades, nos serviram chá de menta e de lá assistimos o sol se por atrás das enormes montanhas de areia. Emocionante! Essa hora começou a esfriar bastante e fomos embora. As temperaturas no deserto podem chegar a 50º C durante o dia e –5º C à noite. As dunas começam perto do Alto Atlas e se estendem até zonas mais tropicais mais ao sul. No Alto Atlas, outro lugar que percorremos de moto, só existe vegetação próxima aos pobres rios da região. Mesmo com essas características, o Saara é habitado por tuaregues (povos nômades) e os beduínos (povos que praticam o comércio ambulante).
A cidade é o centro cinematográfico do país, com enormes estúdios. Além das paisagens, outro dos grandes atrativos da área é o sol que brilha por volta de 300 dias por ano.
Muitas produções foram gravadas nesta região, tais como: “Gladiador”, “A Múmia”, “A Última Tentação de Cristo”, “Asterix”, “Babel”, ‘’ O homem que queria ser rei” e outros mais.
Dentro da cidade de longe pude ver a montanha de Atlas coberta de gelo. Apreciando a paisagem fui até o museu do cinema e conhecer mais sobre todas essa produção das filmagens. Ouarzazate é um lugar mais calmo, foi ótimo para descansar, sem contar o hotel que nos hospedamos, era puro luxo, onde os astros se hospedam normalmente.
Dia seguinte chegou, acordar bem cedo e partir para a famosa Cidade, Marraquesh.
Encantadores de serpentes, curandeiros e vendedores ambulantes se misturam e recepcionam os turistas do mundo todo. Logo que coloquei os pés na praça, inesperadamente um macaco pulou sobre meu colo, fiquei encantada e ao mesmo tempo chateada, pois os marroquinos ali, fazem uso dos animais para ganhar dinheiro, e esses macacos ficam presos em correntes. Se tivesse notado antes, não teria dado a “caixinha” que dei pela foto tirada com as serpentes e macacos. Dar caixinha é colaborar com esse abuso, minha dica é olhar de longe e não colaborar com a exploração desses animais. A turma da viagem foi se dispersando e eu parei em um café lá no alto da praça, enquanto bebia meu café, escutava os gritos dos chamados para as orações religiosas, são gritos fortes, altos que mais parecem gemidos de animais. Marrocos para cinco vezes ao dia para as orações sagradas. As 4h da manhã é o primeiro chamado e todas as madrugadas acordei com esses “gritos” que são feitos com a ajuda de alto-falantes. Fiquei lá de cima no café, com esse som nos ouvidos e observando toda a movimentação, ao mesmo tempo que choca, encanta. Depois caminhei pelo mercado ao céu aberto para fazer comprinhas, o melhor lugar para comprar lembranças, lenços, temperos. Além de ter bom preço, os vendedores não forçam tanto a barra como nas outras cidades.
O dia seguinte em Marraquesh foi de descanso. Mas que nada, montei na moto sozinha e fui conhecer a praia de Marrocos, não fazia parte do roteiro, mas me animei para ir e fui. O centro de Marrakesh é um caos ambulante, burros, pedestres, carros, caminhão e motos cruzam as avenidas todos ao mesmo tempo. Foi o transito mais louco que já vi, esse trecho desorganizado me deixou com muito medo, mas consegui passa lo e seguir 150 km até o meu destino, Essaouira. Ufa!
A cidade já foi dominada por Fenícios, Cartagineses, romanos, portugueses e espanhóis antes de ser retomada pelos árabes por volta de 1700. Das construções históricas, a mais imponente é o forte, com suas torres de observação.
Aproveitei aquele momento para relaxar totalmente, comi um delicioso peixe no porto enquanto observava o mar de uma cor azul intensa na companhia de grandes pássaros brancos. Caminhei pelas ruas comerciais com diversas opções de artesanatos e pinturas em telas e logo retornei ao Hotel Marraquesh, enfrentando o maluco transito local, cheguei de volta ao relaxada, sã e salva.
No momento que cheguei em Rabat comecei a procurar novas opções de restaurantes para almoçar, embora tenha gostado muito da comida marroquina, não via a hora de saborear uma comida diferente ou uma comida com sabor mais comum para mim, a falta de opção por toda parte de Marrocos foi algo que incomodou um pouco, quem aguenta comer todo dia cuscus marroquino? os temperos são fortes. Mas já que estava em Rabat, capital de Marrocos, tive sim a esperança de encontrar algo diferente, e encontrei, vi de longe um logo do Mac Donalds e não pensei duas vezes e fui lá devorar um super lanche , algo que no Brasil, faço muito pouco,mas naquele momento, saboreei o lanche como se fosse a comida mais gostosa do mundo (risos). Tinha a curiosa opção do Mac Arábia, poderia ter provado por curiosidade, mas achei melhor não arriscar!
Me senti mais em casa em Rabat, mulheres maquiadas, usando calça jeans, dirigindo seus carrros, enfim, bem mais próxima da nossa realidade.
Rabat, Rabate ou Rabá é a capital localiza-se na costa do Atlântico. Tem cerca de 1,7 milhões de habitantes. A cidade foi fundada em 1150 pelo sultão Almóada Abd al-Mu’min, que ali construiu uma fortaleza, uma mesquita e uma residência. Tornou-se cidade imperial em 1660 e foi a capital do protetorado francês de Marrocos entre 1912 e 1956.
A região do palácio do rei (construído em 1864) possui um belo jardim andaluz, com limoeiros, cipestres e tamareiras, concebido pelos franceses no início do século 20 – Rabat já era capital durante o domínio da França e manteve o status após a independência. Fui conhecer a atração mais visitada de lá, a Torre de Hassam, sua construção foi iniciada em 1195 para ser o mais alto minarete do mundo, mas, interrompida quatro anos depois, ficou inacabada e com apenas 44 metros.
Recomendo visitar também a Kasbah des Oudaïas – casbá eram as antigas aldeias tribais fortificadas. A pintura em branco e azul das humildes residências lembra muito o estilo das casas da Grécia.
Encontrei o restante do grupo e tivemos somente a tarde e a noite em Rabat, foi uma passagem rápida, já chegava o fim da viagem e uma canseira começou aparecer. Um momento que já começamos a nos despedir de Marrocos e até sentir saudade de casa. Dia seguinte partimos para a Cidade de Tanger, situada no noroeste de África, junto ao Estreito de Gibraltar, onde começa a orla Atlântica de Marrocos.
De Tanger, cruzamos fronteira e o Atlântico e seguimos de volta para Sevilha na Espanha, antes parando em uma cidade chamada Ronda, que fiquei maravilhada, um local que pretendo voltar com tempo.
Saindo de Ronda pegamos o único dia de chuva de todos dezesseis dias de viagem. Hora de devolver as motos, e do jantar de despedida do grupo.
Essas viagens são realmente incríveis, experiência cultural rica , amizades com pessoas de toda parte do mundo e o melhor de tudo, as sensações inusitadas que são despertadas, perfumes que jamais esquecerei, sons que ficarão na memória para sempre, gosto e sabores exóticos, uma viagem para nunca mais se esquecer, foi como fazer parte de um cenário de um antigo filme, algo totalmente indescritível, só vivenciando Marrocos para sentir como é de fato o local de verdade. Marrocos é realmente mágico.
- A deserto da Saara possui pouco mais de 9 milhões de quilômetros quadrados. - A palavra Saara deriva da palavra tenere que na língua tuaregue significa deserto. - O principal rio que atravessa o deserto do Saara é o rio Nilo
Eliana Malizia é graduada em educação física, tem formação em fotojornalismo e MBA em Marketing. É colaboradora há vários anos da revista MotoAdventure. Acelerada por natureza, divide o tempo com as responsabilidades da vida profissional com viagens e aventuras de moto. Fundou o site Acelerada.com.br que oferece informação e serviço sobre o mundo das duas rodas e estilo de vida.
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