Entrevista: Flavio Kenup

Aventureiro fala sobre a sua viagem rumo ao Alaska, a bordo de uma Traxx Sky de 100cc.

Por Leandro Alvares

Murillo Ghigonetto

No dia 1º de maio, o motociclista aventureiro Flávio Kenup partiu para mais uma de suas expedições sobre duas rodas. Ele seguiu rumo ao Alaska, extremo norte do continente americano, pilotando uma pequena motoneta Traxx SKY de 100 cm³.

Este estradeiro já tem experiência em longas viagens com pequenas motos: em 2005 foi até Ushuaia, no extremo sul da Argentina, em uma Honda C 100 Biz. Agora, pretende percorrer os mais de 50 mil quilômetros de ida e volta entre Teresópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, onde começou a aventura, e o Alaska, em sete meses.

Se tudo der certo, ele estará de volta ao Brasil em dezembro deste ano. Nesta entrevista, o piloto conta um pouco de seus objetivos e anseios com esta aventura ao Alaska. Kenup fala também de seus principais desafios que irá enfrentar ao longo do percurso nesta viagem, que promete ser a mais longa já realizada por uma motocicleta de apenas 100cc.

Qual seu objetivo nesta viagem ao Alaska pilotando uma moto de apenas 100 cm³?

Flávio kenup: Sempre gostei de motocicletas e de conhecer novos lugares e culturas. Então, poder juntar isso em uma outra expedição ainda maior é um grande desafio. Vejo muito isso tudo até como uma superação pessoal. Além disso, quero entrar para o livro dos recordes — “Guiness Book” — como o primeiro motociclista a percorrer este trajeto a bordo de uma moto de pequeno porte sem apoio de um carro e, claro, divulgar o Brasil lá fora.

Como será o seu roteiro?

FK: O trajeto inteiro prevê cerca de 51.200 quilômetros de estrada durante sete meses de viagem. Na América do Sul passarei pela Bolívia, Peru, Equador e Colômbia. De lá eu sigo pela América Central atravessando toda aquela região até entrar no México pela cidade de Mapastepec. A partir de então sigo pela costa oeste dos Estados Unidos e Canadá rumo ao meu destino no Alaska, mais precisamente a cidade de Prudhoe Bay, bem ao norte.

Na volta, meu trajeto vai contornar a América do Norte pelo leste, passando por cidades como Quebec, no Canadá; e Nova York, nos Estados Unidos. Então chego ao México, atravesso novamente toda a América Central com destino à Colômbia e depois Venezuela. Entro no Brasil por Roraima e sigo para Belém, Fortaleza e finalmente Teresópolis, em dezembro.

Qual trecho você acredita ser o mais desafiador ao longo da aventura?

FK: A viagem inteira promete ser muito desafiadora, mas sem dúvida os percursos mais difíceis estarão relacionados à altitude da Bolívia; à violência de algumas regiões na Colômbia e, claro, ao frio do Hemisfério Norte.

O problema da altitude é que em La Paz (cerca de 4 mil metros do nível do mar) o desgaste físico vai ser muito grande. Além do que, nesta etapa da viagem será necessário fazer alguns ajustes de carburação para manter o rendimento do motor e não forçar nenhum componente. Já na Colômbia o problema está na violência. Inevitavelmente terei que atravessar uma serra muito perigosa, uma área onde já ocorreram muitos seqüestros.

Como foi sua preparação para esta viagem?

FK: Venho me preparando já há um ano, em todos os sentidos. Este tipo de viagem exige muito do corpo, da mente e, claro, da motocicleta. Então é preciso estar em dia com esses três fatores. E neste sentido estou relativamente tranqüilo.

Há pouco tempo estive na sede da Traxx, em Fortaleza, onde recebi muitas informações dos engenheiros sobre todo o funcionamento da minha moto. Para qualquer eventualidade estou levando equipamentos extras que irão sofrer um desgaste maior, como pneu e componentes do câmbio.

E como será sua alimentação durante este período?

FK: Esse é um fator de extrema importância. Como o desgaste físico vai ser muito grande, não poderei comer nada muito condimentado. Minha intenção é ingerir alimentos leves e ricos, principalmente, em fibras e proteínas.

Com relação à sua motocicleta, quais alterações principais em relação ao modelo original de fábrica?

FK: A moto mantém toda a originalidade de fábrica. No entanto, como irei percorrer, em média, 300 quilômetros por dia durante sete meses, algumas poucas mudanças foram necessárias. Entre elas estão a adição de dois tanques extras de combustível com capacidade de 4 litros cada, localizados nas duas laterais da moto, e o protetor de cárter.

Outra modificação foi a instalação de um grande baú, no qual vou colocar toda a bagagem e utensílios principais. Por último, instalamos um sistema de GPS sob o assento para que o público possa acompanhar meu percurso via internet por meio do site www.aventuraemduasrodas.com.br.

Fonte:
Agência Infomoto

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