Conhecendo o interior de São Paulo com a Gold Wing
Pertinho de São Paulo, a cidade de Salto é repleta de atrativos surpreendentes
Por Thiago Dantas
Por Thiago Dantas
A cidade de Salto está localizada a 120 km de distância da capital paulista, rica em atrativos, tem importante participação na história do estado e agrada bastante quem tem a oportunidade de conhecê-la!
Só tem um dia para rodar? Está sem ideia de onde ir? Salto é a solução. Um dos principais pontos positivos de visitar Salt é os diversos caminhos que podem ser percorridos para chegar à cidade, têm para todo tipo de gosto: expresso, longo, contemplativo, enfim, depois virão essas dicas.
A moto desse passeio foi a incrível Honda GL 1800 Gold Wing que muita gente, erroneamente a classifica como “moto de velho”. Pois bem, não sou novinho, eu sei, mas não acredito que bom gosto, conforto e segurança seja exclusivamente coisa de gente mais velha.
Um pouco sobre Salto ajuda a entender a importância dessa cidade.
Desde a segunda metade do século XVI, foi documentada a presença indígena na área da cachoeira, que hoje está cercada pela cidade. Na época, esses índios foram aprisionados e levados para abastecer a escassez de mão-de-obra na região do planalto.
O famoso pela grande poluição, o rio Tietê, nessa época era bem diferente, servia de guia para exploradores, missionários e autoridades da época.
Outra curiosidade? A uma légua do salto, foi fundado o povoado de Nossa Senhora da Candelária do Ytu Guaçu, conhecido atualmente como Itu. Isso em 1610!
O surgimento de uma capela no Sitio Cachoeira, de propriedade do sobrinho do bandeirante Raposo Tavares, evitava a necessidade de ir até Itu para assistir a missa, a primeira celebração no templo deu-se em 1698, ano que ficou considerado como fundação de Salto, mesmo permanecendo por uma bom tempo como bairro rural da Vila de Itu.
Foi descoberto ouro em Cuiabá e, a partir daí, a região Ituana serviu como trampolim para busca de riqueza no interior do Brasil. Nos arredores eram organizadas as Monções, expedições fluviais que transportavam homens, abasteciam as minas, garantiam o fluxo do ouro, enfim, o que gerou ganho de capital. Esse capital foi investido em terras, escravos, plantios e engenhos, muitos engenhos.
Com o capital acumulado da cana de açúcar, café e algodão somado à posição geográfica privilegiada junto à queda d’água, atraiu a primeira fábrica de tecido na margem direita do rio Tietê e a instalação dos trilhos da Companhia Ituana de Estrada de Ferro, em 1873.
Em 1882 veio a tecelagem Fortuna, em 1885 uma fábrica de meias, 1887 outra de tecidos e em 1889, último ano da monarquia, a primeira fábrica de papel da América Latina.
A partir de 1904 surgiu a segunda usina hidrelétrica instalada no Tietê, a Usina de Lavras. A chegada da República coincidiu com a separação das duas cidades e em 1917, já seria reconhecida como município de Salto!
Hoje, inocente na história, Salto paga o preço de abusos de outras cidades, principalmente São Paulo, que despeja de tudo em suas águas, transformando o Rio Tietê em uma vergonha nacional.
Mesmo com esse ponto negativo, Salto merece a visita. É uma cidade bem arrumada, com uma boa estrutura para atender o turista e atrativos muito interessantes! De verdade!
Eu mesmo, em minha adolescência nunca ouvia falar de Salto, apenas de suas vizinhas famosas, Itu e Indaiatuba. Uma pena, demorei a conhecer a riqueza dessa cidade, mas estou aqui para que você, leitor do Moto.com.br, não cometa o mesmo erro, vá para Salto e se surpreenda! Quer saber porque? Se liga:
Essa matéria foi feita em Abril de 2021, e, nesse dia, alguns atrativos estavam fechados para reforma, coisas do destino.Mas, deixo muito claro aqui, os dois atrativos fechados (Parque Rocha Moutonnée e o Complexo da Cachoeira) são muito legais, já havia conhecido em outra ocasião, porém, fui novamente e sendo bem sincero, mesmo sem esses dois atrativos, vale o passeio.
Chegando na cidade vá direto ao Monumento à Padroeira Nossa Senhora de Monte Serrat. Com o bagageiro da Gold Wing, deixei as roupas mais pesadas e os capacetes guardados na moto e fui fazer uma caminhada até a beira do rio para conhecer as ruínas da usina, o relógio solar, apreciar a vista e a tranquilidade do local. Você pode subir até a base do monumento, enfim, dá para passar umas duas horas ali tranquilamente. Tem lanchonete, banheiro e vários caminhos bem pitorescos! Um lugar bonito!
Depois disso, os atrativos estão na cidade e a fome já deve estar apertando, portanto, siga para o centro da cidade, (irá passar pela Estação de Trem), arrume um lugar para estacionar e caminhe para conhecer alguns atrativos como:
1- Igreja Matriz de Nossa Senhora de Monte Serrat, essa capela originalmente construída em 1698, passou por uma atualização em 1936. Imponente, está localizada na Praça da Bandeira, local considerado como marco zero da cidade de Salto.
2- Em frente a Igreja, na Praça Antonio Vieira Tavares, existe outro monumento bem interessante que faz referência a região onde a cidade se originou devido a doação das terras do Capitão Antonio V. Tavares e sua mulher, Maria Leite. O monumento mostra o padre Felipe de Campos benzendo a capela em 1698.
3- Antiga tecelagem e vila operária está do lado da praça com uma história bem interessante que se iniciou em 1911. Em alguns locais o calçamento está preservado com sua composição original: cimento, cascalho de granito e pedra de rio.
4- Casa da Cultura, que antigamente era creche da tecelagem Brasital, possui 19 salas onde acontecem cursos e oficinas para a população, o prédio é muito bonito e imponente.
Olha só quanta coisa no entorno de uma igreja! Pois bem, não acabou! Caminhando mais 5 minutos você estará no:
5 - Complexo da Cachoeira: apesar de fechado para reforma, ainda oferece acesso ao Caminho das Esculturas e a Ponte Pênsil. Essa caminhada é super agradável e oferece a vista da maior cachoeira do Rio Tietê. Impossível não se entristecer com o que virou esse rio. Dependendo da época, um cheiro forte chama atenção quando ficamos mais próximos do leito, mas, não é um fator impeditivo para a visita.
6- Pavilhão das Artes: Localizado às margens do Rio Tietê, é ponto de eventos culturais. Estruturado com um palco ao ar livre, camarim, bancos em concreto e banheiros, chega a acomodar 1200 pessoas. Você obrigatoriamente irá passar por ele para chegar ao Mirante.
7- Mirante da Ponte Estaiada: Essa ponte (2016) não dá para passar sem ser notada, além da posição privilegiada, ela é linda! E o mais legal é que, o acesso até seu topo é livre. Pega-se um elevador panorâmico e, lá do alto, em um salão todo de vidro, teremos um belo visual 360 graus da cidade. Um vídeo contínuo explica bastante coisa sobre a cidade e o visual do complexo da Cachoeira é lindo. Não deixe de ir!
Bom, esses atrativos são suficientes para preencher o dia visitando Salto, mas não sem falar de algo para comer bem interessante: A coxinha e bolinho de Jaca feitos a mão pela Dona Orlandina. Está localizada no Recanto San Marino, a 11 km do centro de Salto, só colocar no Google Maps e aproveitar essa surpresa culinária. Outra curiosidade gastronômica da cidade de Salto é a empada frita, essa sim pode ser encontrada em alguns estabelecimentos da cidade. Trata-se de uma tradição local que vem lá de 1940 que se mantém ativa até hoje.
Tem tempo? Acorda cedo? Vá ou volte pela Estrada dos Romeiros e Estrada Parque Itu, que pode ser acessada na Rodovia Castelo Branco em Barueri. Trecho sinuoso, contemplativo que passa por vários atrativos no caminho, 120 km aproximadamente, porém mais demorado devido as estradas mais sinuosas.
Acordou tarde? Saindo de São Paulo pegue a Rodovia Castelo Branco sentido Interior, no trevo de Sorocaba/Itu, entre para Itu e em seguida Salto, são 110 km aproximadamente.
Vamos falar a respeito dessa obra de arte. Essa Touring é super confortável para condutor e passageiro, o habitat natural é a estrada como o nome já diz, mas nada impede que, com paciência, circule nas áreas urbanas.
Equipada com câmbio DCT de 7 velocidades, ou seja, é só acelerar e sentir que as trocas são muito suaves, o que tornou mais fácil andar na área urbana de Salto, além da saída e chegada a São Paulo. Parou em uma subida, fique tranquilo! A Honda Gold Wing tem assistente de partida em aclive que facilita a saída em subidas.
A suspensão é coisa de outro planeta, muito macia, quando acionado o freio dianteiro a suspensão desce por igual, sem a sensação de mergulho!
A Honda Gold Wing possui 4 modos de pilotagem: Tour, Sport, Rain e Econ, só não usei o Rain. O Econ, como o nome sugere, deixou ela mais “mansa" e econômica, chegando a fazer 22 km/litro (cabem 21 litros no tanque)! O Sport deixa ela mais esperta, com respostas mais rápidas, uma tocada mais esportiva sem perder o conforto e a classe. Ela nunca será uma moto esportiva, mas fica mais esperta, afinal são 6 cilindros que empurram essa beleza!
Agora, o que impressiona é a ausência de vibração… impressionante! A moto funcionando não vibra nada! Incrível!
Outros mimos são: o aquecimento dos bancos individualmente, parabrisa elétrico (usei muito e fez grande diferença), a capacidade de carga é muito boa também, são 3 bagageiros (110 litros no total), chave presencial, suspensão eletrônica , conectividade com Android e Apple, sistema de som, Air bag, enfim….é moto de primeira classe e pronto!
Mas um detalhe não posso deixar de falar… todas pessoas, sem exceção, perguntam sobre o peso da Gold Wing. Sim, ela é pesada! São 369 kg e não tem como falar o contrário, mas sem exceção novamente, quem sentou e manobrou duvidou do peso! A sensação é que pesa muito menos. Como estamos falando de conforto e peso, a Honda não deixou por menos, já colocou um motor elétrico apenas para manobra, ou seja, ela tem ré e avante tocada por um motor elétrico independente, muito legal!
Enfim, se você tem 18 ou 100 anos não importa, se andar vai gostar, a diferença será a música que deixará rolando, toda vez que sair com a Gold Wing eu estava saindo para viver uma experiência, não para andar de moto.
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