Caminho do Peabiru: Enfim... Chegamos em Sucre

Objetivo dos aventureiros Guga Dias e Elda é refazer uma antiga trilha inca que ligava São Vicente ao Peru

Por Aladim Lopes Gonçalves

De: Aiquile/BO
Até: Sucre/BO
KM Rodado: 150 Km
KM Total: 4.070 Km

Depois de pouco mais de 4 horas de sono, levantamos para nossa quarta tentativa de chegar em Sucre.

Estávamos perto, coisa de 150kms, mas tínhamos receios quanto as informações que nos foram passadas, aliás, informação na Bolívia é uma coisa complicada... por diversas vezes nos foram ditas distâncias e qualidade de asfalto que não correspondiam.

Coisas do tipo “o piso é de asfalto” e acabamos rodando a noite toda em terra! Mesmo as placas de trânsito informam cidades distantes 90kms, quando na verdade estão a 130kms. Isso é crucial para o planejamento de abastecimento.

O prognóstico é que rodaríamos mais 50kms pela Ruta 5 em estrada de terra, mas depois pegaríamos asfalto.

Então lá fomos nós para terra e areia em direção a Sucre.

Rodar na Bolívia não é fácil, o país passa por reformas e construções, mas até o presente momento pouca coisa vimos concluídas e outras longe de ficarem prontas... enfim! 60kms depois, cadê o asfalto?

Já estávamos rodando há cerca de 10kms paralelo a estrada mas dava para ver que faltavam as pontes, ou seja, impossível de trafegar.

Parei um caminhoneiro na estrada e perguntei sobre Sucre, e novamente tive uma informação que não batia... ainda teríamos mais uns 85km de estrada de terra até Sucre.

Ficamos preocupados com o combustível e tão logo avistamos um vilarejo, paramos para comprar gasolina.

No bar/restaurante/hotel haviam três breacos que gritaram BRASIIIL assim que nos viram e logo informaram que a 1km começaria o asfalto!!

Para!

Como um caminhoneiro dá uma informação e três bêbados outra?

Pois é... os pé de cana estavam certo... em 1km cruzamos uma velha ponte e a parte light da viagem finalmente começou.

Asfalto depois de 200kms de areia e pedra no meio dos Andes, parte deles percorridos a noite.
 
Sabe aquele ditado que diz que todo sacrifício será recompensado? Pois então, é impossível descrever a emoção de rodar nos Andes.

A cada curva novos paredões surgem na sua frente completamente indiferentes a sua existência e é notório o quanto somos nada.

Gigantesca paisagem com rios secos (não chove há 3 meses) mas as calhas dos rios denunciam tanto o tamanho quanto a força das águas que por ali correm no verão.

Muitas curvas perigosas sem proteção alguma na beirada de precipícios que em uma vacilada... adeus.

Prova disso foi um acidente de caminhão que presenciamos - 5 minutos do ocorrido.
Na Bolívia é comum o transporte de pessoas em caminhões, como os “Paus de Araras” no nordeste. Este infelizmente tombou e machucou cerca de umas 30 pessoas, na grande maioria homens e mulheres na faixa dos 40 a 70 anos mas que com sorte não despencou penhasco abaixo, uma queda de 600mts.

Fora essa parte triste, motocamos, filmamos e tiramos inúmeras fotos... nos sentimos como criança que acabara de ganhar o presente dos sonhos... e com certeza foi uma tremenda realização... 4 dias para poder curtir esses momentos, se tornou quase que um projeto dentro do nosso projeto - Chegar a Sucre! Com determinação e força de vontade, conseguimos.

Foram 4 dias rodando muito, em péssimas condições de estrada, se hospedando em lugares não muito satisfatórios e sem fazer refeições descentes.

Não é o plano nem o ideal de nenhum motociclista, mas com certeza são os imprevistos que levamos na bagagem sem saber... vai de cada um desistir ou continuar!

Nós fomos além, superamos juntos todas as dificuldades e aqui estamos, com um sorrisão besta na cara.

Acompanhe a jornada Caminho do Peabiru que vai percorrer 11 mil quilômetros em um período de cerca de 50 dias pelo portal MOTO.com.br e participe você também dessa expedição histórica.

Informações
Guga Dias
[email protected]
www.diariodemotocicleta.com.br


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

Compartilhe:

Receba notícias de moto.com.br