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Viagens

Bem-vindo ās Serras: Uma Gatinha que faz Curvas

25 de August de 2017

Reinaldo Baptistucci e Karin Birgit Stoecker

Mais que motociclistas e fãs de motos, são hábeis contadores de histórias e profundos conhecedores do mundo das duas rodas, sendo verdadeiros apaixonados por viagens e aventuras pelas rodovias do país e nações vizinhas.

Dizem que o mundo gira e por ele girar o tempo passa . Aliás e por vieses de por onde a Pinny andou passando nesse tempo que já passou e que ainda passará, ela teve o prazer de vivenciar não só o passado que já foi, bem como o futuro que a recebeu de portas abertas .

A Geometria das linhas mostra em uma linha reta , apesar de tantas curvas, que por onde ela andou rodando com a GS e cansou de deitar nas Estradas Sinuosas , ela também teve a oportunidade de experimentar o convívio único e muito antigo de pousar nas casas de família. Tempo das antigas.

Saindo de Paranapiacaba passou por Suzano , Mogi das Cruzes , Guararema , Jacareí , Paraibuna, Natividade e Redenção da Serra, São Luiz do Paraitinga, Lagoinha e Cunha .

Inclua nesse pacote Serrano a ida à Paraty e Ubatuba com direito a Cruz de Ferro .

Caso você goste de curvas, neblina, paisagens de tirar o fôlego e muita comida boa , é um trajeto que você pode sim rodar na maior tranquilidade. Na verdade, você estará percorrendo o espigão histórico de toda a Serra do Mar e da Bocaina , em uma mistura energética de paisagens únicas.

E, pensar que no passado bem próximo da gente, e da nossa memória, tudo era feito com Mulas e Carros de Boi . Tempos Heroicos de personagens históricos que deixaram a marca, não só da força, mas também de uma determinação única. Rodar por essas paragens é ter de volta toda a memória das Serras, bem como de todo o Litoral e Vale do Paraíba .



Bem vindos às Serras

Reinaldo Baptistucci

Depois de fazer mais uma revisão no Betinho , monto na minha gatinha, a tão querida BMW F 800 GS . Já no posto da Ayrton Senna encontro irmãos de estrada que iam para Ilha Bela . Por um trecho pilotamos juntos. Mesmo viajando sozinha, não se está realmente sozinha . Motociclistas tem ímã .

O percurso não é novo para mim. Início da Serra de Cunha com saída para Lagoinha . Um trecho cheio de curvas, fazendas, chácaras, sítios, vales e montanhas. De tão delicioso, não queria mais que acabasse . Chego em Lagoinha uma vila que seria um entreposto entre Cunha e São Luiz do Paraitinga. Como de costume pergunto pela hospedagem da Nadir e claro que o frentista muito solícito me informa com precisão: “É fácil, volta aqui, entra a primeira a esquerda, depois a direita a esquerda e esquerda de novo e já chegou na rua. Aí é só perguntar pela casa da Nadir! ” Sorrindo agradeço enquanto ele enchia o tanque.

Havia uma lagoa perto do mercado central que infelizmente foi aterrada, por isso o nome da Vila “Lagoinha” . Há muitas pousadas no caminho e na vila. Ela é pequena e um ótimo lugar para quem não quer pagar muito . Os preços são mais em conta do que em Cunha e São Luiz do Paraitinga. Uma questão de opção.

Dou uma volta a pé pela vila, tiro fotos e o dia acaba com um lindo pôr do sol . Na manhã seguinte abro a janela e o céu está pra lá de azul. 7h30 da manhã – me visto, tomo um café e feliz da vida subo na moto para fazer mais e mais curvas. “Parece que o tempo está bom” penso eu e saio menos agasalhada e sem luvas. Mas ... logo passando pelo Cristo e dobrando a direita sentido São Luiz do Paraitinga me deparo com neblina e temperatura de 6 Graus.

Além da umidade, meu capacete começa a embaçar e enxergar fica difícil. Visibilidade quase zero . Mas o pior foi o frio nas mãos. Queridos leitores, amantes das duas rodas, nunca senti tanto frio nas mãos . No lugar do frio cortante começa a dor. Não pensei que o frio pudesse doer. Isso com as manetes aquecidas ligadas no máximo . Não havia a menor condição de parar e pegar as luvas que deixei presas com elástico na bagagem no lado de fora. Carros e ônibus circulavam de quando em vez, um trânsito local das pessoas que trabalham ou vão estudar. Se eu parasse naquela neblina eu corria o risco de sofrer um acidente.

3 km – entrada para a linda cachoeira de Lagoinha (ponto turístico) . Paro a moto e finalmente visto as luvas e mais um agasalho de plush. Agora sim. Me sentia muito melhor. Valeu a lição, pois a moça da hospedagem havia me avisado: “Olha! Faz muito frio aqui viu! ” E eu subestimei.

Ao chegar no trevo da Cruz de Ferro (Serra de Taubaté) resolvo não voltar para casa ainda. “Está tão bom!”, pensei. Entro para Redenção e Natividade da Serra . Caramba! Que trechinho gostoso de motocar . De novo: curvas e mais curvas, vales, montanhas, água e todo este visual deslumbrante no meio da neblina que estava se dissipando. Um pensamento rápido me ocorre: “Ainda bem que meu tanque está cheio e que bom que estou com aquela meleca no pneu para fechar um eventual furo , além do tubo reparador de pneus que Reinaldo colocou no meu baú junto com 2 câmaras novinhas .” Pois não havia ninguém na estrada. Eu pilotava completamente só. Que sensação maravilhosa.

Fim da linha. Chego em Natividade da Serra e pergunto se dá para continuar até Paraibuna. O frentista explica que até dá. Tem uma balsa que te atravessa pela represa de Paraibuna e daí são mais 40km de terra. É claro que sozinha voltei pelo mesmo caminho. Não sou tão corajosa assim . A GS é pesada e se eu caísse não tenho certeza de conseguir levantá-la. Mas isso não me incomodou, pois, esse caminho é tão lindo e tão agradável que não me importaria de fazê-lo mais e mais vezes .  Aliás, comentando com Reinaldo depois, em Igaratá, destino final – lembrei que já havíamos feito juntos esse trecho há 5 anos. E assim termina meu mês de férias .

Fortes Abraços a todos irmãos estradeiros e a todos amantes das duas rodas como nós.

Karin Birgit Stoecker (Pinny)

Fotos: Acervo Pessoal

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