Confira dicas importantes para viajar em grupo

Rodar com os amigos motociclistas requer entrosamento, habilidade e respeito às regras para um bom passeio

Por Aladim Lopes Gonçalves

Aldo Tizzani

Uma viagem em grupo pode ser feita por centenas de motivos como, por exemplo, rever os amigos nos eventos organizados por marcas como Harley-Davidson (H.O.G. Rally) e BMW (Motorrad Day). Pode ser também grupos de motociclistas que se reúnem para um simples bate e volta ou até mesmo em longas expedições. Nesses eventos estão dois tipos de motociclistas: os estradeiros e os aventureiros. Os estradeiros, na sua maioria, usam motos de alta cilindrada que podem ser custom, naked ou até superesportivas. Aqui o que vale é rodar em boas estradas e curtir a paisagem. Já os aventureiros preferem as bigtrail, que podem enfrentar qualquer tipo de terreno e rodar até o extremo Sul das Américas.

Nos dois casos, companheirismo e a preocupação com o colega ao lado são fundamentais. Quanto mais homogêneo for o grupo, melhor. Assim, todos rodarão no mesmo ritmo, na mesma velocidade e com o mesmo objetivo: divertir-se.

Não importa o tamanho da moto ou tipo de estrada, rodar com outras motocicletas requer conhecimento, habilidade e respeito mútuo. Ficar atento aos horários combinados, chegar com a moto revisada e com o tanque cheio é o mínimo que se espera para começar uma viagem em grande estilo. Outro detalhe para minimizar dores de cabeça: a documentação da moto e a do condutor deve estar em dia.

Entrosamento
Reunir as pessoas antes da viagem e traçar a rota, paradas para abastecimento e, se for o caso, locais de hospedagem é uma forma saudável de entrosar o grupo. Outra definição importante é saber quem será o líder do grupo (responsável por ficar à frente e guiar o grupo) e quem deverá fechar o pelotão, aquele que fica por último. Ambos devem ser motociclistas experientes.

É importante que pelo menos um membro do grupo deva estar equipado com celular, kit de primeiros-socorros e kit completo de ferramentas para reparos emergenciais. Isso deixará o grupo preparado para lidar com imprevistos.

Seja qual for o nível dos pilotos o briefing inicial é muito importante. É a hora de expor os detalhes e o que fazer no caso de ocorrências “que certamente virão”. Outra função do briefing é transmitir confiança e mostrar ao grupo que o líder é capaz de resolver coisas simples ou mais complexas. Ele deve ser capaz de agir com lucides e firmeza. O problema pode ser uma pane elétrica numa moto nova. Cabe ao líder do grupo procurar solução e saber as condições para isso (tem concessionária próxima, é melhor por a moto na carreta e voltar ao Brasil etc). Ou seja, o ‘comandante da tropa’ deve estar preparado e manter a confiança do grupo em alta, assim o grupo acatará suas orientações.

Viaje em formação
Acompanhe a sinalização do líder (feita com o braço esquerdo ou sinal luminoso) e pilote sempre mantendo distância da moto que vai à frente. Rodando em posição alternada é possível ver o que acontece à frente e ter tempo e espaço suficiente para uma manobra evasiva ou frenagem de emergência sem comprometer a segurança dos outros motociclistas. Porém, quando se está em uma estrada com muitas curvas, baixa visibilidade, péssimas condições do asfalto e em pista simples, o ideal é rodar em fila indiana (única). Nunca fique lado a lado, pois além de passível de multa, se for necessária uma manobra de emergência pode haver acidentes.

Cuide de quem vai atrás do pelotão. Se seu colega sumir do retrovisor pode ser sinal de problemas ou que você está rápido demais. Por outro lado, se você ficar para trás e se distanciar do grupo, não entre em pânico. Com certeza na próxima parada o grupo estará lhe esperando. Por isso, não infrinja as leis ou vá além de suas habilidades de pilotagem para alcançar o grupo.

Para não haver esse tipo de problema as motos menores e os pilotos menos experientes podem seguir a frente, assim não existe o risco de ninguém ficar para trás. Principalmente em viagens noturnas quando é mais difícil a visualização.

Motos estradeiras
Como já foi abordado, roteirizar o percurso é fundamental. Ou seja, ter pré-definidos todos os pontos de parada (abastecimento e refeição). O levantamento pode ser feito por meio do Google ou GPS. “O indicado é fazer uma parada de cerca de 30 minutos a cada 200 quilômetros rodados. Será apenas para abastecer a moto, ir ao banheiro e fazer um lanche rápido. Uma refeição mais completa deverá ser feita apenas no destino final. Pilotar com a ‘barriga cheia’ dá sono”, explica Antônio Pimenta, motociclista há 30 anos e mecânico especializado em Harley. Junto com sua esposa, Ana Pimenta, da Let´s Ride, organizam passeios pela Europa e Estados Unidos.

Se uma moto apresentar um problema – falha mecânica, pneu furado etc – apenas o motociclista que está vindo atrás (ou aquele escolhido para isso) deve parar para ajudar. “Nunca pare no acostamento. Tente chegar a uma área de escape ou posto de gasolina. Em caso de problemas médicos ou socorro mecânico o indicado é o buscar ajuda com o auxílio do celular”, adverte Pimenta, da PHD Pimenta, loja-oficina da zona Norte de São Paulo.

Aventureiros
O experiente piloto de off-road João Tagino, 46 anos, já participou de diversas provas de rali, como o Sertões e o Dakar. Em janeiro de 2012 fez uma viagem em grupo com vários amigos e se apaixonou pela atividade de “guia”. Como mora na região Norte, próximo ao Peru, Tagino passou a organizar tours com destino a Machu Picchu e outros destinos da América do Sul, como a Estrada da Morte, na Bolívia. Hoje tem uma empresa, Tagino Adventure, que já percorreu 13 países e se especializou nesse tipo de expedição sobre duas rodas.

A média de integrantes é de dez cerca de dez motociclistas por grupo, porém tudo depende do nível de pilotagem e entrosamento entre eles. “Já tive grupos com cinco motos que poderia dar mais dor de cabeça do que um grupo 15 com gente mais experiente e atenta”, comenta Tagino.

Erros mais comuns
Segundo Tagino, não existe um erro comum e sim uma sucessão de pequenos equívocos. Por exemplo, viajar com a moto repleta de bagagem é o início de problemas futuros. Os pneus deverão estar com a pressão mais alta e terão menor aderência aumentando a chance de quedas. O mais importante é ter uma moto sempre ágil e leve.

Outra questão importante para os grupos que viajarão fora do Brasil é a atenção à documentação e às normas de outros países, pois muitas vezes as pessoas se empolgam que estão em grupo e acham que podem fazer o que quiserem. O que para um policial brasileiro é aceitável em algum país do exterior é um desacato. Seja no Peru ou Estados Unidos. Agora é reunir a “galera” e boa viagem!


Fonte:
Agência Infomoto

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