Aldo Tizzani
Quem pensou que veria no Salão Duas Rodas uma nova moto de uso misto da Honda se enganou. Lançada em setembro 1999, em substituição à NX 350 Sahara, a NX4 Falcon praticamente não mudou nada ao longo de sua fabricação — exceto os grafismos.
O modelo 2008 chega à rede de concessionárias com três opções de cores: vermelha, prata e preta. Para dar uma sobrevida a essa trail de uso urbano, a moto ganhou tampas laterais cinza e o pára-lama fosco.
Apesar dos anos e dos avanços tecnológicos do setor de duas rodas, a Falcon segue em frente, sem concorrentes diretos. Abaixo do modelo de 397,2 cm³ da Honda está sua irmã mais nova, XR 250 Tornado, e também a Yamaha XTZ 250 Lander, equipada com injeção de combustível.
Em um patamar acima, estão a Yamaha XT 660R e a BMW G 650 X Challenge que, sem sombra de dúvida, são infinitamente superiores ao modelo on/off-road da Honda. Apesar de defasada mecânica e visualmente, a Falcon tem qualidades. Seus pontos fortes são: conjunto equilibrado, conforto e freios potentes.
A ergonomia, a postura do piloto sobre a motocicleta, também é um de seus principais atrativos de venda. Em função do desenho do tanque e das aletas, o piloto fica bem encaixado na Falcon. O guidão mais alto e estreito oferece ao motociclista fácil pilotagem.
Ao centro, um completo painel de instrumentos. O banco macio, largo e em dois níveis faz da moto de uso misto da Honda bastante confortável, já que piloto é garupa podem rodar por muitos quilômetros.
Mecânica e ciclística
A Falcon tem motor monocilíndrico de quatro tempos derivado da XR 400, com quatro válvulas e comando simples no cabeçote (OHC). O propulsor gera 30,6 cv a 6.500 rpm de potência máxima e torque máximo de 3,51 kgf.m a 6.000 rpm.
Já que o motor é originário de um modelo “puro-sangue”, a Falcon poderia oferecer uma maior cavalaria. Só para comparar, sua antecessora, a Sahara desenvolvia 31,5 cv a 7.500 rpm. Esta é a principal queixa: a falta de potência.
Com um conjunto bastante equilibrado, a Falcon utiliza um chassi do tipo berço semiduplo, que ancora suspensão dianteira de longo curso e da traseira Pro-Link. O sistema de freios é outro destaque. Com disco em ambas as rodas, a dianteira tem cáliper de duplo pistão e pistão simples na traseira.
O freio na roda da frente é superdimensionado para a moto. É bastante preciso, mesmo em situações extremas, porém o motociclista deve ter sensibilidade para acioná-los.
O modelo tem rodas dianteira de 21’’ e traseira de 17’’, calçadas com pneus Pirelli MT 60 de uso misto.
Impressões de pilotagem
Polivalente, a Honda Falcon pode ser utilizada no dia-a-dia e em viagens curtas no final de semana, além de estar pronta para encarar trechos de deslocamento por terra ou até mesmo uma trilha.
Em função de seu porte, a moto passa por obstáculos ou corredores apertados sem dificuldade, já que a altura dos espelhos fica acima da maioria dos retrovisores dos automóveis (exceto sport-utilitys). Para ajudar nas manobras em vias apertadas, a Falcon tem um bom ângulo de esterçamento.
Por estradas asfaltadas, a moto tem desempenho compatível com sua proposta, principalmente se rodar entre 100 e 110 Km/h. O consumo médio gira em torno de 20 Km/l.
Em trechos de serra, com curvas fechadas, a Falcon surpreende com seu bom ângulo de inclinação. Para ajudar nessa missão, a moto conta com um bom acerto da suspensão e também pela boa aderência dos pneus Pirelli, de perfil alto (120/90 na traseira e 90/90, na dianteira).
Apesar de seus 151 quilos (a seco), roda com desenvoltura por estradas de terra. Na trilha, o comportamento desta on/off não deixa a desejar, mas não é seu habitat natural. Com seu espírito de aventura, a Falcon encara muitas adversidades. Até quando não se sabe. Já que o mercado brasileiro está cada dia mais exigente e antenado nos principais avanços tecnológicos. Uma coisa é certa, em breve a trail da Honda terá aposentadoria por tempo de serviço.
Há muitas especulações pairando no ar — motos Honda de 300/400 cilindradas com injeção eletrônica e sistema flex. Assim, o motociclista tem duas opções: esperar os próximos lançamentos (modelos 2008/2009) ou rodar com a boa e velha Honda Falcon, que vendeu este ano mais de 13 mil unidades
O preço sugerido gira em torno de R$ 14 mil, base no Estado de São Paulo. A garantia é de 12 meses, sem limite de quilometragem.
Ficha Técnica
Motor: OHC, monocilíndrico, quatro tempos, arrefecido a ar, com cárter seco e reservatório de óleo
Capacidade cúbica: 397,2 cm3
Potência máxima (declarada): 30,6 cv a 6.500 rpm
Torque máximo (declarado): 3,51 kgf.m a 6.000 rpm
Câmbio: Cinco velocidades
Transmissão final: Corrente
Alimentação: Carburador
Partida: Elétrica
Quadro: berço semiduplo
Suspensão dianteira: Garfo telescópico, com 220 mm de curso
Suspensão traseira: Pro-Link, com 195 mm de curso
Freio dianteiro: Disco simples - 256 mm de diâmetro
Freio traseiro: A disco hidráulico - 220 mm de diâmetro
Pneu dianteiro: Pirelli MT 60 - 90/90 - 21 M/C 54S
Pneu traseiro: Pirelli MT 60 – 120/90 - 17 M/C 64S
Comprimento: 2.147 mm
Largura: 789 mm
Altura: 1.210 mm
Distância entre-eixos: 1.433 mm
Distância do solo: 245 mm
Altura do assento: 850 mm
Peso seco: 151 kg
Tanque de combustível: 15,3 litros (reserva 5,3 litros)
Cores: vermelha, prata e preta
Preço: R$ 14.000,00
Fotos: Renato Duraes.