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Testes

Teste BMW R NineT: Inúmeras possibilidades no estilo clássico

03 de November de 2014

Paulo Souza

Celebrando 90 anos como fabricante de motocicletas, a BMW, lançou no final de 2013 a naked R Nine T, que desembarca no Brasil com uma proposta um pouco diferente dos modelos da marca. Esta versão, apesar de herdar o tradicional motor Boxer, não possui os aparatos tecnológicos que a BMW costuma incluir em suas motos, justamente para colocar no mercado uma versão com estilo retro dos seus primeiros modelos.

Este conceito pode ser observado a partir de seu design simples e sem carenagens, porém estiloso, oferecido apenas na cor preta, como as primeiras versões da marca. Seu chassi é novo e foi desenvolvido exclusivamente para ela com o objetivo de dar espaço para as criatividades na hora de customizá-la. O seu subquadro é facilmente desmontado e pode ser retirado para deixar a moto com monoposto. Além disso, a marca disponibiliza diversos acessórios para dar um tom especial à moto, esta que usamos no teste, por exemplo, estava equipada com a capa traseira que deixa a moto com uma cara de café racer.

Mecânica

A BMW optou em equipar a Nine T com o tradicional motor Boxer de 1.170 cm³ de dois cilindros opostos, no entanto o sistema de arrefecimento é a ar, ao contrario das novas versões das R 1200 GS e RT, que utilizam refrigeração a líquido. Este propulsor gera 110 cv de potência máxima a 7.550 rpm, mas o que mais chama a atenção é o seu torque de 12,15 kgf.m a apenas 6.000 rpm, o que a faz ter uma ótima e prazerosa pilotagem, seja dentro da cidade ou na estrada.

Com este motor a motocicleta ultrapassa facilmente os 200 km/h, porém como não há proteção aerodinâmica o vento atrapalha na hora de pegar a estrada. Para seguir com conforto e viajar tranquilamente mantenha ela no limite das estradas a 120 km/h. Dentro da cidade ela também vai bem, possui uma pilotagem muito fácil com uma ótima ciclística, destacando o seu grande torque, que permite poucas trocas de marchas e arrancadas sempre à frente.

Falando em ciclística, seu conjunto de suspensão permite esta boa condição de pilotagem. A BMW optou em deixar de lado a suspensão dianteira Telelever (um amortecedor apenas) e decidiu utilizar garfos telescópicos invertidos, a mesma utilizada na naked S 1000R, porém sem opções de ajustes. Na traseira usa um amortecedor com o eixo cardã acoplado ao monobraço, o famoso sistema Paralever com ajuste da pré-carga da mola.

Outro ponto de destaque na Nine T é o conjunto de freios poderosos, na dianteira dois discos flutuantes de 320 mm são mordidos por pinças de quatro pistões da marca Brembo com fixação radial, já na traseira um disco de 265 mm de diâmetro e pinça de pistão duplo, ambos com sistema ABS.

Na prática

Pilotar a BMW Nine T pode surpreender muita gente. Ela é muito mais esperta e fácil de pilotar do que parece o seu estilo clássico. A esportividade não fica para trás, ela faz ótimas curvas graças a sua ciclística apurada e o bom conjunto de suspensões, além disso, o seu torque permite ótimas retomadas e suas mudanças de direção são ágeis.

Dentro da cidade ela vai bem, apesar de ter 222 kg em ordem de marcha o potente e torcudo motor deixa a condução fácil. O guidão, apesar de largo, permite um bom esterço e a torna transitável no meio dos veículos e também na hora de estacioná-la em lugares apertados. Ao ligar o motor você sentirá a moto balançar de um lado para o outro devido a posição de seus cilindros. O ronco deste propulsor é música para os ouvidos e sempre te instigará a acelerá-la.

Sua posição de pilotagem agrada, apesar de ter um estilo clássico, ela está mais para uma naked com o banco baixo e uma posição ereta que prevalece o conforto e a agilidade. As pedaleiras estão em um bom ângulo e os joelhos se encaixam perfeitamente ao tanque garantindo uma prazerosa e divertida condução.

Porém, como falamos no início, esta moto permite inúmeras configurações para customizá-la e você pode deixá-la no estilo que quiser alterando sua posição de pilotagem de forma mais esportiva como uma clássica café racer, por exemplo, ou mesmo uma dirt track, modelos de corridas em pistas de terra onde se abusa do contra-esterço.

Diversas possibilidades

Para mostrar algumas formas de customizar e modificar a BMW Nine T, a Eurobike criou três modelos bem distintos e se tornou a primeira concessionária do país a oferecer este tipo de serviço aos amantes desta versão. O responsável pelo trabalho foi a customizadora Johnnie Wash, do proprietário Ricardo Medrano, que nos recebeu em sua oficina desde o início dos trabalhos.

“A customização se tornou uma tendência e está com crescimento muito importante no Brasil. Nós da Johnnie Wash oferecemos diversos projetos dentro deste segmento com o design que o cliente mais se identificar”, afirma Medrano.

Modelo de entrada

A primeira versão criada por Ricardo Medrano é a opção que mais se aproxima do modelo de fábrica, mesmo assim, está de cara nova. Neste modelo o assento permaneceu com desenho original, mas teve um revestimento em couro terracota. O escapamento original da Akrapovic foi mantido, mas recebeu pintura eletroestática na cor grafite, a pintura também foi aplicada no motor rodas e bengalas dianteiras, estes em tom de brilho e fosco da cor preta. O subchassi teve um pequeno encurtamento e o sistema ótico dianteiro e traseiro feito em LEDs. Este versão sai por R$ 76.390.

Modelo intermediário

A segunda versão criada pela Johnnie Wash está disponível por R$ 86.450. O maior preço é justificado pelos inúmeros acessórios e modificações. Este modelo abandonou o assento do garupa e colocou um banco monoposto com rabeta esportiva na mesma cor de alumínio escovado do tanque. O subchassi foi retirado e o escapamento esportivo do tipo “Dual Slash” preso em seu lugar. O modelo recebeu ainda um guidão de uma polegada e ¼  com “pull back” reduzido e espelhos esportivos integrados, além da pintura eletroestática das rodas, escapamento, motor e suspensão. Na motorização o modelo conta com uma dose de “veneno” com filtro de ar esportivo e chip de potência proporcionando 14 cv a mais na roda. O chip só é acionado após a primeira revisão.

Modelo TOP

A versão mais sofisticada está mais esportiva e agressiva. Além das inovações incorporadas dos modelos anteriores ela ganha um toque a mais de design. Seu visual está mais limpo e sofisticado graças ao novo escapamento com dois canos colocado para baixo do banco, e também pelos módulos eletrônicos e a bateria, que foram realocados para baixo do tanque. O suporte de placa e o conjunto ótico traseiro mudaram de lugar e está flutuante, rente à roda traseira, que ficou totalmente exposta. Seu guidão é do tipo “Clamp” levemente inclinados para baixo e junto com o banco monoposto em couro preto reforçam seu estilo das antigas café racers. Além do trabalho estético, o motor também recebeu modificações, seu sistema de admissão de ar foi totalmente redesenhado com filtros esportivos independentes por cabeçote e também ganhou um chip de potência que gera 18 cv a mais, ativado também após a primeira revisão. Esta versão é comercializada por R$ 100.460.

Todos os três modelos criados pela Johnnie Wash podem voltar ao modelo original se o cliente desejar, pois todas as características mecânicas e elétricas foram mantidas originais. Apenas mudaram o conceito da estética e o motor recebeu um pouco mais de potência.

Conclusão

A BMW conseguiu reunir na Nine T um modelo com estilo retro bastante atraente e chamativo e ainda muito divertido e prazeroso de pilotar. A marca alemã optou em deixar de lado as tecnologias existentes em outros modelos da marca deixando apenas o sistema ABS como item tecnológico de série. Justamente por isso, o seu preço sugerido de R$ 61.500 não condiz com a realidade dos modelos nakeds de sua categoria. No mercado, há muitas outras motos no segmento com preços menores e com muito mais tecnologia, inclusive da própria BMW.

O que podemos concluir é que sua proposta de customização e o seu estilo clássico que celebra o passado deixou claro que a BMW Nine T foi desenvolvida para um publico diferenciado, que busca um modelo único de acordo com o seu estilo, independentemente das tecnologias aplicadas.

Ficha Técnica (versão original)
Motor Dois cilindros opostos (Boxer), 4 válvulas por cilindro e refrigeração ar/óleo
Capacidade cúbica 1.170 cm³
Potência máxima (declarada) 110 cv a 7.750 rpm
Torque máximo (declarado) 12,14 kgf.m a 6.000 rpm
Câmbio Seis marchas
Transmissão final eixo-cardã
Alimentação Injeção eletrônica
Partida Elétrica
Quadro Tubular em aço
Suspensão dianteira Garfo telescópico invertido com 120 mm de curso
Suspensão traseira Monobraço com BMW Paralever e 120 mm de curso
Freio dianteiro Disco duplo flutuante de 320 mm de diâmetro com pinças radiais de quatro pistões (ABS)
Freio traseiro Disco simples de 265 mm de diâmetro com pinça flutuante de dois pistões (ABS)
Pneus 120/70-17 (diant.)/ 180/55-17 (tras.)
Comprimento 2.220 mm
Largura 890 mm
Altura não disponível 1.265 mm
Distância entre-eixos 1.476 mm
Distância do solo não disponível
Altura do assento 785 mm
Peso em ordem de marcha 222 kg
Tanque de combustível 18 litros
Cores Preta
Preço sugerido R$ 61.500

 

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