Arthur Caldeira
A família de motos Bandit da Suzuki já está na estrada, ou melhor, na linha de produção, há mais de dez anos — a primeira integrante dessa “quadrilha” surgiu em 1996.
Prova indiscutível de sua receita de sucesso são as constantes modernizações do modelo, mas sem perder suas características minimalistas. Recentemente sofreu mudança até na capacidade cúbica e, conseqüentemente, no seu nome, passando dos originais múltiplos 600 e 1200, para 650 e 1250 — ganhando ainda refrigeração líquida e injeção eletrônica na versão 2007, lançada agora na Europa.
No Brasil, só estão à venda, por enquanto, os modelos 650 e 1200, nas versões naked (N) e semi-carenada (S), todas carburadas e com refrigeração mista (ar e óleo). A penúltima versão da Bandit 1200, a “cabeça” dessa quadrilha de motos, acaba de desembarcar no Brasil.
Ainda não traz a desejada refrigeração líquida e a injeção eletrônica, que certamente melhoram ainda mais o desempenho desse respeitável motor de quatro cilindros em linha. Porém, passou por um face-lift que modernizou seu visual. Além disso, pelo seu preço atraente e extremo conforto é uma boa opção de compra no segmento.
Motor “torcudo”
Independentemente do gosto do freguês, caso prefira a versão N ou S, o destaque fica para o enorme propulsor de 1.157 cm³ divididos em quatro cilindros pintados em preto. Neste modelo 2007 “brasileiro”, as tampas laterais polidas causam um contraste interessante. Mas o que conta mesmo é seu comportamento de motor forte, “torcudo” na linguagem dos motociclistas.
Não é por menos, afinal, o torque máximo está disponível já a 6.500 rpm, rotação baixa para um quatro-em-linha. Nas versões anteriores, até proporcionava susto ao se girar o acelerador com vontade — a frente se levantava facilmente.
Neste modelo 2007, com a balança traseira 4,5 cm mais longa, este “problema” foi sanado. Por outro lado, o torque é mais que suficiente para uma pilotagem prazerosa sem muitas mudanças de marchas. Na estrada é possível manter a quinta e última marcha praticamente todo o tempo sem perder agilidade nas retomadas.
A potência não deixa a desejar: são 98 cv a 8.500 rpm. Se comparado a outras motos mais esportivas com a mesma capacidade cúbica, esse número pode parecer pouco, porém, permite atingir velocidade máxima em torno dos 230 km/h.
Na versão naked, avaliada no teste, essa velocidade está acima do limite ditado pelo desconforto causado pelo forte vento acima dos 140 km/h. Entretanto, abaixo disso, o conforto proporcionado pelo guidão bem posicionado, banco bipartido macio e largo, e pedaleiras mais relaxadas permite se tocar por muitas horas, seja na estrada ou nos deslocamentos diários. Por isso, a versão “S” com semi-carenagem agrada àqueles que usam a Bandit principalmente em viagens.
Conforto em primeiro lugar
Todo o conjunto ciclístico foi projetado para equilibrar esportividade e conforto, uma de suas grandes qualidades. A suspensão dianteira é um garfo telescópico tradicional, com tubos externos redesenhados nessa nova versão. Na traseira, um único conjunto mola-amortecedor fixado por links à balança dá conta do recado.
Apesar de ambas serem reguláveis, foram calibradas para absorver as ondulações do piso permitindo viajar sem a “dureza” comum nas superesportivas. Com isso, limitam uma pilotagem mais radical, mas permitem que se deite nas curvas com segurança, desde que não se esqueça que se trata de uma naked e o conforto vem em primeiro lugar.
Os freios são bem dimensionados. Na frente, dois discos flutuantes “mordidos” por pinças de seis pistões opostos param os 215 kg (a seco) da Bandit. Atrás, um disco simples com pinça de dois pistões ajuda a mantê-la no trilho em frenagens mais fortes.
As rodas de liga-leve de 17 polegadas trazem os bons pneus Dunlop Sportmax sem câmara — 120/70 na dianteira e um 180/55 na traseira. Assim como toda a moto, trazem esportividade e conforto na dose certa.
O quadro tubular pintando na cor da moto (azul, vinho ou preta) dá o toque final nessa “bandida”, que tem neste visual clássico de moto com “cara de moto” seu grande trunfo.
Companheira de fuga
Se você busca uma moto para suas voltas pela cidade, mas que possa ser uma boa companheira de viagem, a Bandit 1200 é uma ótima escolha. Além das qualidades de seu motor e da excelente posição de pilotagem, ela traz outros atributos que fazem dela a companhia ideal na hora de se fugir da rotina.
A começar pelo enorme tanque com capacidade para 20 litros. Com uma média de consumo em torno dos 16 km/l, proporciona mais de 300 quilômetros de autonomia. Não se preocupe, o nível de combustível em forma de barras no painel digital vai começar a piscar quando a moto chegar na reserva (de cerca de 4 litros).
Localizada no mostrador direito, a tela de LCD traz ainda o velocímetro, hodômetros (total e dois parciais) e um útil relógio. O outro mostrador fica reservado para o conta-giros analógico. Destaque para a pequena cobertura do painel na cor da moto que dá um ar moderno a essa naked.
A única falha na hora de viajar são os ganchos na rabeta, esta também redesenhada no modelo 2007. Há apenas dois deles posicionados na alça do garupa. Caso pretenda fazer da Bandit sua companheira de fuga, vale a pena investir em um bauleto ou em maletas laterais.
Mas o que faz da Bandit N1200 realmente uma boa opção de compra é seu preço. Se comparada a outras motos com a mesma capacidade, os R$ 41.133 (R$ 43.190 na versão “S”) valem a pena.
Não há atualmente nenhuma moto com essa capacidade cúbica nesta faixa de preço. Em breve, deve chegar ao país a Honda CB 1300, uma enorme naked com motor de quatro cilindros em linha, mas ainda não há previsão de preço. Por enquanto essa “Bandida” de 1200 cc reina sozinha.
Ficha Técnica
Motor: 4 tempos, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, comando duplo no cabeçote (DOHC) e refrigeração mista (com radiador de óleo)
Capacidade cúbica: 1.157 cm³
Diâmetro e curso: 79,0 x 59,0 mm
Taxa de compressão: 9,5 : 1
Potência máxima: 98 cv a 8.500 rpm
Torque máximo: 9,4 kgf.m a 6.500 rpm
Câmbio: 5 velocidades
Transmissão final: por corrente
Alimentação: Quatro carburadores
Partida: Elétrica
Quadro: Tubular
Suspensão dianteira: Telescópica convencional, ajustável na pré-carga da mola
Suspensão traseira: Balança monoamortecida fixada por link regulável
Freio dianteiro: Disco duplo ventilado e flutuante com pinças de 6 pistões opostos
Freio traseiro: Disco simples ventilado com pinça de 2 pistões
Pneu dianteiro: 120/70 - 17 sem câmara
Pneu traseiro: 180/55 - 17 sem câmara
Comprimento total: 2.140 mm
Largura total: 765 mm
Altura total: 1.100 mm
Distância entre eixos: 1.430 mm
Distância do solo: 130 mm
Altura do assento: 790 mm
Peso seco: 215 kg
Tanque de combustível: 20,0 litros
Cores: Azul, preta e vermelha
Preço: R$ 41.133,00 (versão N, naked)
Fotos: Renato Durães.