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Testes

Super Ténéré XT 1200Z faz juz ao nome

05 de May de 2011

Arthur Caldeira

À primeira vista, o enorme tanque de 23 litros, os 261 quilos e o assento a 87 cm do chão da Yamaha Super Ténéré XT 1200Z intimidam. Nas primeiras voltas tive a impressão que seria difícil domar essa gigante em estradas de terra, repletas de buracos onde o asfalto nem pensa em chegar. Mas a Super Ténéré não foi projetada para dar apenas uma “voltinha”, e também não se deixa conhecer em poucos quilômetros. Afinal essa big-trail foi criada para encarar longas viagens, até onde sua disposição o levar. Por isso rodamos 1.400 km por rodovias de pavimento liso, estradas sinuosas de piso ruim e caminhos de terra.

De início, o motor de dois cilindros paralelos, 1.199 cm³ de capacidade, refrigeração líquida e duplo comando de válvulas (DOHC) mostra toda sua “agressividade”. Um pouco barulhento, responde quase que instantaneamente a qualquer giro no acelerador, quase como um “soco” no estômago. Com sistema ride-by-wire e injeção eletrônica, é preciso se segurar ao guidão em acelerações mais impetuosas. Um verdadeiro cavalo “brabo”.

No asfalto
Conforme os giros crescem, a brutalidade diminui e a Super Ténéré roda tranquilamente a 120 km/h abaixo de 4.000 rpm. Demonstrando que muitos dos 110 cavalos de potência máxima ainda estão sonolentos e só vão “cavalgar” a 7.250 rpm. Resta também bastante força para ultrapassagens e acelerações – afinal o torque máximo de 11,6 kgf.m só chega a 6.000 rpm.

Mas o comportamento do bicilíndrico realmente surpreende. Tem bastante fôlego para altas velocidades, chegando com facilidade aos 180 km/h e com poucas vibrações – exceto em marchas mais altas e giros mais baixos em retomadas, quando o propulsor vibra um pouco, mas nada que chegue a incomodar.

Para respostas mais suaves, acionei o modo de pilotagem “Touring”. Nos primeiros 300 km, escolhi a tocada mais relaxada. Para que o botão no punho direito faça a mudança é preciso fechar o acelerador. Depois, já em uma estrada de mão dupla e sinuosa, onde é necessário rapidez para ultrapassagens, escolhi o modo “Sport”. O mesmo ímpeto nas arrancadas apareceu novamente.

O consumo no primeiro trecho da viagem foi de pouco mais de 17 litros, bom para uma motocicleta deste porte e tamanho. E melhor ainda para sua proposta: afinal a autonomia chegaria teoricamente aos 400 km, já que o tanque tem 23 litros de capacidade.

Descobri uma das “falhas” do computador de bordo no painel digital: não informa a autonomia e nem a marcha engatada. Por outro lado destaca o consumo instantâneo, médio; temperatura do ar e conta até com um relógio. Além de dois hodômetros parciais, a indicação do modo de pilotagem, o controle de tração, nível de combustível, e claro, a velocidade. Ao lado um conta-giros analógico. Completo e de fácil leitura, o painel peca ainda por não ter comandos nos punhos: para navegar é preciso pressionar um dos botões no próprio instrumento.

Mas nesta longa jornada, tive todo o tempo do mundo e também o conforto para procurar cada um desses “defeitos”. Confortavelmente “montado” na big-trail. Posso também elogiar a boa ergonomia e a posição de pilotagem ereta e natural – em minha opinião, todas as motos big-trails, como a Super Ténéré, oferecem o conforto ideal para uma viagem de muitos quilômetros.

O largo banco tem espuma abundante e me permitiu tocar os primeiros 300 km sem cansar. Aqui vai outro ponto positivo. Apesar de amplo, o banco tem a parte dianteira estreita e permite apoiar sem muita dificuldade um dos dois pés no chão. Regulável em duas alturas (845 – 870 mm), adapta-se a maioria dos biótipos.
O parabrisa garantiu a proteção do vento na medida para mim (tenho 1,71 m de altura), porém somente na posição mais alta – para ajustar “basta” tirar quatro parafusos. Para pilotos mais altos, a Yamaha ainda oferece uma bolha maior, como opcional.

Ao final da primeira perna da aventura, 650 km por asfalto, conclui que a nova Yamaha Super Ténéré tem bom desempenho para rodovias retas e se sai bem em trechos sinuosos – sem mostrar instabilidade no trem dianteiro mesmo em altas velocidades. Seu motor não vibra muito e o consumo está dentro do esperado.

Na terra
O dia seguinte reservava o verdadeiro desafio da Super Ténéré 1200. Herdeira das motocicletas Yamaha vencedoras do Rally Paris-Dakar, a nova big-trail japonesa fez subir a adrenalina dos apaixonados por aventura quando apareceu nos vídeos promocionais enfrentando as areais do deserto, estradas de cascalho e até mesmo trilhas esburacadas. Com um trecho de 100 km de terra pela frente, chegava a hora de conferir se a nova Super Ténéré fazia jus ao seu sobrenome famoso.

Logo nos primeiros quilômetros uma estrada cheia de pedras grandes e muitos buracos. Impressionantemente, apesar de seu grande porte, essa Yamaha enfrentou com braveza os obstáculos. Muito em função da excelente distribuição de peso (50,5% no eixo dianteiro) e do baixo centro de gravidade – em função do motor compacto que concentra o peso bem embaixo da moto. Nessa situação, o quadro tipo espinha dorsal e o conjunto de suspensões absorveram com maestria as imperfeições do terreno. Foi possível rodar em baixa velocidade, graças ao grande torque do motor e superar a “buraqueira”.

Os quilômetros seguintes reservavam mais emoção. Cascalho solto e muito trabalho para o controle de tração. Com todo o torque na roda traseira transmitido por meio de um eixo-cardã, o sistema no nível um – acionado com a moto parada e por meio de um botão do lado esquerdo do painel – tenta evitar as derrapagens a todo o momento, sendo muito intrusivo. Já no segundo nível a Super Ténéré se sentiu em casa. É possível ainda desligar completamente o sistema. As suspensões – telescópica invertida na dianteira e balança monoamortecida na traseira – também ignoravam os ressaltos na estrada de terra.

Até me surpreendi com as derrapagens controladas que fui capaz de fazer. Em curvas, bastava dar a mão e pressionar a pedaleira externa para que a Super Ténéré compensasse a falta de aderência e seguisse a trajetória desejada. Oriundo das motos de Moto GP, o sistema de controle de tração merece nota dez. Seu funcionamento foi impecável.
Aqui outro detalhe importante: a ergonomia do guidão e do tanque para se pilotar em pé é excelente. Contribui ainda a pedaleira que, conforme o piloto se levanta, a borracha que a protege se comprime, facilitando o apoio dos pés e também o acesso ao pedal de câmbio e freio.

Gostei também do sistema de freios ABS unificados. Ao pressionar o manete de freio dianteiro, o disco traseiro também é acionado, levando conta a força aplicada e o peso da moto. O dispositivo antitravamento (ABS) também funcionou muito bem, até mesmo na terra. Os mais radicais e puristas ainda podem reclamar que não é possível desligá-lo, mas nas situações que enfrentei, não encontrei essa necessidade (ainda bem!).
Com as muitas derrapadas e em função do caminho irregular, nessa condição o motor foi bem mais “beberrão”. O consumo médio ficou em torno de 8 km/litro nos 92 km percorridos no fora de estrada.

Conclusão
Com mais 650 km de asfalto pela frente, ainda tinha mais tempo para avaliar a Yamaha XT 1200Z Super Ténéré, aposta da fábrica japonesa para ganhar mercado no crescente segmento de motos big-trail.

Mas já era possível constatar que a Super Ténéré 2011 faz sim jus a sua origem nos ralis africanos. Com um conjunto bastante robusto, suspensões prontas para encarar qualquer tipo de piso, motor vigoroso e uma posição de pilotagem confortável, a XT 1200Z é aquele tipo de motocicleta que basta você escolher o destino e partir... sem se preocupar com as condições da estrada ou os caminhos a serem percorridos. Estradas com cascalhos na Patagônia? Aposto que ela supera. Caminhos de terra que mais parecem um enduro parque? A nova Ténéré está pronta para isso. Ou simplesmente enfrentar as esburacadas rodovias brasileiras.

Acompanhada de um pacote tecnológico moderno e eficiente, a XT 1200Z Super Ténéré demonstrou qualidade para enfrentar sua principal concorrente, a alemã BMW R 1200 GS, líder de vendas em todo o mundo e há 30 anos pelas piores estradas. Os consumidores e este que vos escreve aguardam uma disputa cara a cara entre essas duas gigantes.

Cotada a R$ 59.800, já equipada com freios ABS, controle de tração, protetores de mão e motor, a XT1200Z Super Ténéré honra com louvor as lendárias Yamaha que cruzavam o temido deserto do Ténéré no Saara africano na década de 80 e 90.

Vasta gama de acessórios
A Yamaha XT1200Z Super Ténéré tem a disposição uma vasta gama de acessórios originais de fábrica. A Yamaha ainda vai disponibilizar diversos acessórios para a nova Super Ténéré. A lista vai de malas laterais, baú traseiro e bolsa de tanque, passando por protetores de farol, um protetor de motor em alumínio, até itens de conforto como aquecedores de manopla, capa de tanque e banco mais baixo.

Confira abaixo os itens e preços sugeridos dos acessórios originais para a Yamaha Super Ténéré:
Caixa superior 30L R$ 1.955,96
Mala interna da caixa superior R$ 261,43
Kit do suporte das caixas laterais R$ 947,12
Caixa lateral direita 32L R$ 1.582,73
Caixa lateral esquerda 32L R$ 1.582,73
Mala interna da caixa lateral R$ 252,77
Mala para tanque R$ 855,72
Protetor do motor R$ 1.258
Kit farol de neblina R$ 1.365
Parabrisa alto R$ 835
Kit defletor de vento R$ 454,22
Kit protetor do farol dianteiro R$ 409,77
Protetor de tanque R$ 80,24
Placa protetora do motor R$ 835,17
Conjunto de piscas em LED (Preto) R$ 240,43
Conjunto de piscas em LED (cromado) R$ 240,43
Conjunto de piscas em LED (carbono) R$ 240,43
Selim central completo (black/silver grey) R$ 1.131,07
Kit manopla térmica R$ 1.370,83

Ficha Técnica
Motor: Dois Cilindros Paralelos, Dohc, Refrigeração Líquida, 4 Válvulas
Capacidade 1.199 Cm³
Diâmetro X Curso 98,0 X 79,5 Mm
Taxa de Compressão 11,0 : 1
Potência Máxima 110 Cv A 7.250 Rpm
Torque Máximo 11,6 Kgf.M A 6.000 Rpm
Câmbio 6 Marchas
Quadro Tipo Espinha Dorsal Em Tubos De Aço
Transmissão Final Eixo Cardã
Alimentação Injeção Eletrônica De Combustível
Suspensão Dianteira Garfo Telescópico Invertido, Com 190 Mm De Curso
Suspensão Traseira Monoamortecida, Com 190 Mm De Curso
Freio Dianteiro Dois Discos Em Forma De Margarida Com 310 Mm De Diâmetro
Freio Traseiro Disco Simples Margarida De 282 Mm De Diâmetro
Pneu Dianteiro 110/80-19
Pneu Traseiro 150/70-17
Comprimento 2.250 Mm
Largura 980 Mm
Altura 1.410 Mm
Altura do assento 845-870 Mm
Distância entre-eixos 1.540 Mm
Tanque de Combustível 23 Litros
Peso em ordem de marcha 261 Kg
Cores Azul
Preço R$ 58.900

Confira o vídeo de apresentação da Super Ténéré XT 1200Z e os podcast com a entrevista do diretor comercial da Yamaha do Brasil, Mário Rocha, e a análise de Arthur Caldeira, editor da Agência Infomoto.

Fotos: Arthur Caldeira e Mario Villaescusa

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