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Testes

Princesa custom dos cromados

04 de September de 2007

Leandro Alvares e Reinaldo Baptistucci

Responsável por carregar a bandeira da marca Sundown no segmento das motos custom, a bela Vblade 250 corresponde bem ao seu papel. O modelo impressiona não apenas pelo visual robusto e elegante, mas também pela desenvoltura e eficiência com que enfrenta os mais diversos desafios de uma aventura pelas estradas.

Nesta reportagem, nosso piloto de testes e estradeiro Reinaldo Baptistucci encarou uma viagem de 700 km pelo Estado de São Paulo, visitando algumas cidades do interior a bordo desta máquina, equipada com um motor dois cilindros de 249 cm³ que desenvolve potência 19,5 cv a 8.500 rpm e torque de 1,58 kgf.m a 6.000 rpm.

Com vocação de estradeira, a Sundown Vblade é comercializada nas concessionárias autorizadas da fabricante ao preço sugerido de R$ 13.250,00, sendo disponível nas cores preta e prata.

Encontro com a cromada

Era tarde do dia 29 de agosto, uma quarta feira. Estava eu na rua Oscar Freire, em São Paulo, em frente à loja da Buell apreciando pela vitrine uma Ulysses 1200cc preta e maravilhosa, quando meu celular tocou. Era o Leandro, avisando que a Vblade acabara de chegar à redação da revista e já estava à minha disposição para o teste de estrada.

Será fácil, pensei! Rodar com ela para o Sul do país em três dias me permitiria ir para bem longe, fazendo um bate volta de no mínimo dois mil quilômetros. Mas, infelizmente, seria impossível realizar esta viagem, pois eu precisava comparecer a um encontro de motos em Paranapiacaba (SP) que rolaria no dia 1 e 2 de setembro... O que fazer?

Na quinta-feira de manhã, fui chorar minhas pitangas para o Marcio Viana (diretor do MOTO.com.br) e o Leandro, aproveitando a deixa para ver a negra e cromadíssima Vblade. No meio da conversa, surgiu a possibilidade de realizar viagens curtas, somando um total de 700 km.

Eu, em particular, achava muito pouca quilometragem, mas diante dos fatos relatados ficou decidido que seria melhor a revista não faltar ao evento do meu caro amigo Euller Heringer, que usara no brasão do 3º Motos Clássicas o título de uma matéria que fiz no ano passado: O Futuro foi Ontem.

Então vamos nessa! Montei na desconhecida e musculosa Vblade e logo percebi que a embreagem estava solta, com muita folga. Um leve aperto na regulagem do punho e já poderíamos pegar o trânsito complicado das avenidas. Confesso que não tinha a menor idéia sobre qual estrada pegar, mas sabia que com certeza teria de dar um pulo em Araras e, talvez, Ribeirão Preto.

Acabei indo parar na rodovia Castelo Branco com destino a Pirapora do Bom Jesus, localizada na região oeste da Grande São Paulo. Enfrentamos uma estradinha sinuosa, cheia de subidas e descidas íngremes e totalmente travada. Caso a moto fosse boa de curvas, seria ali que eu descobriria suas qualidades.

As primeiras curvas foram feitas em baixa velocidade, eu não podia arriscar absolutamente nada, mas as que vieram depois comprovaram o que eu já suspeitava: para uma Custom, a Vblade se comportava muito bem, pois a “moça” entrava firme e não balançava.

Na primeira parada, dois motoboys vieram conversar. Um deles ficou babando na profusão de cromados, o outro ficou impressionado com o porte avantajado. E nenhum dos dois acreditou quando falei que a gata rodava 35 km com apenas um litro de gasolina

A conversa então rolou para o lado prático: “Ela tinha peças de reposição?”, questionaram. Respondi que sim e que a Sundown não estava no país para brincadeira ou aventuras mercadológicas. A reposição é garantida por uma  rede de autorizadas espalhadas por todo o Brasil. E quando me perguntaram se eu tinha gostado da moto, confessei que ainda não tinha certeza absoluta, só rodando mais para saber.

Início de uma avaliação positiva

Rumo a Itu, após passar pela baciada de curvas e uma verdadeira montanha russa, entrei na pista expressa que me levaria ao portal da cidade. No retão liso e plano, enrolei o cabo, andando em quinta marcha e no limite da velocidade das placas, que era de 110 km/h. Lá em baixo, o motor avisava que poderia ir além e que, ao mesmo tempo, não iria reclamar e muito menos vibrar. Foi muito rápido para uma 250cc, e passado um tempinho parei para tirar algumas fotos.

Peguei o retorno e fui em direção a Jundiaí, rumo à rodovia Anhanguera. Fazia frio e ventava uma barbaridade, a moto balançava sem parar e eu tendo que o tempo todo colocar a “moça” na trajetória, o que me fez concluir que a Vblade era realmente leve, uma qualidade na minha modesta opinião.

As rodas de liga leve, quando em movimento, não deixam o vento lateral passar e funcionam como um leme. Em compensação, são extremamente firmes e resistentes aos já bem conhecidos buracos inoportunos.

Nova parada e o frentista vem com a conversa: “Já sei, é uma daquelas famosas, qual é a marca mesmo? ‘Harle-divison’, é isso não é? Passou uma outro dia por aqui, cheia de mala e um casal em cima. Eles estavam viajando para o interior, só que a deles fazia um barulho igual a um trovão. A sua é muito silenciosa”, disse espantado e olhando para o tanque já aberto, no qual havia completado com oito reais de gasolina. “Essa daí não vai ser nunca sua companheira de copo, ela não bebe nada!”, brincou nosso amigo.

“De copo você tem toda a razão, mas a Vblade está sendo minha parceira de estrada e, pelo visto, essa gata gosta de uma aventura”, respondi. Espetei a primeira marcha, agradeci e segui em frente, entrando na Anhanguera com o motor cheio e tomando toda a atenção necessária para não ser pego de surpresa por algum piloto mais apressado.

Até ali, a Vblade ia muito bem. As pedaleiras avançadas eram um conforto e um luxo a mais, permitindo uma tocada serena e muito prazerosa. Por incrível que pareça, ela estava me seduzido com a já famosa e tão procurada confiança ao pilotar.

Passei batido por Campinas rumo a Araras. Eu não podia perder tempo e precisava rodar o máximo possível nesse dia, pois no dia seguinte eu teria que estar muito cedo em São Paulo, e aí sim, pegar estrada de novo.

Anoiteceu e, para a minha surpresa, os faróis — tanto o alto como o baixo — eram competentes. A lanterna traseira é enorme, bem visível, e o velocímetro com uma luz azulada me fez lembrar do mar da Bahia.

Eu estava nas nuvens e, ultrapassando caminhão, segui pela estrada. Não queria parar, as placas davam as distâncias e eu embutido na moto nem pensava em retornar. E que delicia, com vento zero pela proa, ver e escutar a Blade cortar a noite silenciosa da estrada.

Tinha andado bastante neste primeiro dia de aventura. O relógio marcava 10h da noite, já era hora de voltar, pois entrar em São Paulo de madrugada sempre me deixou preocupado. E levando em consideração que eu estava viajando sozinho, circular pelas desabitadas marginais não era o mais aconselhável.

Com todo o cuidado e pilotando a Vblade numa boa, pousei seguro em casa. Desliguei, travei a máquina e fui dormir com uma pergunta na cabeça: será que amanhã de manhã ela pega? Antes, aproveitei para lubrificar a corrente com graxa e verificar o nível de óleo, que se mostrou correto. Teríamos um novo dia cheio e eu dependeria dela para cumprir todos os meus compromissos, e aí sim pegar de novo estrada.

Qualidades e necessidades

Às seis horas da manhã, levantei e fui ver a gata. Dei partida acionando o afogador que fica no punho esquerdo, logo abaixo da manete, e ela acordou sem reclamar. Verifiquei com o dedo se a ponta do escape estava com vestígio de óleo queimado e o indicador saiu seco. “Ótimo, vamos rodar”, falei. E não deu outra, foi mais um dia cheio de quinta marcha e muito prazer.

Na BR 116, a placa indicava que faltavam 10 km para a chegada a Juquiá. A moto foi me levando com firmeza, eu já tinha aprendido a pilotá-la e pude relaxar para apreciar a paisagem das montanhas. As retomadas de marcha eram vigorosas para uma 250cc e, sem forçar, fui em direção a Registro, mas uma pergunta ficava no ar: Quantos giros alcança a Vblade?

Nesse ponto, poderia sim ter um belo e pouco discreto contagiro, já que a proposta dessa moto é bem essa: nada discreta, do tipo “cheguei e, por favor, podem olhar porque não tira pedaço”.

Outro detalhe importantíssimo que me deixou de cabelo em pé foi o fato de essa gata não ter hodômetro parcial. Pênalti, pois a não ser que você compre uma máquina de calcular, fica difícil saber o quanto já se rodou. Tudo bem que o marcador de gasolina digital é preciso e muito confiável, porém não imediato, principalmente para aqueles que não gostam de ficar fazendo conta.

Uma valente no trânsito

Voltei da BR 116 e fui para o Riacho Grande via rodovia Anchieta, pegando a avenida dos Bandeirantes totalmente parada. No meio do trânsito, re-posicionei os espelhinhos, colocando-os em pé. Não perdi visão traseira e ganhei passagem livre no corredor alucinado.

Nas saídas de farol, judiei um pouco dos motoboys, pois a primeira e segunda marchas são reduzidas o suficiente para deixar pra trás qualquer tentativa de ultrapassagem. Foi divertido porque a Vblade anda e não faz barulho algum. Simplesmente dá conta do recado, e assim entrei na Anchieta que, para minha surpresa, estava estacionada. Impressionante a quantidade de caminhões, acredito que a coisa só melhore após o término das obras do Rodoanel.

A estradeira da Sundown já estava virando parceira. Sem reclamar e lisa que nem um quiabo, não tomava conhecimento do trânsito travado e, principalmente, não esquentava as minhas pernas. Além disso, apesar de todo o esforço de ter que usar seguidas vezes a embreagem, não deu sinais de fadiga precoce. Um ponto fundamental, pois na estrada você basicamente só usa motor e tem boa refrigeração, mas no trânsito louco da cidade os que mais sofrem são os discos de embreagem, óleo e pastilhas de freio. Não necessariamente nessa ordem, mas que é um fato consumado isso sim é pura verdade.

Desafio bônus rumo ao clássico encontro

Sábado, às 10h da matina, liguei a “moça” e me aprontei. Estava indo lentamente para o encontro de Paranapiacaba. Nessa altura, já tinha instalado na Center Motos o carregador de bateria de celular APT e poderia, sem pressa, aproveitar a viagem para tirar fotos e rodar alguns quilômetros por estrada de terra, já que para chegar ao povoado a minha escolha era seguir via cidade baixa.

O trecho da rodovia Índio Tibiriçá tem trânsito pesado de caminhões e retões apetitosos para quem está com muita pressa. Eu, por outro lado, não tinha a menor intenção de chegar rápido. A Vblade, neste trajeto, reclamou dos buracos dando saltos duros de traseira, o que é normal para uma ou todas as customs que já pilotei.

Nas curvas de alta ela ia bem, com a suspensão trabalhando firme e sem desviar a trajetória. Os pneus agarravam o solo com eficiência e sem a perigosa tendência do escorregar. O conjunto, de modo geral, transmitia segurança o suficiente para uma tocada digamos mais esportiva, mas e na terra e eventual lama? Como a região tinha sofrido com garoa forte por quase cinco dias, será que a Vblade iria se comportar bem ou virar um cavalo chucro?

A placa avisava “Cidade baixa de Paranapiacaba a 8 km, saída para esquerda”. Finalmente estava chegando ao encontro, faltava pouco e talvez por isso parei na mercearia do cruzamento só para tomar uma gelada. Logo em seguida, começou a chegar o pessoal do cross, enlameados e sorridentes ao ver que tinha uma coisa estranha dentro do bar. Era a cromada, limpíssima e ofuscante Vblade que, tranqüila, estava estacionada ao meu lado. A turma não acreditou; aproveitei para tirar fotos e explicar o motivo básico do que eu estava fazendo por terras freqüentadas pelo povo da lama.

A motocicleta foi comportada na estrada de terra o que, sem dúvida, deixou-me satisfeito. Basta controlar o acelerador que ela se comporta muito bem, sem as perigosas escapadas de traseira.
 
A volta satisfeita para casa

Após dois dias de muita festa e confraternização com os amigos no 3º Motos Clássicas de Paranapiacaba, voltei no domingo, dia 2 de setembro, para São Paulo. A Vblade estava um pouco suja, mas não perdia a realeza, já que recebeu de mim o codinome “princesa dos cromados”.

O conjunto estava perfeito e me fez concluir que a motocicleta vai bem em todos os tipos de terreno e tem vocação para pegar estradas, sejam elas quais forem. A máquina, com certeza, vai e volta e o piloto terá boas recordações pregadas na parede da memória.

Ficha Técnica

Motor: 4 tempos, OHC, 2 cilindros em V, refrigerado a ar
Cilindrada: 249 cm³
Diâmetro e Curso: 49,0 x 66,0 mm
Sistema de Lubrificação: Forçado por bomba trocoidal e banho de óleo
Taxa de compressão: 10,0:1
Potência máxima: 19,5 cv a 8000 rpm
Torque máximo: 1,58 kgf/m a 6000 rpm
Sistema de partida: Elétrica
Chassi: Berço duplo
Suspensão dianteira / curso: Garfo telescópico /114mm
Suspensão traseira / curso: Monoamortecida SPS / 100 mm
Freio dianteiro / diâmetro: Disco e pistão duplo / 240mm
Freio traseiro / diâmetro: Tambor/ 160mm
Pneu dianteiro: 3,00 - 18
Pneu traseiro: 130/90 - 15
Comp. x Larg. x Alt.: (2265 x 930 x 1140) mm
Distância entre eixos: 1565 mm
Distância mínima do solo: 130 mm
Peso seco: 163 kg
Transmissão: 5 velocidades
Embreagem: Manual e multidiscos banhados em óleo
Ignição: CDI
Bateria: 12V / 9A
Farol: 35/35 W - Lâmpada halógena
Tanque de combustível: 14 litros (sem reserva)
Óleo do motor: 1,8 litro
Capacidade máxima de carga: 170 kg (piloto, passageiro e carga)
Cores: Prata-apolo e Preto-quartzo
Preço sugerido: R$ 13.250,00

Km rodados na viagem: 700 km
Consumo médio: 32,5 Km/l
Velocidade máxima atingida: 120 Km/h

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