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Testes

KTM 990 Adventure: Agente laranja

29 de October de 2007

Arthur Caldeira
 
Neste século, a cor laranja e o nome KTM viraram sinônimos de aventura. Também não é por menos. Desde 2001, a marca austríaca faturou na categoria motos todas as edições do Rally Dakar, uma das competições off-road mais desafiadoras do mundo.

Por isso mesmo, basta colocar os olhos na KTM 990 Adventure para despertar aquela vontade de subir na moto e rodar até onde quiser, não importando a estrada.

Seu design inconfundível difere de outras big-trails. A carenagem, com ângulos retos e faróis sobrepostos, abriga dois grandes tanques de gasolina (com capacidade para aproximadamente 22 litros) denunciando sua grande autonomia.
 
A ciclística reforça a proposta aventureira: suspensões de longo curso, aros de alumínio, rodas raiadas e um porte que chega a intimidar os mais “baixinhos”. A boa notícia é que nesta nova versão 990, o banco está mais baixo que na antecessora 950 Adventure: fica a 86 cm do solo e tem novo desenho.

Motor maior

Se a altura do banco diminuiu, o motor, por sua vez, cresceu. Com diâmetro e curso maiores, a capacidade cúbica desse dois cilindros em “V” passou para 999 cm³. O LC8, nome que a KTM dá a seu propulsor de oito válvulas e duplo comando no cabeçote, ganhou ainda uma nova injeção eletrônica da Keihin com dois corpos injetores por cilindro. O mapeamento do motor foi melhorado, resultando em uma entrega de potência mais suave e linear.

Não que o propulsor tenha ficado manso, mas a antiga 950 era mais brusca quando se girava o acelerador, principalmente na terra. Com o novo sistema de injeção eletrônica e a refrigeração líquida, o motor de dois cilindros em “V” a 75º produz 98 cv a 8.500 rpm de potência máxima e 9,7 kgf.m a 6.500 rpm. Demonstrando a ampla faixa útil desse propulsor que, muitas vezes, dispensa redução no câmbio de seis marchas para ganhar fôlego novamente.

Montando a fera

Era hora de sair das especificações técnicas e ir à prática; montar a fera. Marca não muito difundida no Brasil, sempre fica a curiosidade de comparar o desempenho da KTM 990 Adventure frente a outras big-trails disponíveis no mercado, como a BMW R 1200GS, a Suzuki DL 1000 V-Strom e a recém-lançada Honda XL 1000V Varadero.

Mesmo com o banco mais baixo, quem tem 1,70 m (como eu) precisa se acostumar com o porte desta KTM. Entretanto, uma coisa é certa: o novo desenho e a espuma mais macia resultaram em um banco mais confortável que o da versão anterior, a 950 Adventure. O guidão é no melhor estilo off-road. Da marca Renthal traz protetores de mão e faz com que o piloto mantenha uma postura ereta.
 
O painel, apesar de simples, é de fácil visualização — traz velocímetro digital e conta-giros analógico. Outro destaque do “cockpit” é a boa proteção aerodinâmica proporcionada pelo pára-brisa. Mesmo em alta velocidade, o vento não incomoda.

Nervosa com ABS

Logo ao se girar o acelerador, o som que sai dos escapamentos é vigoroso e as respostas, rápidas, mesmo em baixas rotações. Com a força do V2 e a proteção aerodinâmica, é fácil chegar a 160 km/h com o giro na faixa das 6.000 rpm sem nenhum incômodo. Mostrando que essa KTM seria a companheira ideal em uma viagem pelas longas retas das estradas na Patagônia argentina.

Mas se for preciso parar os 199 quilos da Adventure, os freios estão de acordo com o desempenho. Na frente, dois discos flutuantes de 300 mm mordidos por pinças de pistão duplo, atrás, um disco simples de 240 mm com pinça de um único pistão, ambos da marca Brembo, dão conta do recado. Ainda mais em conjunto com o novo sistema de ABS de dois canais da Bosch, que se mostrou bastante eficaz tanto no asfalto quanto na terra.

A versão com ABS é a única à venda no Brasil. Porém, quem quiser ser mais radical na terra pode desligar facilmente o sistema, com um simples toque de botão no painel.

Justamente no fora-de-estrada é que essa big-trail KTM surpreende. Mesmo com seu porte avantajado, ela se sai muito bem em imperfeições. A ciclística mantém a tração e a nova injeção deixa-a mais “mansa”, evitando que a moto “fuja” de baixo do piloto.

O sistema de suspensões da grife White Power é composto por um garfo telescópico invertido na dianteira (upside-down) e uma balança traseira de alumínio monoamortecida. Ambas têm 210 mm de curso e permitem superar com facilidade morros e pequenos saltos na pista off-road da Pirelli, em Sumaré (SP). Em uma estrada de terra mais larga e aberta, essa KTM deve se sair ainda melhor.

Vitória austríaca

Após testar essa nova versão da KTM Adventure no asfalto e na terra, concluí que, com motor maior, de 990cc, mas o mesmo peso, ela é melhor que sua antecessora de 950cc.

Tive a impressão também de que a marca austríaca havia superado seu principal concorrente nesse mercado de big-trails, os alemães da BMW e sua R 1200GS. Finalmente a KTM conseguiu reunir as notáveis qualidades off-road de seus produtos com conforto e um desempenho domável, antes privilégios da BMW.

Mas não foi apenas impressão. O teste realizado fazia parte do concurso “Moto do Ano”, organizado há 10 anos pela revista Duas Rodas, onde a KTM 990 Adventure enfrentou a BMW R 1200GS. Ambas foram testadas por 11 jornalistas especializados, incluindo este que vos escreve. A votação dos jurados em diversos quesitos confirmou minha suspeita, dando à máquina laranja o título de 2007 na categoria “Big-trail”.

Além das qualidades ao se rodar, a KTM 990 tem a seu favor o preço pouco mais em conta: R$ 57.000,00 na versão standard com ABS, enquanto a BMW sai por R$ 59.900,00, sem ABS. A versão Top da alemã sai por R$ 75.900,00 que, além do ABS, vem com um moderno e avançado controle de tração e outros itens de série.

Ficha Técnica

Motor: 4 tempos, DOHC, 2 cilindros em “V” a 75º, 8 válvulas, arrefecimento a líquido 
Capacidade cúbica: 999 cm³ 
Diâmetro e curso: 101 x 62,4 mm 
Taxa de compressão: 11,5 : 1 
Potência máxima: 98 cv a 8.500 rpm 
Torque máximo: 9,7 kgf.m a 6.500 rpm 
Câmbio: 6 velocidades
Transmissão final: por corrente
Alimentação: Injeção eletrônica
Partida: Elétrica
Quadro: Tubular em cromo-molibdênio
Suspensão dianteira: Garfo telescópico invertido de 48 mm de diâmetro e 210 mm de curso
Suspensão traseira: Balança monoamortecida, com curso de 210 mm e
ajuste da pré-carga da mola
Freio dianteiro: Duplo disco flutuante de 300 mm com pinças de 2 pistões (com sistema ABS)
Freio traseiro: Disco simples de 240 mm de diâmetro com pinça de um pistão (com ABS)
Pneu dianteiro: 90/90-21
Pneu traseiro: 150/70 – 18
Comprimento total: não informada
Largura total: não informada
Altura total: não informada
Distância entre eixos: 1.570 mm 
Distância do solo: 261 mm
Altura do assento: 860 mm
Peso seco: cerca de 200 kg com ABS
Tanque de combustível: 22,0 litros
Cores: Laranja e Preta
Preço: R$ 57.000,00
  
Fotos: Mario Villaescusa.

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