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Testes

Kahena 250 Dual tem visual mais esportivo

03 de June de 2009

Arthur Caldeira

Para os motociclistas mais veteranos o nome Kahena remete à enorme moto de 1.600 cc, equipada com motor do VW Fusca, que foi fabricada no Brasil na década de 90. Agora, porém, a empresa brasileira lança outra motocicleta com a intenção de surpreender: a 250 Dual.

Dona de um design diferenciado, que divide opiniões, a naked 250 Dual, com motor e quadro fabricados na China, é montada na cidade de São Paulo pela Kahena. O nome Dual, ao contrário do que muitos podem supor, não vem de uso misto, mas sim do fato de que ela tem tudo em “dobro”: dois cilindros paralelos alimentados por dois carburadores e com duas saídas de escape, uma de cada lado. Vale ressaltar que o modelo ainda não está homologado para o Promot 3, de acordo com a própria empresa.

Para reforçar o visual esportivo, a Kahena equipou sua 250 cc com garfo telescópico invertido na dianteira (na cor dourada) e guidão estilo “Tomaselli”, ou seja, com dois semi guidões fixados à mesa. Com isso a proposta é ser uma moto urbana com um toque de esportividade.

Ao subir na Kahena 250 Dual, as pedaleiras recuadas e o guidão tornam a posição de pilotagem bastante esportiva e não muito ergonômica para um modelo urbano. Ergonomia, aliás, não é o forte do modelo. O banco de espuma macia demais faz com que o piloto fique “jogado” sobre o tanque. Outro ponto negativo são os nada funcionais punhos de comando. Além de ultrapassados, estão posicionados de tal maneira que não facilitam o acionamento. Mas após certo tempo rodando com essa naked acostumei-me à posição, mas não com os comandos do punho.

Ronco grave

Depois de montado na moto era hora de acordar os dois cilindros paralelos do motor com comando simples no cabeçote (OHC) e refrigeração a ar. Com dois carburadores, demora até esquentar e funcionar “redondo”. Segundo a Kahena, apesar de semelhante a outras motos de origem chinesa, como a FYM, o propulsor da Dual foi construído em ligas de aço e alumínio para alta resistência. Com isso a garantia de durabilidade é de até 50.000 km. Porém, a Kahena oferece garantia de 1 ano sem limite de quilometragem para a 250 Dual.

Os números de desempenho do propulsor não impressionam: 19,8 cv a 8.400 rpm de potência máxima e 1,84 kgf.m de torque máximo a 6.200 rpm. Mas na prática, o desempenho dos dois cilindros é suficiente para transitar em avenidas de trânsito rápido ou até mesmo para manter 110 km/h na Via Anchieta, que liga a capital paulista ao litoral.

Com um ronco grave e agradável, o motor instiga a acelerar. Oferece bom torque, mas as respostas são um pouco lentas se comparadas a outros modelos com injeção eletrônica. Outro problema são as vibrações, característica de motores de dois cilindros paralelos. Apesar de o propulsor ser montado sobre coxins de borracha, as vibrações incomodam bastante em determinadas faixas de rotação, como entre 4.000 e 5.000 rpm ou acima dos 8.000 giros.

Se por um lado tem um desempenho satisfatório, a 250 Dual acaba “cobrando” por isso no quesito consumo. Rodando na cidade e em estradas, a moto Kahena fez 21,5 km/l de gasolina.

Ciclística

Além do motor, outro destaque dessa Kahena é seu sistema de freios. Na dianteira, são dois grandes discos de 276 mm de diâmetro com pinças duplas e, na traseira, um disco simples de 240 mm também com pinça dupla. Para nossa surpresa, funcionaram muito bem para parar os 157 kg (a seco) da Dual.

O freio dianteiro de certa forma tem sua atuação prejudicada pela suspensão invertida. Como é macia demais faz com que a moto “mergulhe” nas frenagens bruscas, assustando ao piloto. Em resumo o conjunto copia bem buracos e imperfeições no solo e é confortável, porém é “mole” demais para a proposta esportiva. Nada que um óleo mais viscoso não possa resolver. Segundo a Kahena, o cliente pode escolher o acerto da suspensão com outra mola no ato da compra.

Completam o conjunto rodas de liga leve de três raios calçadas com pneus da marca Duro, made in Taiwan. Vale dizer que se não têm a qualidade de marcas renomadas, os pneus ficam acima de outros modelos de origem chinesa equipados com pneus de marcas impronunciáveis.

Pontos positivos e negativos

Em geral, destacam-se como pontos positivos nessa motocicleta sino brasileira o motor e os freios, ambos com funcionamento satisfatório. Além da suspensão dianteira “mole” demais, já citada, podemos apontar os comandos como pontos negativos da Kahena 250 Dual. São completos, inclusive contando com lampejador de farol e pisca alerta. Porém tem desenho antigo e não são ergonômicos. Para piorar, as setas pararam de funcionar durante o teste – indício de um relé queimado, provavelmente.

O painel, formado por dois mostradores redondos, traz velocímetro, dois hodômetros, conta-giros, marcador de combustível e indicador de marcha engatada. Apesar de completo, também apresentou problemas. Em altas rotações, o ponteiro do conta-giros flutuava e girava solto. Além disso, o velocímetro não se mostrou muito preciso. Outro item que não funcionou durante o teste foi o alarme vendido como item opcional.

Mesmo tendo esquecido o controle do alarme na redação, para minha sorte, a 250 Dual funcionou normalmente durante o teste e nem sentiu falta do sensor. Mas, além dessas pequenas falhas, outro detalhe pesa como um ponto negativo dessa Kahena de 250cc: o preço.

Tabelada a R$ 12.800 a Kahena 250 Dual está bem mais cara que uma concorrente direta: a Yamaha YS 250 Fazer. Embora tenha motor de um cilindro, a Fazer (ano/modelo 2008) é alimentada por injeção eletrônica e está sendo comercializada por R$ 10.477. Por outro lado, a Kahena custa menos que a Kasinski Comet 250, outra naked que opta por motor de dois cilindros, porém em “V”. Com 32,5 cv de potência máxima declarada, a Comet tem preço sugerido de R$ 14.490. Nesse cenário, ganha o consumidor que quer sair das 125/150cc e dar um upgrade em sua vida de motociclista.


FICHA TÉCNICA
Motor:  Dois cilindros paralelos, refrigeração a ar, Comando simples no cabeçote (OHC)
Diâmetro x curso:  não disponível
Taxa de compressão:  9,4:1
Capacidade:  250 cc (aproximada)
Potência máxima:  19,8 cv a 8.400 rpm
Torque máximo:  1,82 kgf.m a 6.200 rpm
Alimentação:  Dois carburadores
Câmbio:  cinco velocidades
Transmissão final:  Corrente
Quadro:  Tipo diamante
Suspensão dianteira:  Garfo telescópico invertido
Suspensão traseira:  Balança monoamortecida
Rodas: Aro 17” em liga-leve
Pneu dianteiro:   110/70 - 17
Pneu traseiro:   140/70 - 17
Freio dianteiro:   Dois discos com 276 mm de diâmetro e pinça de dois pistões
Freio traseiro:   Disco único com diâmetro de 240 mm e pinça com duplo pistão
Distância entre eixos:  1.390 mm
Altura do assento:  820 mm
Altura:  1.260 mm
Largura:  800 mm
Comprimento:  2.210 mm
Peso a seco:  157 kg
Capacidade do tanque:  15 litros
Cores:  Preta
Preço:  R$ 12.800

Fotos: Gustavo Epifanio

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