Mar vermelho e luz verde em Jedda, ultimas notícias do ano!

O mundo não pára e tudo acontece ao mesmo tempo! Cada um com seu Rally, o nosso é deixar você por dentro de tudo!

Por Trinity Ronzella

Texto: Luiz Mingione / Fotos: Divulgação

 

 Preparativos finais

Os preparativos finais para o Dakar pelo terceiro ano consecutivo em Jeddah, nas margens do Mar Vermelho, o Estádio King Abdallah, local onde a organização está encarregada de realizar as verificações técnicas e administrativas do rally, e no mesmo local os médicos e suas equipes também trabalham na prevenção da COVID. Está sendo realizado no local uma campanha para a realização de 3.500 testes de PCR em todas as pessoas credenciadas para o rally, seguindo um protocolo que já incluía um teste negativo para a entrada na Arábia Saudita.

Depois de cumprir os requisitos sanitários, pilotos, navegadores e pessoal das equipes percorreram todo o circuito de controle com a ideia de iniciar a primeira etapa no dia 1º de janeiro.

 Os BRXs de Sébastien Loeb e Nani Roma deixaram mais do que claras as suas ambições na categoria carros, tal como os pilotos Honda, equipe vencedora das duas últimas edições sobre duas rodas. Agora, os seus rivais da Yamaha têm um novo trunfo na equipe, ninguém menos que Andrea Peterhansel, esposa do 14 vezes campeão do Dakar em carros e motos, Stéphane Peterhansel, ela vai ser responsável em colocar ordem nos bastidores da casa azul para tentar reconquistar o título conquistado pelo seu marido em 1998.


Nem tudo é alegria

Também em um ambiente geral de convivência e reencontro, muitos pilotos quiseram recordar hoje Karel Loprais, o seis vezes campeão da categoria de caminhões que faleceu ontem, dia 30/12 na República Checa.

A categoria caminhões do Dakar perdeu uma de suas grandes figuras históricas no mesmo dia em que começaram as verificações técnicas para o Dakar 2022. O coração de Karel Loprais, doente há semanas, parou de bater na República Tcheca, onde foi considerado um verdadeiro herói após conquistar seis vitórias no comando de seus caminhões Trata (1988, 1994, 1995, 1998, 1999 e 2001). O piloto de Ostrava alimentou o orgulho de um país inteiro e foi nomeado embaixador nacional da segurança no trânsito, sem falar nas páginas douradas que escreveu na história do Dakar: apenas Vladimir Chagin (7 títulos) e Stéphane Peterhansel (14 títulos) superam o checo nas estatísticas. Depois de triunfar nas pistas conseguiu transmitir sua paixão a toda a família e, em particular, ao sobrinho Aleš, que hoje se apresentou na Arábia Saudita para participar de seu 15º Dakar como piloto. “Ele foi um ícone para nós. Ele levou o automobilismo e a categoria de caminhões ao topo na República Tcheca”, explica o empolgado piloto que descobriu o Dakar como navegador na cabine do tio. “Sempre estivemos em contato porque preparamos os caminhões juntos: ele vinha nos ver todas as manhãs para tomar um café e perguntar sobre nossas “damas” é assim que chamamos os caminhões. É uma perda indescritível, mas com certeza ele virá conosco neste Rally. Ele sempre foi otimista quanto às nossas chances. Ele só me disse você já sabe o que fazer’”. Os organizadores do Dakar transmitem as suas condolências à família e amigos de Karel Loprais, começando pelos membros da equipa Instaforex Loprais de Praga.

Foto: Divulgação - Karel Loprais

 

Sebastien Loeb “Encontre um Bom Ritmo e não Perca a Humildade”

O piloto francês, nove vezes campeão mundial de Rally, enfrenta sua sexta edição do Dakar, prova que o tem resistido desde sua primeira participação em 2016. Loeb veste as cores do Team BRX pela segunda vez, embora com o carro totalmente renovado e um novo copiloto, Fabian Lurquin, com quem partilhou apenas uma experiência de corrida, especificamente no Baja Aragón: “Não foi um ano sem corridas para mim, mas sem Rally/Raid. Fizemos muitos testes, mas não tantos quilômetros como gostaríamos por causa dos contratempos. O carro está ótimo e com meu co-piloto tudo está ótimo também, acabamos de começar a competir juntos. O Dakar é muito difícil, tem que encontrar um bom ritmo e não perder a humildade. O importante é que o carro seja confiável. Em qualquer caso, estamos bem preparados”.

Foto: Divulgação - Sebastien Loeb

O Nome Peterhansel Retorna para a Yamaha

O Dakar 2021 ficará para sempre na gaveta das más memórias da equipe Yamaha. Nenhum piloto da equipe azul chegou à linha de chegada. Primeira decisão, reduzir a equipe para três pilotos.

 Segunda decisão: substituir os “figurões da gestão” por uma mulher, nada menos que Andrea Peterhansel, (mulher do campeão Stephane Peterhansel, ex-piloto Yamaha nas motos). Andrea vai ser a nova diretora esportiva da Yamaha. Com o seu nome de solteira, Andrea Mayer, conquistou o 5º lugar na categoria motos em 2000 para a KTM, antes de obter o mesmo resultado nas quatro rodas em 2004 para a Mitsubishi. Claro, esse conhecimento detalhado do evento foi um diferencial na escolha da pessoa capaz de assumir o comando técnico do time Yamaha. 

Foto: Divulgação - Andrea e Stephane Peterhansel

"Marc Bourgeois, Gerente da equipe Monster Energy Yamaha Racing Rally, me contatou para ajudá-los a reestruturar a equipe. Não vai ser minha tarefa principal, mas tenho 25 anos de experiência acumulada atrás de mim. As decisões deverão ser tomadas no âmbito das funções do cargo”.  

Terceira decisão, que os pilotos da equipe, Branch, Short e Van Beveren participem das próximas quatro etapas do campeonato mundial de 2022 com as motocicletas supervisionadas tecnicamente pelo ex-mecânico de Stéphane Peterhansel. 

No final o resultado de 2021 foi coroado com as vitórias do piloto de Botsuana Ross Branch no Rally do Cazaquistão, segundo lugar em Abu Dhabi e duplo vice-campeonato mundial do francês Van Beveren. Os resultados foram satisfatórios para um líder de equipe poder avaliar as qualidades e limitações de cada um dos pilotos antes de iniciar o Dakar: “O ambiente é fantástico e os pilotos percorreram um longo caminho ao longo do ano. Adrien recuperou sua confiança e, ao mesmo tempo, sua velocidade máxima. Por seu lado, Ross aprendeu a ter mais calma na pilotagem, enquanto Andrew já é um piloto muito completo, com o seu grande talento e estratégia, é um valor garantido”

Foto: Divulgação - Andrea Mayer

 

Bradley Cox, seguindo os caminhos do seu pai Alfie Cox ex piloto do Dakar

Aos 23 anos, o piloto com o nº 49 está prestes a fazer soar novamente o nome Cox no Dakar… nas costas de uma KTM. Bradley é filho de Alfie Cox, um piloto oficial da KTM de 1998 a 2005 que subiu ao pódio do Dakar três vezes (2º em 2002) e conquistou oito vitórias em etapas. Quando esta lenda sul-africana pendurou as luvas, Bradley tinha 10 anos e já o acompanhava há 5 temporadas de motocross. Aos 15, ele tentou sua sorte no motocross europeu e se estabeleceu por conta própria na Bélgica. Depois de várias lesões, regressou ao seu país aos 18 anos, onde a sua carreira, desta vez no enduro, ia arrancar com força. Como seu pai, Bradley dominou o cenário off-road na África do Sul por um tempo, antes de receber inspiração de um de seus rivais locais: “Dois anos atrás, eu vi o sucesso de Ross Branch e isso me fez querer me testar no rally. Depois dos contratempos com a COVID, finalmente pude participar do Rally do Marrocos em outubro”. Uma primeira experiência que Alfie, o pai, pôde assistir ao vivo, “Nos primeiros dias, perguntei se ele realmente queria se levantar no meio da noite para congelar nas etapas do Dakar. Ele disse que sim, sem mais delongas, então vá em frente”. Desde então, Bradley se preparou totalmente para "seguir o rastro de meu pai, vinte anos depois". Uma adaptação que inclui até o estilo de pilotagem: “Quando vemos imagens minhas e do meu pai numa moto de rally, somos ambos muito pequenos e estamos sempre na frente da moto. Gosto de pensar que sou mais rápido que o meu pai, mas vamos conversar quando tiver participado em tantos Dakar como ele”.

Foto: Divulgação - Pai e filho

 

O Pneu Salvador

A regra de limitar os pneus a seis para toda a corrida, introduzida no ano passado para melhorar a 'segurança passiva' dos pilotos, foi alterada em 2022 para permitir exatamente o dobro do número de pneus. A imagem de Toby Price remendando seu pneu traseiro rasgado com fitas plásticas para largada em uma etapa maratona, viralizou nas redes sociais e convenceu David Castera a revisar a regra: “Não mudou muito e trouxe complicações acima de tudo. Pecamos excessivamente e agora decidimos encontrar um meio termo, limitando a troca em um pneu por dia, assim eles terão que administrar melhor os recursos”. O objetivo continua o mesmo, induzir os pilotos a ir com calma para correr menos riscos. Doze pneus do mesmo modelo para os treze dias de prova, onde são contados dois dias da etapa maratona, com penalização em caso de troca por outro competidor. As etapas mais longas vão ser no segundo e terceiro dia de corrida, portanto, podem haver algumas surpresas reservadas em breve.

A Transição de Pablo Quintanilla

Depois de duas vitórias consecutivas, não há dúvida que o clã Honda gostaria de ter aparecido em Jeddah sem mudar no mínimo seus planos. Já Kevin Benavides, atual campeão deste ano, foi contratado como piloto oficial KTM, onde levará o número 1. Imediatamente o HRC contratou Pablo Quintanilla, ex piloto da Husqvarna. O chileno imediatamente se sentiu à vontade com sua nova moto, a CRF 450 Rally e de cara conquistou uma vitória no Rally do Marrocos em outubro passado. A nova contratação da equipe vermelha está mais do que pronta para vencer o seu primeiro Dakar: “Sinceramente, sinto-me muito bem com a moto e com esta equipe. Fiz muitos quilômetros com a moto e pareço forte e pronto para o Dakar 2022. Todos os pilotos têm experiência e são diferentes em cada equipe. Joan Barreda é o veterano da equipe e tem velocidade,  “Nacho” ,o José Ignacio Cornejo, é muito bom na navegação, o Ricky já sabe o que fazer para ganhar o Dakar. De qualquer forma, acho que há uma boa combinação que nos dá as ferramentas necessárias para conseguirmos o título. É o meu segundo Dakar, tenho milhares de quilômetros atrás de mim, tenho velocidade e nos últimos meses tenho treinado muito no Norte no Chile com o “Nacho”. Acho que melhorei muito minhas habilidades de navegação em relação aos anos anteriores”.

Clássicos com Estilo

Serão 144 veículos que vão largar na segunda edição do Dakar Classic no dia 1º de janeiro. "La Marseillaise" acompanhará a saída de 44 tripulações francesas, a maioria com veículos de 1980 a 2000. Por sua vez, 37 pilotos espanhóis, 18 italianos, mais os holandeses e belgas tentarão arrancar a coroa do francês Marc Douton. A única pessoa não europeia que viajou para a Arábia Saudita é uma mulher: Amy Lerner, uma americana que, como a atual campeã de duas outras equipes, dirigirá um Porsche 911. 

À frente daqueles quatro lendários veículos do Dakar dos anos 80, haverá um quarteto de Lada Niva, três 504S e, surpreendentemente, não mais do que seis Range Rovers. O que não é nada surpreendente é ver 41 Toyota, 15 deles HDJ 80. Na linha de partida serão 19 Mitsubishi para manter seu recorde de 12 vitórias da marca, seguidos de perto por 12 Mercedes na categoria de automóveis. Nos caminhões, não há dúvida de que a fabricante de Stuttgart, a Daimler AG será a maior com oito representantes contra quatro da MAN.

Foto: Divulgação - Niva

 


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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