Entrevista: Leandro Torres, campeão de UTV no Rally Dakar 2017
Piloto carioca conquista uma façanha inédita para o Brasil na principal competição Off Road do planeta
Por Aladim Lopes Gonçalves
Por Aladim Lopes Gonçalves
Planejamento, foco e estratégia são palavras do dia-a-dia dos executivos da área financeira, entre eles Leandro Torres. Aos 45 anos, o executivo carioca usou sua experiência para ser campeão da categoria UTV (Utility Terrain Vehicle) no Rally Dakar 2017. Em sua segunda participação na prova, Leandro Torres pilotou um Polaris RZR 1000 e teve ao seu lado o experiente Lourival Roldan, de 58 anos, como navegador. A dupla brasileira venceu com quase cinco horas de vantagem sobre os chineses Wang Fujang e Li Wei.
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Nessa entrevista, Leandro Torres fala sobre a inédita vitória brasileira no rallly mais difícil do mundo. O piloto também revela a tática adotada para superar as dificuldades da prova que percorreu Paraguai, Bolívia a Argentina em mais de 9.000 km ao longo de 12 dias de competição.
PERGUNTA: O que representa essa vitória no Rally Dakar para você?
LEANDRO TORRES: Ela veio coroar o planejamento, o foco! Competimos com a mesma equipe que montamos em 2016 e focamos na vitória e a conquistamos. Participamos como dupla pela primeira vez no ano passado. Somos maduros e nos respeitamos e tínhamos o foco em nosso resultado. Apenas a vitória interessava.
PERGUNTA: Qual foi a maior dificuldade?
LEANDRO TORRES: A navegação. Por isso a experiência de Lourival foi uma vantagem em relação aos competidores. Aliás, esse ano, a organização dificultou bastante as coisas. A bússola não informava a direção a seguir quando estava a 90 metros do posto de controle virtual (PC). Por isso muita gente se perdeu. Encontramos competidores que estavam perdidos há mais de duas horas.
PERGUNTA: Que estratégias vocês usaram?
LEANDRO TORRES: Muitas. Entre elas descobrimos as dificuldades dos oponentes e as usamos a nosso favor. Um exemplo foi com o russo Meganovi Ravil que disputava a liderança conosco. Soube que ele não gosta de pilotar na areia fofa – conhecida como fesh fesh. Quando passamos por lá aceleramos tudo, assim ele teria que fazer o mesmo para não ficar para trás. E deu certo. Ele entrou em pânico e acabou tento problemas no seu UTV.
PERGUNTA: O UTV é um veículo pouco conhecido no Brasil, porém ganhou uma categoria exclusiva no Dakar deste ano. Qual o motivo?
LEANDRO TORRES: O UTV (Utility Terrain Vehicle) faz sucesso, pois oferece o que há de melhor entre a moto, quadriciclo e carro. O curso de suspensão é o mesmo da moto, oferece o prazer do quadriciclo e a segurança do carro, pois estamos protegidos pela gaiola.
PERGUNTA: Você acha que a categoria terá sucesso entre os competidores do Dakar?
LEANDRO TORRES: Em 2015 tínhamos apenas 5 UTVs. Com a criação da categoria passamos para oito e aposto que teremos cerca de 40 no próximo Dakar, principalmente pelo baixo custo em relação aos carros. Para competir de UTV você gasta o dobro do que gastaria em uma moto, porém esse valor representa 35% do custo de competir de carro.
PERGUNTA: Qual a autonomia e velocidade máxima de um UTV?
LEANDRO TORRES: Meu UTV é um Polaris RZR 1000 com modificações no chassi e itens de segurança. Outra preocupação é a refrigeração, para isso tem radiadores maiores - tanto de água quanto de óleo. Ele atinge a velocidade máxima de 120 km/h e tem autonomia para 1.000 km com seu enorme tanque para 200 litros de gasolina.
PERGUNTA: Já faz planos para o Dakar 2018?
LEANDRO TORRES: Ainda não estou pensando nisso. Agora, quero curtir a repercussão positiva do nosso título nesse tipo de veículo que conheço tão bem. Competi nos três últimos Rali dos Sertões com o meu UTV Polaris, mas não represento nenhuma marca. Pretendo continuar competindo na categoria.
Fotos: Victor Eleutério, Marcelo Machado, Jose Mario Dias, Gustavo Epifanio/Fotop/Divulgação
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