Rally dos Sertões: Entrevista com Paulo Gonçalves

Atual campeão da prova, o piloto português, da forte equipe Team HRC, espera repetir a dose em 2014

Por Aladim Lopes Gonçalves

Aos 35 anos, o português Paulo Gonçalves, da Team HRC (Honda Racing Corporation), está no Brasil para a disputa de mais um Rally dos Sertões. Campeão no ano passado da prova e também detentor do título mundial de Rally Cross Country, Paulo quer novamente a vitória na competição, na categoria motos.

Nessa entrevista sobre a principal competição Off Road do Brasil, o piloto português faz uma análise da edição 2014 do Rally Sertões, das dificuldades, adversários, dos brasileiros da Equipe Honda Mobil e do sucesso português no off-road.


Pergunta: Ser o atual campeão mundial de Rally Cross Country e atual campeão do Rally dos Sertões nas motos aumenta a responsabilidade para a edição da prova de 2014?
Paulo Gonçalves: Meu objetivo é lutar pela vitória e recuperar pontos na classificação do Campeonato Mundial. Neste ano, estou em uma situação confortável, porque tenho boas informações sobre a corrida do Brasil. Espero fazer uma ótima prova.

P: Quais as dificuldades do Rally do Sertões? O que você destaca da experiência de 2013?
PG: Não encontrei dificuldades no ano anterior. O Sertões é uma corrida que gosto muito, muito bem desenhada, todos os lugares por onde o rali passou são diferentes e muito interessantes. A prova nos mostra como é a cultura do Brasil. Os lugares por onde o Sertões passa são fantásticos!

P: Neste ano, o Rally do Sertões terá sete ao invés de dez etapas. Você gosta dessa mudança?
PG: De um modo geral seria mais interessante para mim que a corrida fosse novamente mais longa, como o ano passado. Poderia ter mais vantagens para tentar recuperar a diferença de sete pontos para o primeiro classificado do Mundial este ano. Esta mudança coloca o Rally dos Sertões no mesmo nível das outras provas do campeonato, em termos de número de dias. Por isso, vamos encarar de igual para igual e lutar para fazer o melhor possível que é a vitória.

P: Você já participou de outras provas no Brasil? Você gosta do nosso país?
PG: Tenho uma relação muito positiva com o Brasil. Esta será a minha terceira prova no Brasil. No primeiro ano consegui ganhar etapas, mas devido a um problema mecânico não consegui um bom resultado final. Mas em 2013, além de vencer etapas, ainda consegui a vitória no Sertões. O resultado final me favoreceu para conquistar o título mundial. Por isso, só tenho boas referências deste país. O povo brasileiro é muito carinhoso comigo e me sinto em casa. E isso me motiva muito para competir!

P: Uma das cenas mais emocionantes do Dakar 2014 foi seu abandono na prova. Como foi esse momento?
PG: Já tinha desistido duas vezes por acidente, mas desta vez foi diferente. Foi um momento difícil quando abandonei o Dakar. Mas rapidamente recuperei para as próximas provas, voltei a competir de cabeça erguida e venci em Dubai. São situações que nos são alheias. Temos de olhar para frente e encarar os novos desafios sempre com o maior otimismo.

P: Quais os aspectos positivos e negativos dessa experiência?
PG: De bom não trouxe nada. De ruim: perdemos um ano de trabalho devido ao incêndio.

P: Como você se preparou para o Rally dos Sertões 2014, já que as etapas do Mundial são realizadas em dunas e desertos? Você acredita que os brasileiros têm vantagens por estarem mais habituados ao piso?
PG: Este ano será diferente, pois não navegaremos em áreas sem estrada. Por isso será muito semelhante ao que temos em Portugal, que são os Bajas. Por isso acredito que estaremos em pé de igualdade com os pilotos brasileiros. Estamos fazendo um bom em diferentes pisos e o comportamento da nossa moto Honda CRF 450 Rally tem sido incrível. Estamos no bom caminho para enfrentar qualquer desafio e este será mais um para cumprir com elevado nível. Assim esperamos.

P: Você faz parte da Team HRC que está em estrutura juntamente com os pilotos brasileiros da Equipe Honda Mobil. Como está sendo esse convívio?
PG: Conheço bastante bem as pessoas da Honda Brasil. É uma estrutura muito profissional e com a qual tenho uma relação ótima. Eu já tinha uma boa estrutura quando estava em outras equipes, mas agora, como companheiros na Honda, estamos mais unidos. Uma verdadeira família. É sempre um prazer enorme desfrutar do suporte que temos no Brasil.

P: No futebol, Portugal não teve um bom desempenho na Copa do Mundo do Brasil. Porém, nas duas rodas, os portugueses têm tido ótimos resultados. No seu caso, é atual campeão mundial de Rally Cross country e também do Rally dos Sertões. No motocross, o Paulo Alberto, da Equipe Honda Mobil, desde o ano passado tem ganhado os principais campeonatos aqui. Como você explica esse sucesso português nas motos?
PG: Penso que isso é tudo fruto do trabalho que nós estamos realizando ao longo dos anos. Mas tudo se deve também à vivência do esporte no nosso país, tanto no motocross quanto no rali, competições que temos grandes pilotos em equipes de fábricas e outros tantos com capacidades de lutar por lugares de destaque em provas internacionais.

P: Quem você considera seus principais adversários?
PG: Temos um grupo de sete ou oito pilotos preparados para lutar pela vitória no Brasil. Vamos ter o vice-campeão mundial e atual líder do campeonato (o espanhol Marc Coma) em busca da vitória e ainda outros tantos pilotos de equipes oficiais com vontade de estar na frente. Por isso, devemos temer todos os pilotos na hora da verdade.

P: Com 19 participações no Rally dos Sertões, o brasileiro Jean Azevedo, da Equipe Honda Mobil, é um adversário forte?
PG: Sim, o Jean Azevedo é um adversário muito forte. Ele é sempre um piloto a considerar, tem um currículo fortíssimo no Brasil e será certamente difícil batê-lo pelo fato de ele estar correndo em casa. Mas há outros bons pilotos brasileiros também.


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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