Mundial de MX: Gustavo Henn corre sua primeira etapa

Promessa brasileira, piloto de apenas 17 anos, encara pela categoria MX2 sua primeira prova internacional

Por Paulo Souza

O piloto catarinense Gustavo Henn de apenas 17 anos, se destaca no cenário nacional de Motocross e já é apontado como o futuro do esporte. Há quatro anos competindo, Gustavo Henn garantiu um título brasileiro na categoria 85cc e agora conquistou uma vaga no MX2 para disputar a etapa brasileira do Mundial, que acontece neste fim de semana, dias 19 e 20, no Parque Beto Carrero World, em Penha (SC).

Gustavo Henn faz parte da equipe Pro Tork e conta com grandes companheiros, entre eles, Jorge Balbi Júnior, atual campeão brasileiro e da Superliga e Milton “Chumbinho”, seu instrutor.  “Estou ao lado dos melhores pilotos do país, eles estão me ensinando muita coisa. Conversamos muito durante as competições, eles me ajudam na preparação técnica e física, orientam o meu mecânico no acerto da moto, enfim, é uma grande parceria.” Disse Gustavo Henn.

Com uma trajetória ainda pequena no motocross, Gustavo Henn já se tornou profissional e planeja correr futuramente no campeonato americano AMA. “Correr o AMA seria uma grande conquista. Tive a oportunidade de treinar nos Estados Unidos e participar de umas provas amadoras por lá. Queria poder viver tudo isso um dia e ainda me sobressair. Mas mantenho meus pés no chão e sigo trabalhando firme. O que tiver que ser, será”, ponderou o piloto.

Confira a entrevista completa de Gustavo Henn:

Ano passado você conquistou o título brasileiro de motocross na categoria 85cc, chamando atenção pelo número de vitórias e a vantagem que abriu sobre os adversários. Mas antes disso, pouca gente no esporte lhe conhecia. Como foi o seu começo?

Gustavo Henn: É verdade, a maioria dos pilotos são filhos de ex-pilotos e chefes de equipes, mas eu não tenho este tipo de ligação e ninguém sabia de onde eu vinha até eu me destacar. O interesse surgiu a partir de alguns amigos que andavam de moto e organizavam regionais. Eu ganhei minha primeira motocicleta em dezembro de 2007, mas foram três anos de muita insistência até que meus pais cederam. Então, eu estava com aquela máquina na mão, mas não sabia nada, nem ligar a motocicleta (risos). Acontece que eu queria praticar motocross! Felizmente, meus pais resolveram apostar em mim. Já no início de 2008, passei a treinar com o Milton “Chumbinho” Becker. Ele me ensinou os primeiros passos, acho que não poderia ter escolhido um professor melhor, não é? Vendo toda a história dele, passei a me interessar, já não queria apenas saber andar, queria ser um piloto profissional. Então, fui atrás de um mecânico e conheci o Cristiano Giovanela, que trabalha comigo até hoje. Ainda em 2008, fiz duas etapas do Brasileiro de Motocross, mas fiquei lá para trás. Já em 2009, corri toda a temporada e terminei em 15°. Em 2010, vinha muito forte, estava em terceiro na tabela, mas acabei quebrando o braço e tive que passar por cirurgia. Logo quando eu retomei o treino, quebrei o pulso e encerrei o ano de molho. Os primeiros anos foram difíceis, a adaptação foi lenta, e eu ainda competia com atletas que passaram por categorias de base, que tinham mais experiência. Mas, ao lado do Chumbo e do Cris, aprendi a ser disciplinado, assim que me recuperei, me foquei no que eu mais queria. Em 2011 levei quase todas e garanti o caneco nacional na 85cc.

Você é um adolescente e a vida de atleta requer muitos cortes. Como você lida com isso?

Gustavo Henn: A vida é feita de escolhas e eu escolhi ser piloto profissional. Sou bastante disciplinado, levo a sério meus treinos, folgo apenas no domingo, não vou a festas, não bebo. Sigo muito aquilo que os meus pais e os profissionais que estão ao meu redor me dizem. Meu estudo é à distância, através de uma escola de São Paulo, atualmente estou no terceiro ano do ensino médio. Foi a melhor forma que encontrei para conciliar com a minha rotina de treinos e competições, já que viajo bastante também. Eu faço aquilo que amo, logo, abrir mão de algumas coisas não se torna um sacrifício.

Quatro anos competindo e você já garante uma vaga para participar de uma etapa do Mundial. Muitos queriam estar no seu lugar. Como você encara esta oportunidade?

Gustavo Henn: Eu estou muito feliz com esta oportunidade e com tudo que venho conquistando desde que resolvi me tornar um piloto profissional. Jamais imaginei que tudo ocorreria tão rápido. Disputar uma prova ao lado dos melhores do mundo é um sonho, irei alinhar no gate com o Jeffrey Herlings, que é um ídolo para mim. Esta será uma grande experiência e quero aproveitar ao máximo para crescer com ela. Eu aprendo muito observando e não há cenário melhor para isso que o Mundial.

Ouve alguma preparação especial para esta participação no Mundial? Você traçou uma meta?

Gustavo Henn: Não alterei minha rotina de treinos em função do Mundial, nem tracei uma meta para a etapa. Este é meu ano de estreia na categoria MX2 e desde o início da temporada minha única intenção é evoluir a cada prova. Não tenho chances reais de brigar por títulos, ainda estou domando a 250cc, enquanto outros pilotos já fizeram isso faz tempo. Não sinto a menor pressão e isso está sendo muito bom, pois, mesmo sem cobrança, estou conseguindo crescer e me preparar para os próximos anos. Quero sempre fazer o meu melhor e é isso que planejo para esta etapa do Mundial, representar bem a minha equipe, a Pro Tork 2B Kawsaki Racing.

Na temporada passada, você teve a oportunidade de conhecer a pista durante a disputa da Superliga, apesar da prova ter sido cancelada devido ao mau tempo. Qual sua impressão sobre ela?

Gustavo Henn: Eu gostei muito da pista, lembro que acabei fazendo o melhor tempo no treino cronometrado daquela etapa. É um traçado bastante técnico e, com as melhorias para o Mundial, deve ficar com várias canaletas e buracos. É um circuito difícil, estou ansioso pela disputa.

Um fato curioso é que você tem largado na frente nas últimas provas, superando pilotos mais experientes. Como é sair na ponta e lidar com a pressão de ser perseguido? Você está pronto caso isso ocorra no Mundial?

Gustavo Henn: Estou treinando muito largada, acredito que o meu peso contribui um pouco para que eu saia na frente (risos). Largar em primeiro é uma grande vantagem, mas ainda não é fácil para mim lidar com os adversários atrás, muito menos manter a posição. Geralmente eu aguento apenas uma ou duas voltas, pois acabo escolhendo linhas não tão rápidas, não tenho ninguém na minha frente para me guiar, enfim. Estou naquele processo de adaptação e evolução que já mencionei. Tem rolado uma brincadeira durante os treinos e estou provocando meu mecânico Cris para apostarmos algo em relação a isso no Mundial (risos). Quero ganhar alguma coisa se eu largar na frente! Na verdade, tudo isso é s&o acute; para descontrair, seria muita sorte se isso se tornasse realidade. Se já é difícil largar e manter a ponta nos nacionais, imagina no Mundial. Ainda é algo distante, mas sonhar é preciso (risos).

O fato de integrar uma grande equipe está lhe ajudando a crescer na modalidade?

Gustavo Henn: Com certeza. Quando eu iniciei meus treinos com o Chumbinho e vi tudo o que ele conquistou ao lado da Pro Tork, ficava imaginando o dia em que seria seu colega de equipe. O time é bastante forte, além do Chumbo, tem ainda o Antonio Jorge Balbi Júnior, atual campeão brasileiro e da Superliga. Estou ao lado dos melhores e eles estão me ensinando muita coisa. Conversamos muito durante as competições, eles me ajudam na preparação técnica e física, orientam o meu mecânico Cris no acerto da moto, enfim. É uma grande parceria. Além disso, conto ainda com os melhores equipamentos. Se eu garanti esta vaga no Mundial, boa parte se deve a equipe e ao trabalho que está sendo feito. Sinto muito orgulho em representar a Pro Tork e es pero dar muitos títulos a ela ainda.

Agora que você já se tornou profissional, qual é a maior conquista que você pode imaginar para o futuro?

Gustavo Henn: Correr o campeonato americano, o AMA, seria uma grande conquista. Este ano tive a oportunidade de realizar uma pré-temporada nos Estados Unidos, até participei de algumas provas amadoras por lá. É uma realidade bastante diferente da nossa, eles estão muito a frente e tudo impressiona. Queria poder viver tudo isso um dia e ainda me sobressair. Mas mantenho meus pés no chão e sigo trabalhando firme. O que tiver que ser, será.

Fotos: Maurício Arruda/Divulgação


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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