Eu pratico motocross!
Internauta descreve a experiência e a emoção de entrar na pista pela primeira vez e acelerar à vontade
Por Usuário Motoreporter
Por Usuário Motoreporter
Maicon Ribeiro de Santana
Sonhar. Uma palavra com diversos significados, mas tudo na vida começa com um sonho, depois se torna um objetivo. Aproveitando um sábado livre fui conferir a inauguração do Arena Ville Sport, em Santana de Parnaíba. Com uma estrutura ótima, a pista é mais um impulso para este esporte que cresce muito no país. Vários pilotos já estavam no local quando cheguei, por volta das 11h.
Motos de todas as marcas e modelos. Honda, Kawasaki, KTM, Yamaha, Suzuki. De encher os olhos, quem gosta de motos entende este sentimento. Minha motoca não é lá essas coisas, mas para começar esta bom. Passei quase dois meses melhorando minha Bros 150: freios, suspensão, CDI, parte elétrica. Fiz o melhor que pude, e o que a grana possibilitou. O que queria mesmo era colocar ela na pista.
O primeiro contratempo: a bateria. O jeito foi pegar embalo e ligar a moto no tranco. Com a moto ligada, hora de colocar o capacete e as luvas. Neste momento um filme passou diante de meus olhos. Desde de pequeno gostei de motos, é algo que geralmente passa de pai para filho.
E no meu caso não foi diferente, lembro do meu pai chegando em casa na sua XLX 250 e de como eu o imitava na minha bicicleta, batendo o pé no chão fingindo ligar uma moto, que nunca ligava na primeira vez... mas pegava, e eu saia acelerando pelo quintal, imitando o som do motor. Não me lembro quando nem onde, mas um dia me deparei com uma mini-moto. Fiquei encantado e meu pai disse: "Essa é para motocross". Não sabia o que era isso, fiquei curioso e descobri o que era esse tal de motocross no video game.
Desde então, quando tinha oportunidade dizia: - "Pai, eu quero uma mini-moto!". Ele não me levava a sério, e respondia com um sorriso ou me dizia: - "Você já tem sua bicicleta". O tempo passou e o desejo de praticar motocross ficou guardado em mim, sempre fui realista e sabia que era algo distante. Mas dar uma moto a uma criança envolve muitas coisas além do fator financeiro. Imagino a reação da minha mãe caso meu pai desse uma moto e me levasse para uma pista: - "Você está louco? É perigoso!".
E esta foi exatemente a reação da minha mãe quando meu pai resolveu me dar uma cg 95 quando eu completei 18 anos. Mas mesmo achando perigoso minha mãe sabia que cedo eu tarde eu teria uma moto, e o brilho nos meu olhos que surgiu quando meu pai me avisou sobre o presente a fez mudar de idéia. Afinal, toda mãe quer a felicidade do filho. E naquele momento me senti muito feliz, não só por ganhar o melhor presente que já recebi do meu pai até hoje, mas por saber que ele me levava a sério e sabia o quanto eu gostava de moto, só estava esperando o momento certo para me dar o presente. Desde então me viciei em motocicleta. Bons momentos com a minha titan 95.
Outras motos vieram, e a paixão por motos aumenta a cada dia, tanto que criei o site no qual escrevo agora. Mas faltava algo, aquele espirito competitivo e o desejo de praticar motocross ainda estava presente em mim. Um sonho pode demorar, mas com força de vontade ele sempre se realiza. E assim, com apoio da minha família e da minha noiva, que está sempre comigo nas aventuras de moto, resolvi comprar minha motoca. A verba era curta, mas era o suficiente para comprar uma moto de trilha usada. Encontrei uma Honda Bros 150 com kit da CRF, a moto estava um pouco maltratada.
Fiquei sabendo que a pista do Arena Ville Sport seria inaugurada no dia 20 de Outubro, teria quase dois meses para melhorar a moto e levá-la para a pista. E lá estava eu, no dia em que planejei, pronto para entrar na pista. E como disse anteriormente, todo esse filme passou na minha mente. Já ando de moto há seis anos, mas naquele momento sentia como se fosse a primeira vez. Minhas pernas e braços tremiam, respiração ofegante. Estava a poucos segundos de realizar meu sonho de infância.
Entrei na pista e no primeiro salto errei o posicionamento e cai com a frente da moto, consegui segurar o tranco e me manter na pista, que tem rampas com um grau de dificuldade bem alto e com o terreno muito arenoso, o que segura a moto, principalmente uma 150 como a minha. Apesar disso no segundo salto fui melhor e o nervosismo foi embora. Me empolguei, senti como se já praticasse este esporte há anos.
Foi uma das melhores sensações da minha vida. É apaixonante. Saltar com a moto é algo inexplicável. Mesmo com as outras motos bem melhores que a minha me ultrapassando não fiquei intimidado. Aquele momento era meu, não pensava em mais nada. Completei a primeira volta e a adrenalina estava a mil. Saltei mais alto desta vez e aterrisei bem.
Curvas bem fechadas e a areia prendendo a moto deram muito trabalho (e dores no ombro no dia seguinte). Tudo ia bem até que errei a marcha no terceiro salto da pista. A moto suibiu muito e foi embora, sem mim. Fiquei em pé (pelo menos não cai) e a moto bateu a traseira na areia e tombou. Nada muito grave. Apenas alguns arranhões (mais alguns para a coleção que ela já possuí) e o paralama traseiro se soltou com o impacto. Recolhi a peça, liguei a moto, e fui para os boxes (que no caso é o porta-malas do carro).
Estava louco para voltar para a pista, arrumei a carenagem que havia caído, sacudi a poeira e dei a partida na moto, mais uma vez a bateria me deixou na mão. Sem a partida elétrica o jeito foi dar um tranco novamente. Tentei uma, duas, três vezes e nada. Pelo jeito a moto estava mais cansada do que eu. Hora de recolher as ferramentas, engatar a moto no carro e voltar pra casa. Fiquei um pouco frustrado, mas essas quatro voltas valeram a pena.
Agora é cuidar da moto, comprar uma bateria nova, e partir para pista novamente. Quero andar na pista do MX Park, em itaquera, na próxima vez. Pelos vídeos percebo que é uma pista com grau de dificuldade menor, com menos saltos e um terreno mais rígido. Bom para iniciantes como eu.
Minha bros, assim como a minha CG, ainda vai me dar muitas alegrias. Não só no esporte como na vida. Se você sonha com algo, não desista. A única pessoa que pode dizer o que você pode ou não fazer é você mesmo. Esperei por 14 anos, mas agora posso dizer. -"Eu pratico motocross!".
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