Entrevista: Duda Parise faz sua história no motocross

Piloto gaúcho da equipe Escuderia X supera todos os desafios e conquista o caneco do Campeonato Brasileiro de Motocross na categoria MX3

Por Aladim Lopes Gonçalves

Depois de conquistar seu segundo título brasileiro de motocross na categoria MX3 Duda Parise anunciou sua despedida das pistas. O piloto gaúcho encerra sua última temporada no motocross nacional com o título invicto de 2015, no qual superou desafios com seus competidores e também com ele mesmo.

A fera do motocross enfrentou bravamente uma lesão no joelho e deu o seu melhor para levar a Escuderia X ao topo do pódio em todas as etapas disputadas. Afastado das pistas em 2013 por conta de uma grave lesão, o atleta retornou às competições em 2015, ao receber o convite para compor a Escuderia X.

Dezessete vezes campeão gaúcho de motocross, campeão brasileiro de supercross, campeão sul-brasileiro de motocross e integrante do time brasileiro no Motocross das Nações em 2011, ao lado de Massoud Nassar e Paulo Stédile, Duda Parise agora tem planos de se dedicar à sua nova empresa de escapamentos, em parceria com Massimo Viola e Henrique Nonnenmacher, e pretende continuar sua rotina curtindo sua família, praticando esportes e, é claro, andando de moto, mas desta vez por pura paixão.

Aos 35 anos, o piloto natural da cidade de Casca, no Rio Grande do Sul, aproveitou um pequeno intervalo na sua agenda para um bate-papo rápido, sobre sua carreira, planos futuros e relacionamento com os companheiros da equipe Escuderia X. (Speedcom) 

Pergunta: O ano de 2015 marcou uma temporada de muito trabalho e muitas vitórias em sua carreira. Você conquistou a vitória em todas as etapas do Brasileiro de MX, sempre com boas performances. Como analisa sua temporada? Conseguiu conquistar seus objetivos?

Duda Parise: Acho que fiz uma ótima temporada em questão de resultados, porém deixei muito a desejar no meu rendimento com moto. Estou sem velocidade devido à falta de treinamento com moto, em virtude  de um problema no joelho, o que me impediu de treinar como devia. Mas os esforços foram recompensados e estou feliz por fechar o ano como campeão! Minha equipe me deu muita força para chegar lá e estamos felizes pela conquista.

Pergunta: Em 2015 você passou a integrar uma nova equipe, a Escuderia X. Como avalia a parceria após este ano juntos e como foi esta experiência inédita?

Duda Parise: Apesar da distância, de não poder treinar junto, sempre tive uma ótima relação com todos, dentro e fora da pista. Considero os pilotos da equipe como meus irmãos. A Escuderia X é uma família, por isso dá certo. Os pilotos treinam juntos, todo dia um motiva o outro, e isso é um muito positivo para o motocross. O clima que se instalou entre os pilotos da Escuderia e seus profissionais é único e a equipe trabalha com muito profissionalismo e respeito ao esporte e seus atletas. É comandada por gente que ama e entende do esporte e que não mede esforços para fazer acontecer. Eles vão longe porque investem em talentos, oferecem a estrutura necessária para o piloto fazer seu melhor dentro da pista. Isso faz toda a diferença.

Pergunta: Você anunciou a sua aposentadoria após a conquista do título da MX3 em 2015. Por que decidiu se aposentar após o título? O que pretende fazer daqui pra frente? Vai realizar alguma atividade relacionada ao motociclismo?

Duda Parise: Há vários anos venho pensando em parar de competir. Esse ano tive a oportunidade de montar uma empresa de escapamentos para motos em parceria com o Massimo Viola e o Henrique Nonnenmacher e, algum dia, esperamos poder, com essa empresa, ajudar os pilotos ou ter a nossa própria equipe. Esta é a minha forma de continuar no esporte, fazendo o que eu gosto e estando sempre perto das pistas, dos pilotos e das competições, de alguma forma.

Pergunta: A vida de um piloto não é fácil, é preciso muita dedicação, empenho e coragem para enfrentar os diversos obstáculos que o esporte exige de um atleta. Em todos esses anos de carreira o que foi mais difícil pra você? E, por outro lado, o que foi mais gratificante? Se arrepende de algo que fez ou não fez?

Duda Parise: O motocross é um esporte de alto risco, às vezes o piloto está bem, ganhando tudo, mas sofre uma lesão e perde o ano. O baixo investimento por parte de empresas e a não otimização na organização dos calendários nacionais são fatores que prejudicam bastante a evolução do esporte e do profissional. Certamente esses são os pontos que mais desanimam na carreira de um piloto. Por outro lado as amizades que se formam dentro da pista, o espírito mx, e poder representar o meu país no Motocross das Nações marcaram de forma muito positiva a minha vida ao longo destes anos de dedicação ao esporte. Se existe algo que me arrependo é de não ter tentado novas oportunidades fora do país quando era mais novo.

Pergunta: Você tem vontade de exercer alguma função “política” no motociclismo nacional? Tem vontade de trabalhar para melhorar o cenário deste esporte no país? O que pensa nesse sentido?

Duda Parise: Acho difícil me envolver em algo nesse sentido agora. Acredito que para o motocross dar certo no Brasil é preciso que pessoas que realmente amam e acreditam no esporte estejam empenhadas em fazer o melhor por ele, ouvindo os pilotos, profissionais e elaborando estratégias que possam trazer benefícios reais a todos para que continuem fazendo seu trabalho da melhor forma possível e, quando conseguirmos chegar nesse ponto, acredito que não só eu, como muitos profissionais da área terão um imenso prazer em colaborar.

Pergunta: Como você avalia o cenário do motociclismo no Brasil? Acha que o esporte está no caminho certo? O que acha que pode ser mudado ou melhorado? Quais são os pontos positivos do cenário atual? O que é preciso para elevarmos o nível do nosso esporte? 

Duda Parise: Ao mesmo tempo em que vejo um cenário desanimador em relação à organização dos campeonatos, falta de incentivo das entidades para levarem os atletas nacionais para representar o país lá fora e todas as dificuldades de calendário, também vejo equipes como a Escuderia X e empresas como a Borilli Racing, que criou um centro de treinamento para pilotos,  investindo forte na evolução do esporte. Precisamos de mais iniciativas assim.

Pergunta: Quem você gostaria de agradecer por apoiar sua trajetória nas competições Off Road e pelos resultados que você colheu em sua carreira vitóriosa?

Duda Parise:  Quero agradecer a todos meus patrocinadores, a oportunidade que o Cale Neto me deu de poder fazer parte da Escuderia X, a Borilli Racing por tudo que fez e faz pelo esporte, Basalto São Cristovão por estar junto comigo desde 2001, Polibra por acreditar no meu trabalho, ao Município de Fagundes Varela por construir uma pista de MX de alto nível para treinamentos e competições e também acreditar no meu trabalho, à minha família que sempre me apoiou, mesmo me ausentando várias vezes por conta das competições, meu pai parceiro, amigo, pau pra toda obra, ao Massimo Viola que cuidou da suspensão da minha moto sempre me dando dicas de treinamentos, aos amigos, companheiros de equipe, mecânicos, pilotos e a todos que torceram por mim. Obrigado por todos estes anos juntos!

Fotos: Escuderia X/Divulgação


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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