Enduro da Independência: Histórias de seus 30 anos

Completando 30 anos de vida, a tradicional prova de off road brasileiro nos conta grandes histórias

Por Paulo Souza

Paulo Souza

Oh, Minas Gerais, Oh, Minas Gerais! Quem te conhece não esquece jamais... é no rítmo do hino do estado de Minas Gerais que os pilotos completaram a 30ª edição do Enduro da Independência. Como o própria letra diz, é impossível esquecer as paisagens e histórias por onde a competição passa.

A última edição do Enduro da Independência completou 30 anos de história do maior do enduro de Regularidade do Brasil. Em 1983 foi dada a primeira largada na Quinta do Boa Vista, com o objetivo de seguir o percurso que Dom Pedro I fez em sua última viagem do Rio de Janeiro a Ouro preto, que ficou conhecido como Estrada Real.

O grupo responsável pela prova é o mesmo até hoje, o TCMG (Trail Clube Minas Gerais). Eles levantaram toda a pesquisa do trajeto de acordo com o roteiro da comitiva imperial, que realizaram a viagem com o objetivo de unificar as correntes de oposição que disputavam a Independência do Brasil com Portugal.

Primeira Edição

A primeira edição do Enduro da Independência contou com 440 pilotos inscritos, divididos em uma única categoria com 220 duplas. A largada foi em frente à estátua de Dom Pedro II na Quinta do Boa Vista. Ainda sem muita estrutura, foi dada a largada para a primeira grande prova de off road realizada de motocicleta no Brasil.

O grande vencedor foi o mineiro de Belo Horizonte conhecido como Beto Motorauto, que enrolava a mão sempre com os giros do motor lá em cima, daí o seu apelido. Sua dupla era formada por Helder Rabelo, que juntos ficaram para a história do motociclismo nacional. “ Foi muito legal ter vencido a primeira prova, ficamos até famosos na época ao passarmos no Jornal Nacional”, disse o piloto Motorauto, que ainda acelera no Enduro da Independência.

- Minha primeira prova em 1983 eu tinha uma DT 180, era uma moto muito boa, de lá para cá, participei de 26 edições da prova, este ano estreei junto com a categoria Vintage, que são para os velhinhos, risos. Estou competindo com uma CRF 230 e pretendo continuar competindo por mais alguns anos - contou Beto Motorauto.

Planilhagem e navegação

O Enduro da Independência é a maior prova de regularidade do Brasil e uma das mais exigentes quando o assunto tratado é planilha e navegação. Para quem não conhece, a modalidade é uma prova brasileira onde o piloto que vence não é o mais rápido, e sim o mais regular de acordo com o trajeto traçado pela organização, mantendo a velocidade especificada na planilha, passando pelos pontos cronometrados na hora mais próxima, tudo acompanhando pelo seu navegador e o GPS.

Durante a largada existe um relógio oficial onde todos os pilotos devem ajustar o horário de acordo com ele. Antes da competição todo competidor recebe uma planilha, que é onde está descrito o trajeto, velocidade e tempo que deve percorrer. Cada piloto larga separadamente entre os períodos de 30 ou 20 segundos dependendo da modalidade.

Porém, antigamente não existia GPS e diversas edições foram planilhadas por pranchetas, canetas, formulários e relógio sincronizado com o oficial da prova. Sem o GPS, quem marcava os tempos dos pilotos eram alguns voluntários, que chegavam a passar mais de oito horas no mesmo lugar anotando piloto por piloto. Sem eles seria impossível saber o vencedor da prova. Na Galeria de fotos acima, você pode comparar a planilha de antigamente com a atual utilizada pelos pilotos.

Euclydes o único nos 30 anos do Independência

No ano de 1982 o carioca Adhemar Euclydes iniciou sua trajetória nas motos, um ano mais tarde ele realizou sua primeira prova do Enduro da Independência, e de lá para cá, não deixou mais de participar. Este ano se tornou o único piloto a completar as 30 edições da competição. Na primeira edição Euclydes tinha 29 anos de idade e competiu com uma DT 180, hoje com 58 anos ele participa da categoria Vintage com uma CRF 230cc.

Euclydes é um grande personagem desta grande prova de off road que é o Enduro da Independência. Em todas as categorias que se possa imaginar o carioca já participou. Sua esposa também possui o sangue off road e é outra figura carimbada da competição, ela participou de 23 provas das 30 edições.

“Me sinto muito feliz e realizado por fazer parte da história do Enduro da Independência, já tive o prazer de participar de todas as edições e em várias modalidades, inclusive com minha mulher, com meu filho e com amigos”.

Competição Feminina

O Enduro da Independência também é território feminino. A competição não seria a mesma sem o charme de algumas excelentes pilotos que deixa muito marmanjo comendo poeira nas trilhas mineiras. A cada ano a competição reúne um número de participantes femininas, ainda que pequena, esta a cada vez mais emocionante e com diversos olhares de todos os lados.

Este ano a competição reuniu seis participantes na categoria feminina com alguns nomes conhecidos no mundo off road como o das pilotos Sabrina Katana, bi-campeã da competição e com diversos títulos na bagagem e Marcella Gonçalves, campeã antecipada da Copa Pacato de Enduro Fim.

Na competição Marcella venceu o primeiro dia e no segundo teve uma queda que a tirou da competição. “Infelizmente não posso continuar, estava de olho na planilha e não percebi uma vala e acabei caindo, rompi e o ligamento do joelho. Infelizmente são coisas que acontecem, agora é me recuperar para voltar a competir”, disse a piloto que correu com o numeral 247.

Realmente o Enduro da Independência reúne grandes histórias em seus 30 anos de tradição. Segundo os pilotos de Minas Gerais, todo trilheiro deve ao menos uma vez realizar esta prova. O lema da competição é " Alguns se atrevem e nunca mais esquecem"

Fotos: Paulo Souza/ Arquivo Pessoal


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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