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Motovelocidade

Sonho e postura de campećo

28 de August de 2007

Leandro Alvares

No dia-a-dia ele é um menino como outro qualquer, que estuda, adora jogar videogame, futebol, basquete, andar de skate e bicicleta, brincar com os amigos e com a irmã mais velha. Mas quando veste seu macacão, capacete e assume o comando de sua motocicleta, Eric Granado se transforma em um garoto diferenciado, um pequeno de apenas 11 anos com cabeça de gente grande, que carrega velocidade na veia e acelera forte rumo a uma paixão, à conquista do sonho de ser campeão mundial de Motovelocidade.

Considerado por muitos especialistas como forte candidato a ser o próximo representante brasileiro na categoria máxima do motociclismo, a MotoGP, este jovem paulista começou bem cedo a sua trajetória no esporte a motor sobre duas rodas. “O meu pai corria de moto, aí eu pedi para correr também. Foi então que eu pilotei uma motinha alugada, com quatro anos de idade”, contou Granado.

“Com cinco anos e meio eu ganhei a minha primeira moto e com seis eu comecei a correr, fiz o campeonato paulista e fui campeão. Em 2005 e 2006, fui o quarto colocado na classificação do Brasileiro, disputando apenas quatro das oito corridas realizadas”, destacou o piloto, que também já contabiliza em seu currículo diversas participações em corridas no exterior.

“Minha primeira corrida internacional aconteceu em 2004, quando disputei o Mundial de MiniGP em Almería, na Espanha. No ano seguinte eu voltei a andar no Mundial, só que em Valência, e em 2006 eu participei do campeonato Espanhol,  chegando em sétimo entre 25 competidores, além de ter novamente corrido no Mundial”.

Na temporada atual, Granado tem se dedicado exclusivamente ao Cuna de Campeones Bancaja, tradicional certame espanhol de motovelocidade destinado às principais promessas do motociclismo. Promovido desde 1999, o torneio-escola foi responsável pela revelação de nomes como Hector Barberá, Hector Faubel, Sergio Gadea, Mateo Túnez e Nico Terol. E Eric não esconde o desejo de ser um dos próximos nomes desta lista.

“Meu objetivo neste ano é terminar entre os três primeiros da classificação da MiniGP, o que me dará o direito de disputar a categoria PréGP, para motos de 125cc, que já é a mesma cilindrada da classe de entrada para o Mundial de Motovelocidade”, ressaltou.

Em um calendário de sete etapas e num grid de 25 motos, o brasileiro tem mostrado ao mundo que seu determinismo não se limita ao campo das teorias. Na pista, o desempenho chama a atenção de todos, especialmente no quesito velocidade. Prova disso foi a conquista do segundo lugar no treino de classificação da etapa de abertura do certame, em Palma de Mallorca.

A corrida, no entanto, trouxe muitas dificuldades para Granado, que teve de guiar uma moto que perdia rendimento volta a volta, graças a um problema de carburação. Iniciou a disputa brigando pela ponta e terminou segurando a 15ª colocação.

Em junho, na segunda etapa, no circuito de Valência, o pequeno brazuca teve um rendimento mais discreto nos treinos, mas um resultado melhor na prova. Largou em 11º e chegou em sétimo. “Sabe quando você não está no seu dia? Pois o meu foi justamente nesta corrida”, admitiu. “A moto estava boa na corrida e eu consegui me recuperar um pouco. Eu sabia que poderia ter feito muito mais, mas ninguém está livre de ter um dia ruim e eu sei que vou fazer melhor na próxima disputa”, avisou o competidor antes de viajar para a terceira rodada, que aconteceu no dia 29 de julho, novamente em Valência.

Em sua pista predileta, utilizada inclusive pela MotoGP, Granado esteve muito próximo da tão sonhada vitória. Largou em quarto, após perder por pouco a disputa do terceiro lugar. Na corrida, porém, foi impecável. Largou bem, marcou a volta mais rápida, se alternou na liderança por diversas vezes com Jorge Martinez — atual campeão do campeonato — e na última passagem, quando pegava o vácuo da moto do espanhol para assumir a ponta, foi forçado a abandonar com a quebra da bomba d’água de seu equipamento.

Apesar da frustração e aborrecimento, o jovem astro se disse contente com sua atuação. “Eu fiz a minha parte, prometi melhorar e por pouco não venci. A moto estava esquentando muito desde os treinos e resolveu me deixar na mão justo na última volta. Paciência. Agora é pensar na próxima etapa e lutar por uma vitória que está muito perto de ser alcançada”, ponderou.

A quarta prova do Cuna de Campeones será disputada no dia 9 de setembro, em Cartagena.

Aceleradas com Eric Granado

MOTO.com.br: Você disse que gosta de jogar videogame, então quais são os jogos prediletos?

Eric Granado: Todos que envolvem velocidade. Jogo de carro, motocross e motovelocidade, claro. Não tenho muita paciência para outros tipos de jogos.

M: Como você, sendo ainda um garoto, consegue conciliar toda a rotina agitada do seu dia-a-dia?

EG: Eu tento fazer de tudo um pouco. Vou bem na escola, tiro boas notas, só que às vezes tenho um pouco de dificuldade porque eu fico muito tempo fora do colégio, por causa das corridas. Mas estou muito contente com o que faço, e quando não estou nas pistas me dedico ao máximo nos estudos. É estudo, corrida, estudo, corrida...assim que eu vivo. Eu também saio com os meus amigos para o cinema, passear, e não deixo de lado os meus brinquedos. TV eu não costumo assistir muito porque eu acho chato ficar ali parado e sentado. Prefiro jogar videogame, andar de bicicleta, skate, jogar bola e correr de moto.

M: Qual é o seu grande ídolo?

EG: São dois na verdade: Valentino Rossi e Alexandre Barros. Torço para que o Rossi seja campeão este ano, mas sei que não vai ser fácil descontar a vantagem do Casey Stoner. Quanto ao Alexandre, espero que ele conquiste mais pódios e quem sabe vitórias. Fiquei muito feliz por ele ter chegado em terceiro na corrida de Mugello. Ele merece.

M: Seu sonho é correr na MotoGP. Quando você acha que isso vai acontecer?

EG: Meu sonho não é só chegar até a MotoGP. Eu quero ser campeão em todas as categorias do Mundial. Minha meta é estrear nas 125cc entre 15 e 16 anos. Na MotoGP, quem sabe com uns 20 ou 21 anos, depois de conquistar o título nas 250cc (risos).

M: Quem acompanha o motociclismo, sabe das dificuldades enfrentadas pelos pilotos aqui no Brasil, em termos de patrocínio e investimento. O que você tem a dizer sobre isso?

EG: Penso que sou um privilegiado, por contar com grandes amigos que acreditam no meu potencial. Agradeço a todos que apostam na minha carreira, desde os meus pais aos patrocinadores e incentivadores. Só fico triste por saber que tem muita gente boa neste país que por falta de apoio não consegue se destacar. Tanto no motociclismo como em qualquer outro esporte.

M: Fale um pouco sobre seus adversários estrangeiros.
 
EG: Eles correm todo final de semana. Eu, de vez em quando, treino aqui no Brasil e tenho que me virar na pista para brigar contra os outros corredores. Não é uma tarefa fácil, mas eu a encaro com muita determinação.

M: Deveria ser muito cedo para você pensar isso, mas já passou em sua cabeça o que você vai fazer depois que realizar o sonho de vencer na MotoGP?

EG: Já pensei sim (risos). Eu quero ser chefe de equipe e contribuir para o desenvolvimento do motociclismo no Brasil. Penso até em criar uma competição, novas pistas e ajudar a garotada a chegar na MotoGP. Precisamos ter pilotos do nosso país nas 125cc, 250cc, em todas as categorias. Esse é um outro sonho que tenho, que também quero realizar.

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