Leandro Alvares
O dia 16 de fevereiro é bastante especial para Valentino Rossi, que completa nesta data seu aniversário de número 28. Sete vezes campeão mundial de motovelocidade, este franzino italiano de cabelos enrolados é um dos maiores pilotos da história do motociclismo e ainda demonstra muita garra para ampliar o quadro de conquistas no esporte a motor.
A trajetória gloriosa do “Doutor” — como costuma ser chamado — teve início em 1996, quando estreou na categoria das 125cc pela Aprilia. Logo de cara, na etapa da República Tcheca, arrebatou a primeira pole position e a primeira vitória, deixando a pista de que seu nome causaria muitas dores de cabeça para os adversários.
A comprovação do enorme talento do italiano veio no certame seguinte, com a conquista do primeiro título, após subir 11 vezes no degrau mais alto do pódio. Com o dever cumprido na categoria, transferiu-se para as 250cc em 1998, ainda como piloto da Aprilia, e partiu em busca de uma nova proeza. Mas a princípio, teve de se contentar com o vice.
Em 1999, porém, Rossi foi impecável: nove vitórias, 309 pontos e a taça de campeão para o competidor mais jovem da categoria a vencer um campeonato — contabilizava somente 20 primaveras na ocasião. Restava então as 500cc, para a qual seguiu no ano 2000.
De casa nova, Rossi levou a equipe da Honda a duas vitórias e obteve o vice, ficando atrás apenas do campeão Kenny Roberts Jr. Mas o que estaria por vir nos anos seguintes era a hegemonia de um astro. Prova disso foram as 11 vitórias em 16 provas e os 325 pontos alcançados com a moto de número 46 na temporada de 2001, em seu primeiro título nas 500cc.
Com a extinção dessa categoria em 2002, Rossi então ditou o comando da nova MotoGP. Novamente 11 vitórias em 16 corridas e o tranqüilo bicampeonato mundial. Em 2003, o tricampeonato com duas etapas de antecipação, no GP da Malásia. No saldo de conquistas, venceu nove provas e ainda teve uma vasta vantagem de 80 pontos em relação ao vice, o já aposentado Sete Gibernau.
O grande alvoroço no final daquele certame foi a mudança de equipe por parte do campeão italiano, que trocou a fortíssima Repsol Honda pelo desafio de acabar com o jejum de títulos da Yamaha, cuja última conquista fora em 1992.
O que poucos imaginavam é que já na primeira corrida com a máquina azul o tricampeão cravaria a pole e venceria. No ano, seriam nove vitórias e mais um título, o sexto caneco para a prateleira de troféus e Rossi.
Em 2005, restando quatro corridas para o término do mundial, “Vale” mostrou por que é um dos melhores pilotos da história. Conquistou o segundo troféu de campeão com a Yamaha sem dar chances para a concorrência. Foram 11 vitórias em 17 etapas e a impressionante façanha de 16 pódios.
Mas no ano passado o reinado de Rossi chegou ao fim, motivado principalmente por uma queda na última etapa do Mundial, disputada em Valência, que culminou na primeira consagração da carreira de Nicky Hayden.
Valentino chegara à prova decisiva na condição de líder do torneio e de favorito a mais uma vitória. Com a conquista da pole position, poucos acreditavam que o norte-americano da Honda conseguiria reverter o quadro da competição, pois dependeria de uma combinação de resultados para destronar o multicampeão.
Na corrida, porém, tudo mudou. Rossi largou mal e, como se não bastasse, sofreu uma queda inexplicável na quarta volta, indo parar na grama. Ao voltar à pista, passou a ocupar o último posto e partiu para um tudo ou nada. Entre ultrapassagens e abandonos, cruzou a linha de chegada em 13º, posição insuficiente para lhe garantir o octocampeonato.
Com Hayden em terceiro, ele teria de ser pelo menos oitavo para faturar a taça. No entanto, o incidente nas voltas iniciais e o visível desequilíbrio de seu equipamento impediram-no de escalar mais colocações.
O deslize cometido na decisão, contudo, não foi o único fator a ocasionar a derrota de Rossi. Em 2006, o italiano enfrentou vários problemas com a Yamaha de cor amarela — então patrocinada pela tabagista Camel —, ficando sem completar algumas etapas pelas quebras do modelo YZR-M1.
Foi também no ano passado que o corredor mais se envolveu com o mundo das quatro rodas: realizou algumas baterias de testes na Fórmula 1 com a equipe Ferrari, alimentando boatos de uma possível transferência para a categoria em 2007, testou um Maserati MC12 utilizado no FIA GT/ALMS, uma Mercedes do DTM (Campeonato Alemão de Turismo) e disputou provas de rally.
Para 2007, Rossi não esconde o desejo de voltar ao topo da categoria. Renovou o contrato com a Yamaha para até o final do próximo ano, tem estado sempre entre os mais velozes nos testes da pré-temporada e demonstrado satisfação com a máquina de 800cc da qual dispõe.
Em seu currículo na MotoGP, o italiano acumula 58 vitórias, 91 pódios, 35 poles e 49 voltas mais rápidas. É, desde já, um dos grandes favoritos ao título deste ano. Alguém se habilita a dizer o contrário?