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Motovelocidade

Entrevista: Granado conta as novidades para 2017

16 de February de 2017

Com 20 anos, o veloz e talentoso piloto  Eric Granado já competiu no desafiador Mundial de Motovelocidade  e se divide atualmente entre o  campeonato Europeu de Moto2  e o  SuperBike Brasil , quando está no país. Confira como foi nossa conversa.

Depois de Alexandre Barros, você é o piloto que mais prosperou na motovelocidade brasileira, tendo participado de 3 temporadas no Mundial de Motovelocidade. Gostaria que falasse sobre sua passagem no campeonato e o que levou de aprendizado dessa experiência.
ERIC GRANADO: Minha passagem pelo mundial foi bem desafiadora, comecei pela Moto2 com apenas 16 anos, e na metade da temporada, quando todos já tinham feito sete corridas. Foi um primeiro ano muito difícil! Em 2013 e 2014 as coisas melhoraram na Moto3, pude estar sempre entre os 15 melhores, pontuando em algumas provas e sendo mais competitivo do que na Moto2, pelo fato de estar com equipes que me davam todo o suporte que eu precisava na Moto3.

Obviamente não foi nada fácil, eu sou muito competitivo e às vezes por falta de experiência queria fazer mais do que eu podia e acabava caindo, algo que aconteceu com frequência no começo. Eu sempre fui um piloto grande em relação aos demais e na Moto3 isto fazia muita diferença também, eu passava fome e ainda pesava 10 kg a mais que alguns, como Efren Vazquez que media uns 15 cm a menos que eu.

Então eu era mais rápido em muitas curvas, mas na reta não tinha como, então muitas vezes queria frear mais tarde ou acelerar antes pra tirar esta diferença e caia, como aconteceu na Austrália em 2014, que voei em uma saída de curva e quebrei cinco vertebras, perdendo as últimas três corridas do campeonato. Ainda assim, foi uma experiência incrível, cresci muito como piloto nestes dois anos e meio de Mundial.

Em 2015 e 2016, você se dividiu entre o campeonato europeu de moto2 e temporadas no Brasil com a Honda CBR 600RR. Fale sobre como foram esses dois anos, onde apresentou melhores resultados na Europa e conquistou títulos no Brasil.
Foram duas temporadas incríveis, voltei a competir no Brasil depois de dez anos e isso foi realmente muito bom, as pessoas me conhecem bem mais agora do que antes e isso é muito bom para o nosso esporte. Fui muito bem no Brasil, vencendo todas as corridas que participei, tanto em 2015 como em 2016, com dois títulos competindo com a Honda CBR600RR.

Na Europa fui 6º em 2015 com dois pódios e 2016 foi um ano que comecei muito bem, vencendo a primeira prova do Campeonato e sendo o primeiro brasileiro a realizar tal feito. Mas, a felicidade durou pouco, na segunda bateria, liderando novamente com uma vantagem para o 2º, caí e a partir de então as coisas se complicaram durante o ano, mas ainda assim consegui mais dois pódios e terminei a temporada muito bem na última corrida com um 2º lugar, finalizando o campeonato em quarto.

Você competiu em 2015 no Brasileiro de Motovelocidade na GP600 onde deu show em todas as provas que participou e foi campeão, em 2016, repetiu o ótimo desempenho no Superbike Brasil na categoria Supersport, nitidamente sobrando na pista e sendo campeão. Como você analisa o nível dos pilotos brasileiros? O que falta para termos mais pilotos no seu nível nos grids brasileiros?

Faltam empresas apoiando nosso esporte, motos para crianças com categorias escola, desenvolvidas para crianças, com muitos pilotos, para ser competitivo e de qualidade, para se iniciarem com 6, 7 anos, não com 12, 13, que já é tarde para a motovelocidade. O mais importante, ter um campeonato que realmente ajude as crianças a crescerem e evoluírem, como ocorre na Europa, o berço do motociclismo mundial.

No Brasil, você criou uma equipe, a Granado Sport Team. Fale sobre essa iniciativa e o que planeja para ela no futuro? Gostaria de falasse também da influência do experiente Santo Feltrin na sua carreira.
Criamos a GST em 2015 para que eu pudesse correr, mas ela virou algo mais que isso. Tive companheiros de equipe que conseguiram crescer muito comigo durante os anos e isso se tornou algo especial pra mim, poder ajudar outros pilotos e ver resultado de perto é muito gratificante. A equipe se tornou cada vez mais profissional e realmente espero poder mantê-la nos próximos anos, mesmo que eu não seja o piloto, pois meu objetivo será sempre ajudar outros pilotos para que cresçam, quem sabe no futuro, jovens talentos.

O Santo é um cara que me acompanha desde que eu nasci, literalmente, ele sempre foi amigo do meu pai e da minha família, quando comecei a correr no Brasil ele foi um dos poucos que acreditou, junto com o Aurélio Barros. Desde então o Santo foi muito importante na minha carreira, principalmente na parte mental e técnica, por ser um cara muito experiente no mundo das competições. Ultimamente é ele quem viaja comigo para as corridas na Europa e no Brasil, em 2015 e 2016 foi o chefe da equipe GST.

Como será seu 2017? Mais uma temporada no Europeu de Moto2 pela Promoracing e a defesa do título na Supersport do Superbike Brasil?
Em 2017 correrei o Europeu de Moto2 em busca do título Europeu e no Brasil vou correr o Superbike Brasil na categoria Superbike, com a equipe da Honda Oficial, algo que pra mim é muito especial, é um sonho pra qualquer piloto poder fazer parte desta equipe. Será um ano de aprendizado na 1000 e com certeza muito emocionante, com grandes disputas.

Sabemos que a CBR 600RR é a melhor moto para treinar para a Moto2, pois é muito parecida, mas subir para a superbike no Brasil era um desejo de muitos dos seus fãs e da modalidade, que precisa de mais pilotos competitivos. O que motivou esse salto? Essa mudança não pode de alguma forma atrapalhar seu foco na Moto2?
O que motivou a mudança foi eu ter vencido duas temporadas na 600 e ter recebido uma boa proposta da Honda para correr na 1000, com a Honda CBR 1000RR, que é um novo desafio para mim, em um grid que está bem competitivo. Eu andava com a CBR 600RR no Brasil pela semelhança com a minha Moto2, mas competir com a 1000, que é mais pesada e mais potente que a Moto2, poderá fazer com que eu possa buscar ainda mais evolução na minha pilotagem quando correr no Europeu, além de ter mais visibilidade no Brasil, competindo na categoria principal de motovelocidade, o que pode me ajudar a conseguir novos patrocinadores e poder dar maior retorno para as marcas que já me apóiam.

Qual é sua meta, ou melhor, seu desejo hoje como piloto? Retornar ao Mundial de Motovelocidade ou o Mundial de Superbike também é uma opção? Meu objetivo é primeiramente poder voltar ao Mundial, na categoria Moto2, a qual eu acredito que consiga ir muito bem atualmente. E no futuro, ir em busca de um título mundial que foi e sempre será meu sonho. Superbike pode ser uma opção, mas é algo que esta em 2º plano no momento.

Nas redes sociais, você faz algumas postagens dos seus treinos. Gostaria que falasse sobre como se mantém em forma, e o que ganha com cada tipo de treinos como piloto.
Eu treino muito, muito mesmo. Acredito que seja algo essencial hoje em dia para que um piloto possa dar 100% dele em cima da moto. Eu pedalo e corro muito com meu personal Ale Lima, mas além disso faço diversos treinos de fortalecimento específicos para moto na Edge Life Sports, academia completíssima que me oferece tudo que eu preciso pra estar em forma. Além disso treino muito de supermoto, que é uma modalidade que sou apaixonado e me da um preparo físico e mental incrível, pelo fato de eu dar muitas voltas cada vez que vou treinar.

A motovelocidade tem um custo alto e sabemos a importância de patrocinadores na carreira de qualquer piloto. Quem te patrocinará em 2017 no Brasil e no exterior?
É muito importante mesmo, cada ano é um novo desafio se manter no mundo das competições. O custo é muito alto e são poucas as empresas que acreditam na motovelocidade se compararmos com a Europa ou Estados Unidos. Em 2017 terei Honda, Alpinestars, Shark Helmets, Oakley, Four Trade, Frota, Performance Motoparts, Instituto Marazul, Edge Life Sports e alguns nomes a serem confirmados.

Qual foi o melhor momento (pode ser uma corrida) da sua carreira, e qual momento você gostaria de esquecer, o mais difícil?
O momento mais incrível da minha carreira foi a minha primeira vitória no Campeonato Europeu em 2016, escutar o Hino Brasileiro é uma emoção indescritível. O momento mais difícil foi quando caí na Austrália em 2014 e fraturei cinco vértebras da coluna, era um fim de semana que eu vinha muito bem, estava entre os 10 melhores nos treinos e tudo foi por terra literalmente, quando caí na curva nove.

Estava sozinho porque não tinha condições de levar alguém junto comigo na época, então voltei pro Brasil em uma viagem longa, andando de cadeira de rodas e sozinho, foi muito difícil e dolorido. Fim de campeonato pra mim e muita dor por muitos e muitos meses.

Você utiliza moto no seu cotidiano fora das pistas? Qual conselho para uma melhor pilotagem você deixaria para os motociclistas que acompanham sua carreira?
Eu nunca tinha andado de moto na rua até 2016. Até que este ano fui algumas vezes pra academia com uma PCX da Honda e é muito mais prático e rápido para se mover pelo trânsito, mas sinceramente tenho muito medo, pois é muito diferente das pistas, não depende só de você pra que algo dê errado.

Eu aconselho a todos que sempre respeitem as leis de trânsito, usem os devidos equipamentos de segurança e o principal, não corram nas ruas, não existe a menor segurança e margem de erro, lugar de correr é na pista!

Muito obrigado a todos que torcem, vibram e acompanham minha carreira, espero poder dar muitas alegrias e corridas alucinantes para vocês, sem os fãs a gente não é nada!


Por Marcelo de Barros
Fotos: Divulgação

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