Tour Monte Negro: No ponto mais alto do RS
Jerre Rocha nos leva a uma viagem ao pico mais alto do Rio Grande do Sul. Confira!
Por Roberto Brandão
Por Roberto Brandão
"Viver é uma aventura. Estar na terra, uma oportunidade de progresso e aprendizagem. É esquecer tudo. Apagar a lembrança do passado e permitir-se usufruir de novas experiências." Estão são palavras de um trecho de um livro de Zíbia Gasparetto. Não o li. Apenas abri e vi estas palavras. O suficiente para que com estas palavras eu partisse para o ponto mais alto do Rio Grande do Sul, em São José dos Ausentes.
Embarque nessa então...
Quinta feira (01/04), 9hs, trânsito caótico na BR 116, mas conforme fui subindo em direção a Serra, mais puro o ar ficava e mais tranqüilo para rodar.
Como chegar:
De Porto Alegre, pela rodovia BR 116 até Novo Hamburgo, depois siga até Taquara. Deste ponto pela RS 020 chega-se em São Francisco de Paula, e de lá se chega a São José dos Ausentes, por Cambará do Sul. A estrada é asfaltada e está em boas condições até Cambará do Sul/RS, apenas um pequeno trecho próximo a Tainhas está um pouco ruim. Depois, são 55 km de estrada de terra.
Segunda opção:
Pela BR 101 até Araranguá - SC (km 427), seguindo em direção a Ermo, Turvo e Timbé do Sul/SC, com tudo asfalto até ai. A partir de Timbé do Sul, curvas e curvas de estrada de terra (24 km), que é a Serra da Rocinha (falo dela mais a frente, pois retornei por este percurso), no Posto Fiscal vire a direita passando pela Pousada Vale das Trutas, mais 12 km até atingir São José dos Ausentes, (330 quilômetros de Porto Alegre/RS).
Almoço em Cambará do Sul/RS, já a 200km de Porto Alegre/RS, comida feita em fogão a lenha, e eu já pensando: Este feriado promete!
Abastecido, a moto e eu, fui para a estrada.
Aviso
O trecho de 55 km de Cambará do Sul até São José dos Ausentes/RS, de estrada de terra, esta em péssimas condições, principalmente nos primeiros 20 km, pois estão sendo feitos obras para asfaltamento.
Muita paciência e vamos aproveitar os Campos de Cima da Serra. Na localidade de Ouro Verde, uma vila – e único ponto de abastecimento neste trajeto – uma parada em uma pequena estação de produção de energia elétrica para a Celulose Cambará.
Algumas paradas para conversar com galera na estrada, motos depenadas, anzol, e vamos embora. Rios e pontes, fotos, poeira, e eventualmente alguém passa por mim. Estrada só para mim, acho que estou ficando egoísta!
Já pelas 15h30min estou chegando à pousada que fica próxima ao posto fiscal que existe na divisa de RS e SC.
Pousada Vale das Trutas (www.valedastrutas.com.br)
Gostei muito desta pousada, aconchegante, tendo inclusive hospedado atores globais durante gravações da "A casa das sete mulheres" e sendo também cenário de outras produções.
Pesca de Trutas (arco-íris) é um dos lazeres da pousada. Até a curicaca – ave-símbolo de São José dos Ausentes – pintou por lá durante um dos momentos que sai para caminhar ao redor da pousada. Foi só o tempo de largar minhas coisas e me dirigir a uma trilha que tem várias cachoeiras. Todas próximas da pousada.
Trilha das Cachoeiras
A trilha das Cachoeiras é feita seguindo o leito do rio atrás do Sítio Vale das Trutas. É uma cachoeira atrás da outra, da Piscina, Véu da Noiva e do Juvenal.
A cachoeira do Juvenal serviu de cenário na minissérie "A Casa das Sete Mulheres".
Durante o dia a temperatura esteve alta, na volta dos 30o C, mas a noite um cobertor caiu bem! Dormir escutando o barulho das águas, que tal?? Mas não sem antes saborear um pinhão, enquanto jogávamos conversa fora, eu e o Doca (que trabalha na pousada) enquanto me dava umas dicas para o próximo dia.
Jantar? Trutas é claro. Mas a variedade do vale é a Arco Íris. Trutas grelhadas com alcaparras. Experimentem quando estiverem na região.
Sexta-feira (02/04), 7h30min e já estou no café, reforçado, pois quando saio gosto de aproveitar bem as manhãs. Como não tinha idéia de onde estaria no horário do almoço, sanduíche e suco.
Passei pela cidade de São Jose dos Ausentes/RS, distante 10 km da pousada e calibrei pneus (nunca esqueça, pode ser uma dor de cabeça a menos) e rumei ao Pico Monte Negro.
Pico e Cânion Monte Negro
Distante 45 km da cidade, com acesso de estrada de chão batido, mas em boas condições. O motivo da preferência sempre pela manhã a visitas em cânion é que o tempo muda no decorrer do dia.
Tempo vira ou viração, ou seja: diferenças de pressão entre o litoral e a parte de cima da serra, que faz com que as nuvens subam em direção ao cânions impedindo a visão.
O acesso é pela Pousada Fazenda Monte Negro, e após três porteiras, se está a apenas 300m do cânion, onde se deve deixar a moto e percorrer a pé.
Caminhada fácil e tranquila, com paisagem típica dos Campos de Cima da Serra. O Cânion fica bem ao lado do pico que está coberto pela vegetação fechada. Só se você estiver com muita disposição para entrar no mato. Não foi meu caso.
Sou obrigado a comentar: Ficar ali, no silêncio, observando lá embaixo as cidades, o vale, as cascatas que caem em alguns pontos dos paredões, ver as mudanças na paisagem de acordo com as luzes e sombras do sol da uma sensação de paz, e de como somos pequenos, diante da grandiosidade de nosso planeta.
O Cânion Monte Negro não deve nada em beleza aos outros da região dos Aparados da Serra, a 1403m de altitude, em São José dos Ausentes/RS.
Retorno, pois ainda tenho mais um trecho a ser feito ao próximo destino.
Cachoeirão dos Rodrigues
O acesso fica a 20 km antes do Pico e Cânion Monte Negro, e se você tem intenção de ir visitar a região, fica tranqüilo. É bem sinalizado, com placas indicando direções e distâncias. O Cachoeirão fica no Rio Silveira, que já é um espetáculo, com suas águas límpidas. A caminhada até as cachoeiras parte da pousada dos proprietários da região, e é outra de fácil acesso, uma parte nos campos e outra em meio ao mato. Mas tem trilha.
Só então observo que já são 13h30min, e recordo daquele sanduíche/sucos, aquele que fiz na saída da pousada pela manhã.
Fui até a parte alta da trilha, de onde podia ter bons ângulos da queda d’água, sentei para lanchar. Observando o espetáculo da natureza, que inclusive resolveu me brindar com um belo arco-íris. Eu só podia agradecer por um momento destes. Mas não esqueça, não deixe seu lixo quando fizer este tipo de passeio. Com 28 metros de altura, o Cachoeirão são várias grandes quedas d’água que estão à 33 km da cidade.
Retornei para a cidade de São José dos Ausentes/RS. Cidade emancipada em 1992 de Bom Jesus/RS, São José dos Ausentes conta com 3100 habitantes, e é tranqüila, muito tranqüila. Localizada no nordeste do Rio Grande do Sul é conhecida pela hospitalidade, pelo turismo rural e pela suas paisagens. Fica na divisa dos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Mas por que Ausentes???
Dados históricos contam que no século 18 que a região era conhecida como “Fazenda dos Ausentes”, uma fazenda com mais de 1000km², a maior que existia na época no RS, mas seus proprietários não assumiram as terras e que acabaram sendo leiloadas.
Uma passagem rápida na cidade, fotos no tradicional termômetro, que no dia estava quase nos 32º C e voltei para a pousada.
Aproveitei o fim do dia para relaxar e um saborear bom jantar. Para isso tive a companhia de Ruan e sua esposa, hospedes da pousada. Bela companhia.
7h30min do sábado (03/04) eu já estava tomando café e com a moto pronta. Só que meu retorno foi por uma região que não é muito conhecida pela maioria.
Serra da Rocinha/ SC
A Serra da Rocinha faz parte da Serra Geral, entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, fazendo a ligação com os Campos de Cima da Serra, liga Serra com o litoral sul catarinense. Bem na divisa dos estados. É tão bonita quanto as outras da região, com muitas curvas fechadas e grandes fendas no relevo.
Mirante
Próximo a Pousada, 4 km, após o Posto Fiscal da divisa dos estados, existe um mirante em conjunto a uma rampa de vôo livre e uma torre de transmissão telefônica, tens uma visualização de todo o vale cortado pela Serra da Rocinha.
Tinha tanto vento que tive que esconder a moto atrás de uma casa da torre.
Pode se observar as cidades do litoral de lá, vale a pena parar ali.
Comecei a descer a sinuosa estrada, e com muitas pedras soltas. Muito ruim este trecho. São 22 km até Timbé do Sul/SC. Mas é outra serra para incluir nos seus mototurismos.
Após uma breve parada em Timbé do Sul/SC, rumei para Turvo e após Ermo, todas as cidade próximas. Sai próximo a Araranguá/SC e entrando no RS por Passo de Torres/SC cruzando o rio Mampituba, divisa natural dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, desaguando no Oceano Atlântico.
Após uma breve parada no Morro do Farol, em Torres/RS, construção datada de 1912, e onde fiz umas fotos e curti o pessoal saltando de parapente, aproveitando o belíssimo dia.
Voltei para a estrada, agora pela Estrada do Mar, passada rápida em Tramandaí/RS, entrando por Osório na RS 030, ou estrada velha.
Mas quando estou pelas curvas da Lagoa dos Barros, próximo a Santo Antônio da Patrulha/RS, encontro o Zé, JA Moto, amigo de longa data. Novamente, jogar conversa fora e um caldo de cana. O paradouro é muito bom, fica na RS 030 km 64, agradável, ótimo para uma parada.
Sai já com alguns pingos de chuva e caindo a noite para fazer os últimos 90 km até Porto Alegre/RS.
Volta de 730 km, com 180 km de chão batido e sem problemas.
Até a próxima.
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