No dia do motociclista, comece a andar de...

Seja para fugir do transporte público, trânsito, ou economizar, veja dicas para sua 1ª moto.

Por André Jordão

Arthur Caldeira

Transporte público ineficiente, recordes de congestionamento, combustível caro... Não importa o motivo, muitas pessoas têm visto nos veículos de duas rodas uma opção mais barata e rápida de se locomover nas grandes cidades. Depois de convencer a esposa (ou marido) ou a namorada (o) que a motocicleta pode não ser um veículo tão perigoso, chegou a hora de escolher sua primeira moto.

Surge então a dúvida: qual a melhor opção? Para os iniciantes que querem fugir do ônibus lotado ou trocar as quatro pelas duas rodas aconselha-se uma moto de baixa capacidade cúbica. Além de serem fáceis de pilotar, as pequenas são econômicas e driblam o trânsito urbano com desenvoltura.

Mesmo assim, o “futuro” motociclista vai ter de escolher entre inúmeros modelos. Há muitos anos, bastaria decidir se sua moto de 125cc teria motor quatro ou dois tempos. Porém, com o crescimento do mercado de motocicletas na última década, os fabricantes apostaram em outros segmentos, como CUB e scooters. Genuinamente urbanos esses dois estilos são excelentes para quem quer um veículo de duas rodas para ir e vir com economia e facilidade, mas têm suas limitações.

Para ajudar nessa escolha, nós rodamos diariamente com três legítimos representantes de cada categoria: a street Honda CG 125 Fan; a CUB Yamaha Crypton 115 e o scooter Dafra Smart 125. Este não é um comparativo entre os modelos, pelo contrário. Não há a melhor entre elas, apenas a melhor para você. Cada uma das três motos de estilos diferentes tem suas características, vantagens e desvantagens.

O principal ponto para se levar em conta é o uso que cada um vai fazer destes veículos. Outro fator importante é o trajeto e a distância a ser percorrida diariamente.

Ciclística

Entre os modelos testados, apenas a Honda CG 125 Fan é uma motocicleta de “verdade”. A Crypton é uma CUB (Cheap Urban Bike) e o Smart é um scooter. A principal característica que diferencia a CG 125 dos outros estilos é que o piloto vai montado na moto, enquanto na scooter e na CUB o motociclista vai sentado.

Além disso, a moto tem quadro e suspensões mais robustos e rodas maiores (17 polegadas). Itens que garantem mais estabilidade em altas velocidades e enfrentam melhor o asfalto ruim de nossas vias.

Já os scooters têm rodas menores (no caso do Dafra Smart são de 10 polegadas) e foram projetados para o uso estritamente urbano, em velocidades mais baixas. A Yamaha Crypton tem rodas de mesmo diâmetro da CG (17”), porém seu quadro é do tipo underbone, comum na categoria. As CUB ou motonetas, aliás, podem ser consideradas um meio termo entre as motos e os scooters.

Outra grande diferença entre elas é o câmbio. A Honda CG 125 tem o sistema tradicional, ou seja, você precisar apertar a embreagem e trocar as marchas no pedal de câmbio com o pé. Já o Smart 125 traz transmissão continuamente variável que dispensa as trocas de marchas. No scooter o piloto só acelera e freia, as polias variáveis trocam a relação conforme aumento o giro do motor.

Já a Crypton tem o câmbio semiautomático com embreagem centrífuga. O motociclista ainda precisa trocar as marchas no pedal, porém não há manete de embreagem. O sistema tem funcionamento automático. Assim que se pisa no pedal, a embreagem é acionada permitindo a troca de marchas.

Desempenho

A diferença entre os sistemas de cada um dos modelos é fator determinante para escolher qual – uma street de 125cc, uma CUB ou um scooter – é a melhor opção para você.

O câmbio CVT e totalmente automático do Smart 125 é de longe o mais prático e fácil de pilotar. Ideal para enfrentar o trânsito urbano sem se preocupar em trocar de marcha ou apertar a embreagem, só acelerar e frear. Entretanto, o sistema não privilegia o desempenho e em modelos de baixa capacidade como o Smart limita a velocidade máxima. Sem falar que não há a possibilidade de reduzir uma marcha, caso haja uma subida íngreme pela frente. Mas se você roda apenas em ruas mais estreitas e não pega vias de trânsito rápido, um scooter é a opção ideal para você entrar no mundo de duas rodas.

Já a Crypton 115cc oferece o conforto da embreagem automática com a possibilidade de se escolher a marcha ideal. Além de bastante fácil para iniciantes, o sistema permite retomadas mais ágeis e velocidades finais melhores do que no scooter.

Outro ponto positivo da Crypton é seu pedal de câmbio com uma alavanca para o calcanhar, que permite a redução de marchas sem estragar o sapato. Essas qualidades fazem de outra CUB, a Honda 125 Biz, um sucesso: ocupa o posto de quarta moto mais vendida no Brasil em 2010.

Já a Honda CG 125 Fan salta na frente no quesito desempenho. Seu motor é o mais potente: 11,6 cavalos a 8.250 rpm (8,2 cv na Crypton e 10,3 cv no Smart). Mas nem é preciso ler a ficha técnica para chegarmos a essa conclusão. A possibilidade de escolher a marcha mais adequada e a embreagem manual fazem da CG 125 a mais rápida entre os três modelos – o que vale também para outras motos street em comparação com CUBs e scooters.

Se por um lado oferece desempenho para você até encarar uma rodovia, o câmbio da CG 125 vai exigir um pouco mais de treino, ainda mais se você é iniciante. Outro detalhe é que, caso você precise use sapato, a constante troca de marchas no câmbio convencional vai estragá-lo com o uso.    

Praticidade

Se levarmos em conta o quesito praticidade, vitória disparada para os scooters. Pequenos e fáceis de pilotar, ainda contam com espaço sob o banco e porta-luvas no escudo frontal para carregar pequenos objetos. Sem falar na comodidade de não precisar trocar de marchas, além de evitar a sujeira e os respingos de poças d’água.

A Crypton oferece também a praticidade do escudo frontal e do câmbio semi automático, mas por ter rodas maiores não oferece um bom espaço sob o banco. Já no caso da CG 125, o motociclista vai ter que escolher um calçado mais resistente e ainda instalar um bagageiro e um bauleto, caso precise transportar alguma coisa todos os dias, ou carregar uma mochila pra cima e pra baixo.

Uso e trajeto

Se até agora as características de cada um dos estilos mais o atrapalhou do que o ajudou a escolher seu primeiro veículo de duas rodas, chegamos aos quesitos determinantes para sua escolha. O uso que você fará do veículo e o trajeto que vai percorrer são fatores fundamentais.

Quer um veículo para percorrer os dez quilômetros de sua casa até o trabalho passando apenas por ruas e avenidas movimentadas? Vá de scooter. Prático, fácil e econômico, o Smart 125 vai agradar homens e mulheres que querem apenas fugir do trânsito.

Precisa usar sapato e circula por uma via expressa de trânsito mais rápido diariamente? Opte por uma CUB. Com desempenho superior aos scooters, rodas maiores e ainda com a facilidade de pilotagem, a Crypton 115 é um excelente meio de transporte, porém sem a praticidade do Smart.

Trabalha em outra cidade, trafega por uma rodovia e já tem mais experiência em duas rodas? Vá de 125cc. Afinal, a CG 125 Fan é uma motocicleta na definição do termo. Tem melhor desempenho, ciclística mais robusta e até 110 km/h acompanha os automóveis com facilidade. Vai exigir um calçado reforçado e mais “esforço” na pilotagem. A vantagem é que uma moto 125cc é versátil o bastante caso você decida pegar uma estrada.

Qualquer que seja sua escolha seja bem vindo ao mundo das duas rodas. Não se esqueça de tirar carteira de habilitação (CNH) categoria “A”. Use sempre o capacete e equipamento de proteção e lembre-se: pilotar uma motocicleta, assim como qualquer outro veículo, exige cautela e atenção. 


BOX

Opinião da redação
Por uma semana, nós da redação de INFOMOTO rodamos cada dia com um dos veículos apresentados. Somos todos motociclistas e esta não é nossa primeira moto. Leia a opção de cada um.


Aldo Tizzani, 40 anos, jornalista, roda 16 km por dia
Sou fã dos scooters. São práticos, confortáveis, econômicos, com boa capacidade de carga e acima de tudo são fáceis de pilotar. Basta ligar e acelerar. Em função de meu perfil e estilo de pilotagem, o scooter atende minhas necessidades. Da minha casa, na Zona Norte de São Paulo, à redação na região central são apenas oito quilômetros. Sempre rodando por vias planas e de grande movimento. Como o trânsito está sempre congestionado, o scooter circula entre os carros com desenvoltura. O inconveniente são as rodas de 10 polegadas que, em função de seu tamanho, não conseguem absorver bem os buracos de nossas vias. O scooter também não passa de 90 km/h, mas por que pressa? Além disso, o scooter parece ser um veículo “simpático” na visão dos motoristas, já que não carrega o estigma de ser veículo de trabalho. Agora eu sei por que o scooter faz tanto sucesso na Europa.

Lucas Rizzollo, 23 anos, jornalista, roda 20 km por dia
A minha escolha seria a Yamaha Crypton por conter diversas qualidades interessantes para quem procura um primeiro veículo de duas rodas. A primeira delas é a facilidade de condução, principalmente por pilotar “montado”.  Além disso, ela é estreita e baixa tornando muito fácil para trafegar em grandes centros urbanos. Outros pontos positivos são o sistema de freio a disco, o marcador de combustível e o indicador de última marcha engatada. Como o meu trajeto no dia a dia é cheio de subidas na Crypton eu posso manter o motor “cheio”, reduzindo a marcha. Isso tudo sem me preocupar com embreagem ou com sujar a parte de cima o meu sapato.

Arthur Caldeira, 31 anos, jornalista, roda 50 km por dia
Moro no ABC paulista e todos os dias rodo pela rodovia Anchieta, onde a velocidade máxima é de 110 km/h. Apesar de ser fã dos scooters, minha opção seria a Honda CG 125 Fan por causa de seu melhor desempenho e da velocidade final maior. Outro ponto positivo é que com uma motocicleta de 125cc ainda dá para esticar até a praia. Para usá-la diariamente, porém, teria de gastar com bagageiro e baú para levar minhas tralhas.

Fotos: Gustavo Epifanio


Fonte:
Agência Infomoto

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