Mercado em escala ascendente de crescimento, mas ainda assim muito pequeno no Brasil. É neste cenário que se encontram as motos customizadas, arte de aperfeiçoamento mecânico e visual de equipamentos de diversos tipos, portes e modelos.
Também conhecida como estilização, a prática atrai o público pelo fato de adaptar a motocicleta à cara do proprietário. “É uma realização voltada às características particulares de cada pessoa”, afirmou Ricardo Machado Capistrano, customizador de máquinas de duas rodas.
“Nosso país é um bebê nesta área. Digo isso pelo cartel de clientes que tenho, em torno de 200 pessoas. É um número relativamente pequeno, mas que tende a crescer muito com o passar dos anos”, apostou o curitibano.
“O que tem ajudado o setor, recentemente, é o seriado ‘American Chopper’, que mostra o trabalho de uma oficina norte-americana, especializada em estilização. E usando os EUA como exemplo, vale a ressalva do bolo financeiro que movimentam anualmente com esse setor: cerca de US$ 4 milhões”, destacou.
Capistrano e algumas de suas crias estiveram presentes no Salão de Tuning, realizado entre os dias 17 a 21 na Bienal do Ibirapuera. Mesmo estando em menor número, comparado aos equipamentos de quatro rodas, as motos não fizeram feio e cativaram praticamente todos os visitantes que passavam por elas.
Uma das que se destacou foi a Hitech Chopper. Nascida de uma Harley-Davidson Fat Boy de 1998, ela se tornou um misto de idades, com traços modernos e também resquícios das antigas. Muitos dos curiosos que deram uma espiada nela se questionaram da pilotagem.
“A Chopper mais parece uma bicicleta de tão leve e ágil que é. Andei com ela aqui no salão e as pessoas se espantaram de quão simples é a locomoção. O tamanho engana”, explicou. Numa esticada, a motocicleta chega tranquilamente aos 160 km/h. “Acima disso, ela já fica instável. Mas ninguém vai andar nessa velocidade, muito menos acima dela”, lembrou Capistrano, que aproveitou para dar dicas aos proprietários de motos customizadas — de como mantê-las conservadas.
“No geral, é o mesmo padrão de qualquer motocicleta: tanque cheio, pneus calibrados constantemente, óleo regulado, revisões periódicas... Mas um dos diferenciais para as estilizadas está na lavagem: não utilizar produtos abrasivos, como cera e solventes, e optar por soluções de silicone. O silicone mantém a moto no geral”.
Uma outra dica, que mais funciona como alerta, é para quem vai sair pelas ruas a bordo de uma customizada. “Não há perigo em andar com elas. A única coisa que um dono de moto estilizada precisa ter é paciência para conversar, porque todos querem saber detalhes do equipamento. E temos de lembrar que as pessoas não têm obrigação de serem entendidas deste ramo. Mas no meu caso não há problema, porque adoro um bom papo”, brincou.
Em média, a customização de uma moto leva seis meses de trabalho. O tempo, no entanto, varia de acordo com o interesse do cliente e do modelo utilizado. “Dependendo de nossa imaginação, o processo pode se estender por um ano inteiro”, contou.
No mercado desde 1995, ele não escondeu sua paixão pelo mundo das motocicletas e se disse um eterno criador de novos estilos. “Nós que trabalhamos com a estilização de modelos, nunca nos damos por satisfeitos, pois sempre há uma nova idéia”, afirmou o construtor de 39 anos, que desde os sete vive ligado ao meio motociclístico.
Já perdido nas contas de quantos equipamentos customizou, Capistrano garantiu não ter tanto apego aos seus produtos. Para ele, o ato de pilotar a construção representa muito pouco para aproveitá-la. “O prazer está no fazer. Faço motos para as pessoas que me procuram e sacio minha tentação em cada fase da customização”.
Em 11 anos, tinha que existir um desafio mais árduo para Capistrano e este foi a Harley Soft-Tail Custom 98. “Essa máquina foi a mais trabalhosa, mas se consolidou como a mais exótica de todas que já fiz”.
Dourada e com estilo imponente, não havia como passar batido pela moto. E quem se deparava com ela, literalmente ficava de boca aberta. “É realmente incrível. Exótica seria a palavra mais apropriada”, disse Cláudio Bermo, um dos visitantes do Salão de Tuning. “Confesso não ser muito apegado ao segmento das duas rodas, mas essa aí cativa qualquer um”, completou o publicitário de 45 anos.
Atualmente, Capistrano está trabalhando na customização de três equipamentos. “Quando estiverem prontos, faço questão de revelá-los a vocês”, prometeu. Mais detalhes sobre os trabalhos do construtor e projetista podem ser encontrados no site
www.cabecadeferro.com.br.