Comparativo entre ''Suzys''

Maurício Leite participou do MOTO Repórter e detalhou sua visão sobre a GSX 750F e a 650F.

Por Roberto Brandão

Maurício Leite dos Santos

Sempre fui fã da Suzuki GSX 750F, moto tida por muitos como desatualizada, esteticamente e tecnologicamente. Com um conjunto simples e confiável e um excelente custo/benefício, é uma moto com uma proposta muito mais turística do que Sport.

Tive duas 750F, uma 2006 e uma 2008, fiz inúmeras viagens com minha esposa, com um nível de conforto bem razoável, apesar de que após algumas centenas de quilômetros rodados, as costas reclamavam devido à posição do semi-guidão, além da vibração em determinadas rotações.

Excelente moto para viajar numa velocidade de cruzeiro entre 120 e 160km/h, com um consumo bem razoável, entre 16 e 18km/l. Abaixo de 120km/h, ela se torna muito cansativa. Na cidade é uma moto bem agradável, com consumo em torno de 12km/l, e com um torque muito bom em baixas rotações.

Quando a 650F foi lançada na Europa, comecei a ler muito sobre esta moto, que pelas reportagens e vídeos, me agradou logo de cara. Quando tive a confirmação que a 650F seria lançada no Brasil no final de 2008, vendi a minha 750F, sabendo que normalmente quando um modelo é reestilizado, o antigo tende a desvalorizar mais que o normal. Decisão certa, visto que as últimas unidades da 750F disponíveis nas concessionárias estão sendo vendidas a R$ 30.000,00, com um ano de seguro grátis, desvalorizando assim as semi-novas.

Em Janeiro de 2009 fiz o pedido da 650F, que chegou no dia 21 de março. Optei pela cor Preta com Prata, pois achei a toda preta sóbria demais, e a azul bonita, mas que deve cansar com o tempo. Devido à amizade com a concessionária Suzuki em Salvador, consegui comprar a moto com valor abaixo da tabela (R$ 33.000,00).

Viajei com meus amigos do Motogrupo de Aracaju para buscar a moto em Salvador, e já retornei pilotando a moto nova (350km). A primeira impressão já foi bastante positiva, a começar pelo funcionamento da moto fria, sem oscilações características de motos carburadas. Achei a moto muito mais suave que a 750F, com um motor muito mais redondo, devido ao bom funcionamento da injeção eletrônica, e de cara fez um consumo muito bom (20km/l), claro que respeitando os limites do amaciamento (6.000rpm), que corresponde a 117km/h.

O painel bastante compacto, com velocímetro digital, indicador de marchas e até shift-light, é um show à parte. Apesar de levemente mais pesada que a 750F, ela pareceu bem mais leve e estável em curvas. A grande melhora foi no nível de vibrações, e na posição de pilotagem, com a adoção de um guidão esteticamente feio, mas bem confortável, o que na estrada faz muita diferença.

Após a revisão de 1.000km., no dia 1 de maio, fiz uma viagem até Paulo Afonso (BA), onde estava sendo realizado um Motofest. Já pude esticar até 9.000rpm (176km/h), baseado no segundo estágio do amaciamento. Neste ritmo, o consumo baixou para 17km/l. Apesar da diminuição da cilindrada, as reações da 650F são bem parecidas com a 750F, até porque a potência ficou praticamente a mesma, com uma ligeira melhora de desempenho, segundo testes das revistas especializadas.

Uma falha da 650F é não vir com o cavalete central, que facilita muito na hora de lubrificar a corrente, ou trocar o pneu. Ví duas 650F com ponteira esportiva, e o ronco realmente não é bonito como o da 750F, talvez pela presença do catalisador.

Já coloquei o bauleto na minha moto, o que, se não muito bonito, torna as viagens bem mais confortáveis e seguras, além de ser um ótimo encosto para o garupa.

A adoção da embreagem hidráulica foi outra inovação, apesar do acionamento ter ficado mais duro. A refrigeração líquida também é algo muito importante, se bem que nunca tive problemas de superaquecimento na 750F. Esteticamente, eu achei que a moto ficou muito mais bonita que a 750F, com um ar de modernidade, mas sem exageros. Isto é uma questão de gosto. O fato da 650F ser uma Bandit carenada não me importa, até porque sempre gostei da Bandit. A prioridade para mim não é a esportividade, e sim uma moto que tenha um desempenho satisfatório, com conforto para o piloto e garupa, capaz de rodar quase 1.000km diários sem muito sacrifício. Com o tempo, talvez as pessoas que não acharam uma decisão acertada da Suzuki nesta mudança de 750F para 650F, devem mudar de idéia.

Somente usando a moto no dia-a-dia e viajando, é que se pode tirar conclusões, exatamente como fiz. Vou guardar da 750F ótimas lembranças de uma moto valente, que nunca me deixou na mão, mas que há muito tempo precisava de uma atualização.

O “motonauta”  Maurício Leite dos Santos participou do Moto Repórter, canal de jornalismo participativo do MOTO.com.br. Para mandar sua notícia, clique aqui.


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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