Chuí (RS): O Brasil começa e termina aqui

Jerre Rocha foi de moto até esta cidade e agora dá muitas dicas de passeio nesta fronteira.

Por André Jordão

Jerre Rocha

Estrada. E desta vez rumo a Chuí (RS), fronteira de dois países: Brasil e Uruguai. Avenida Internacional, onde estão os famosos free shops, que atraem brasileiros e turistas em viagem a Punta del Este, Montevidéu ou Buenos Aires.

Mas vamos ver o que mais a fronteira oferece. Para isso resolvi rodar alguns dias ali pela região. Sai de casa dia, 22 de fevereiro, sábado, com intenção de ficar sábado e domingo em Pelotas, pois meus filhos estão lá, e também poder curtir a Praia do Laranjal.

Mas já segunda peguei a estrada para a fronteira. Como o Chuí está em torno de 530 km de Porto Alegre (RS), Pelotas fica praticamente no meio do percurso, apenas uns 260 km a fazer.

Nesta parte do trajeto após a Vila da Quinta – não esqueça de abastecer aqui, postos de gasolina só serão encontrados próximo a Santa Vitória do Palmar (RS), em torno de 200 km – é onde estão as longas retas, onde se passa pela Reserva Ecológica do Taim. Para os apressados, boa viagem! E para os que não se importam de paradas na estrada, aquele silêncio, butiás e araçás, há ao longo do percurso muitos pés.

Chuí (RS)

Chuí é o município brasileiro mais meridional do sul do Brasil e faz fronteira com o Uruguai. Cidade pequena, em torno de 6000 habitantes, população constituída por brasileiros, uruguaios e árabes palestinos, estes últimos muito ligados ao comércio. A economia baseia-se principalmente no comércio de fronteira, venda de produtos alimentícios e de vestuário aos uruguaios nos supermercados e lojas.  Brasileiros fazem a festa nos free shops. Lá, hospedei-me no Bertelli Chuí Hotel, e a partir dali comecei as visitações.

Forte de São Miguel

Na tarde de segunda feira (22/02) já rumei para o forte. Ele fica à direita em torno de 8 km seguindo pela Avenida Internacional, lado uruguaio. Rápido e fácil acesso.

O Forte de São Miguel foi construído pelos portugueses, em 1737, a mando do Brigadeiro José da Silva Paes, e uma curiosidade: ele foi o fundador da cidade de Rio Grande de São Pedro, uma das primeiras cidades do Rio Grande do Sul, hoje Rio Grande. Este forte ficou abandonado até ser declarado Monumento Nacional em 1937, após essa data foi se intensificando a recuperação do patrimônio.  Hoje está muito bem conservado. Os custos das visitas destes monumentos são baixos, entre R$ 2,00 a 2,50.

Fortaleza de Santa Tereza

A terça-feira (23/02) começou tarde (8hs), após aquele café, rumo Uruguai.A Fortaleza esta no lado uruguaio,  pouco mais de 40 km da cidade. Já na estrada uma curiosidade: existe uma pista de avião para aterrissagens de emergência ou comitivas, exemplificando do governo Uruguaio ou Exército Uruguaio.

A Fortaleza de Santa Tereza está dentro do Parque Nacional de Santa Tereza, outro local interessante, inclusive vou comentar mais a frente. Maior que o Forte de São Miguel, data de 1762 o inicio da construção. O passeio pelo seu interior é muito interessante. Custos de acesso R$ 2,50. Casa do Comandante, Capela, Quartel dos Oficiais, Casa da Pólvora, Quartel da Tropa, cozinha e depósitos fazem parte do roteiro interno.

Punta Del Diablo

Meu próximo objetivo foi a pequena vila de pescadores uruguaios com em torno de 650 habitantes, que está localizada em seguida ao Parque Nacional de Santa Tereza. Predominância de pescadores e artesãos na vila, mas no verão o cenário se transforma com os turistas argentinos e brasileiros, que são figuras fáceis por ali. Gosto muito de lá, aqueles barcos na areia... Parei até para experimentar uma graspa de mel, mas não desceu legal... Como eu queria um limite de até 50/60km de Chuí, comecei o retorno.

Parque Nacional de Santa Tereza

Entrei no parque no retorno, onde já na recepção o visitante recebe o mapa e te perguntam se é apenas visita ou acampamento. É que o parque,  além das varias praias, há uma ótima infraestrutura incluindo camping, restaurante e parrillada. Alguns locais, para quem gosta de plantas, é o Sombráculo (jardim de verão) e o Invernáculo (jardim de inverno com coleções de bromélias, orquídeas, etc.). Fiquei um belo tempo pelo parque, mas queria entrar em La Coronilla.

La Coronilla

La Coronilla é uma cidadezinha com um perfil de pessoas mais maduras, um local calmo, com pouquíssimos habitantes, uma praia com poucos turistas. E foi ali também que encontrei o Projeto Karumbé (www.karumbe.org).

Uma Organização Não Governamental que faz um trabalho há 11 anos voltado à pesquisa e conservação da tartaruga marinha. Existe uma relação de respeito entre a Karumbé e as comunidades de pescadores, bem como atividades focadas na parte educativa, para gerar uma mudança de atitude de crianças, jovens, pescadores e turistas, não só na conservação das tartarugas marinhas, mas em relação à natureza.

Encontrei por lá uma turma formada por voluntários e pesquisadores como o Gustavo, que atua como oceanólogo. Para vocês terem idéia, estavam envolvidos no projeto cidadãos da Itália, França, Espanha, Chile, República Tcheca e Estados Unidos.

Playa de Barra de Chuy/UY

Mas o fim da tarde estava chegando, então dei continuidade ao passeio seguindo para a Barra pelo lado uruguaio, que tem característica tranquila, como todas as praias destes 50 km que tinha feito de orla marítima.

Praia da Barra do Chuí/BR

Cheguei ao Arroio Chuí, uma pequena aduana bem na ponte, e do outro lado Brasil, para já em seguida encontrar o museu-ateliêr de Hamilton Coelho. Encontrei-o tranquilo, nos jardins da casa. Malena, sua esposa – ou namorada, eu não quis perguntar – já trouxe um chimarrão, e isso para um gaúcho é um bom sinal.

Malena me mostrou as obras de Hamilton em seu ateliê. Enquanto eu fazia algumas fotos, ela me comentava sobre o trabalho desenvolvido por ele. Demonstrava paixão. Enquanto em conversa com o Hamilton, foi que surgiu como ele gosta que comente: “O Brasil começa aqui”.

Hamilton Coelho, um escultor que tem como identidade de suas obras, a preservação do planeta, que mora nas margens do Arroio Chuí/RS, do outro lado, Uruguai. Mas por que morar aqui? Pois além de pacífico, a matéria-prima para suas obras que são basicamente ossos de baleia, pedaços de mandíbulas, crânios, vértebras, restos de naufrágios e tudo mais que o mar trouxer estão lá, bem no quintal da casa.

Farol da Barra do Chuí

É o farol mais avançado do Brasil com iluminação automática e Rádio-Farol, seu alcance é de 30 milhas e consegui entrar já na boa vontade do pessoal, pois já estava encerrando o horário de visitas. Como era fim de tarde, muito vento, mas se avista bem o final do Arroio Chuí desembocando no mar e a divisa dos dois países.

Notaram que não comentei sobre o almoço??? Aquela graspa de mel, realmente não desceu legal, então nem almocei. À noite resolvi ir para a Avenida Internacional, no lado uruguaio, para resolver este problema gastronômico.

Fui jantar no Il Forte, pizzaria do Damian e da Paula, ele por sinal, apaixonado por quadriciclos, e proprietário de um. E nada que uma pizza 6 queijos dividida com a Il Forte, não me resolva o problema gastronômico e pomelo para acompanhar. Pomelo é uma fruta cítrica que é usada para fazer o famoso refrigerante Paso de los Toros, da Pepsi. O nome da marca é originário do Uruguai. Tem gosto diferente, sabor semelhante ao nosso Schweppers Citrus, vale experimentar.

Para quem quiser passar por lá, recomendo.
Il Forte Pizzeria,
Avenida Brasil 391
www.ilforteuy.com

Após uma noite de descanso merecido, um belo café da manhã, e assim tirei a quarta feira (24/02) para visitar alguns free shops. O hotel, Bertelli Chuí Hotel, merece alguns comentários:

Fica na Br 471, que desemboca direto na Aduana.  Os apartamentos são todos equipados com ar-condicionado, frigobar, televisão, telefone, banho com aquecimento central e internet Wi-fi. Ambiente com lareira, já pensando no frio que vem aí, fazem parte.

Para a turma que quer passar o dia no hotel: sala de jogos, playground, campo de futebol, cancha de bocha, quadra de padle, quadra de vôlei, piscina aberta, sauna, fitness, cyber gratuito, cozinha auto service e piscina térmica. Em algumas das noites jantei no restaurante do hotel, chivitos é claro. www.bertellichuihotel.com.br . Continua...


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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