A moto e o 1º de abril

Conheça três mitos do mundo das duas rodas e evite cair nas pegadinhas da data folclórica.

Por Leandro Alvares

Leandro Alvares

Em homenagem ao 1º de abril, conhecido mundialmente como o Dia da Mentira, o MOTO.com.br relembra neste domingo uma reportagem especial feita no ano passado sobre esta data. Fomos atrás de alguns mitos do mundo das duas rodas, de artimanhas consideradas vantajosas pelos “entendidos”, mas que na verdade não passam de ficção.

Uma delas remonta a década de 1980 e tem como foco o combustível. Dizia-se que a adição de naftalina — hidrocarboneto utilizado, entre outras coisas, na fabricação de inseticidas — na gasolina aumentava a octanagem da mesma, aumentando o rendimento da motoca.

“Isso era mentira pura”, garantiu Edvaldo de Andrade, o Jacó, dono da oficina Jacó Motos, localizada na zona sul de São Paulo. “Colocar naftalina não altera em absolutamente nada a composição do combustível. É um mito que, acredito, não é mais praticado nos dias atuais”.

Uma possível explicação para a antiga teoria mirabolante pode ser encontrada nas suas características químicas; uma substância volátil encontrada em pequenas quantidades no petróleo. Se foi realmente isso que motivou a sua aplicação nos tanques de gasolina, já é uma outra história...

Mas aproveitando o assunto em questão, Jacó falou de práticas verdadeiras e comprovadas sobre os combustíveis. “A melhor gasolina para motos é a comum. Elas são difíceis de ser adulteradas e, quando há alguma pilantragem, você é capaz de perceber a mudança pelo cheiro”, explicou.

“As gasolinas aditivadas recebem corantes e, como o nome já diz, certos aditivos, que dificultam a análise visual. A comum é gasolina pura. No entanto, é recomendável que se coloque um aditivo de tempos em tempos. O ideal é uma vez a cada três abastecimentos”, continuou o mecânico.

O uso do aditivo contribui para a melhor eficiência do carburador, válvulas e bicos injetores, o que contribui para o aumento da vida útil do conjunto. “Ajuda também a descarbonizar o motor e limpar as partes móveis”, destacou Jacó, que falou ainda sobre as conseqüências do álcool misturado à gasolina.

“Quando o governo determina mudanças na mistura de álcool na gasolina é necessário fazer uma regulagem no carburador. Quem não atenta para isso, fica com uma moto de autonomia alterada; o equipamento vai consumir mais combustível e ter um menor rendimento em termos de velocidade”, alertou.

Outro mito das motocicletas, este pertencente aos dias atuais, refere-se ao filtro de ar. “A garotada costuma tirar o filtro achando que a moto vai andar mais. Ao contrário, ela vai perder velocidade e vai fazer, isso sim, muito barulho”, relatou Jacó.

Sem o filtro, haverá maior passagem de ar na mistura ar/combustível, ocasionando um desgaste excessivo do motor. “Os pistões e anéis do propulsor sofrem nesta brincadeira, por conta da sujeira que vai se acumulando e que deveria ficar no filtro”.

Mais do que conservar o filtro de ar na moto, o motociclista deve atentar para a manutenção desse item. “Nas revisões, realizadas a cada três ou cinco mil quilômetros, é necessário fazer a limpeza do filtro. Muitas vezes não é preciso trocá-lo; limpar já basta. Vai depender muito do local em que a motoca foi utilizada”, ressaltou.

O terceiro e último mito envolve os pneus. Afinal de contas, o uso do nitrogênio na calibragem aumenta a durabilidade dos compostos? A resposta é não. “A única vantagem é que o nitrogênio não aquece, ao contrário do oxigênio”.

Quando aquecido, o ar do pneu sofre dilatação, fato que pode aumentar a calibragem em até oito libras e deixar o pneumático muito duro, diminuindo a aderência principalmente nas curvas. “O nitrogênio tem um ponto de dilatação mais elevado, o que mantém a calibragem estável. Se você calibra os pneus com oxigênio, terá de fazer essa prática uma vez por mês. Com nitrogênio, uma a cada dois meses”, detalhou Jacó.

“Se a meta é prolongar a vida útil do pneu, então o certo é fazer as calibragens constantemente. Independente do gás utilizado”, concluiu o mecânico de 46 anos.

Esclarecidas as fantasias, resta agora evitá-las, especialmente neste 1º de abril. Mas nessas três, ninguém mais vai cair.

Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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