Arthur Caldeira e Aldo Tizzani
Muitos cromados, duas saídas de escape paralelas e o largo pneu 180/60 na traseira fazem com que a Yamaha Drag Star 650 pareça uma moto de maior capacidade cúbica. Porém, com motor V2 de 649 cm³, é a mais acessível custom de média cilindrada à venda no país.
O preço sugerido do modelo é de R$ 25.000,00. Valor quase R$ 5.000,00 a menos que a Honda Shadow de 750cc, cotada a R$ 29.980,00. Verifica-se a mesma diferença se comparada a Harley-Davidson 883 (R$ 29.900,00) que, entre as três concorrentes, é a única a trazer injeção eletrônica.
Mesmo com motor menor que as adversárias de segmento, o desempenho desta custom de 650cc não deixa a desejar. O propulsor alimentado por dois carburadores e refrigerado a ar dá conta do recado para empurrar o piloto juntamente com os 215 kg (a seco) desta motocicleta.
O melhor é que o torque máximo (de 5,19 kgf.m) chega já nas 3000 rpm. Na estrada, seu habitat natural, muitas vezes não é nem preciso reduzir marcha para fazer uma ultrapassagem. Basta “dar mão” que a moto faz o resto. A potência máxima da custom da Yamaha — 40 cv — é suficiente para uma viagem tranqüila.
Outro ponto positivo é sua autonomia, que pode chegar a 450 km. A uma velocidade constante de 90 Km/h na estrada, a Drag Star percorreu cerca de 30 Km com um litro. Esta custom Yamaha foi feita para quem quer aproveitar cada minuto sobre a moto sem ter pressa para chegar ao destino. Mas se você fizer o “V2” girar alto, uma vez que a potência máxima chega a 6.500 giros, a moto não é nada econômica. O consumo fica em torno de 19 km/l.
Estradeira
Para completar a receita custom, a Drag Star traz um visual long and low (longa e baixa) que pode ser notado na grande distância entre-eixos e na reduzida altura do assento. Seu porte — 2,34 metros de comprimento — até impressiona à primeira vista.
Mas é com a moto rodando que se pode realmente desfrutar das qualidades estradeiras e da boa ergonomia do projeto. O guidão aberto e o banco estilo “sela” são confortáveis. O piloto se sente pronto para rodar muitos quilômetros, apesar da espuma do assento não ser tão firme para esse propósito. Vale destacar também o sistema de transmissão final por eixo-cardã, silencioso e praticamente livre de manutenções.
Para merecer cinco estrelas no quesito conforto, faltam também alguns assessórios na Drag Star, como faróis auxiliares, pára-brisa e pedaleiras plataforma. A garupa sente falta de um banco mais espaçoso e um sissy-bar (encosto). Pequenas “customizações” que são feitas pela maioria dos proprietários do modelo.
Ciclística “rabo duro”
Para reforçar a imagem clássica das “rabo duro” — as antigas custom que não tinham amortecedores traseiros —, a Drag Star esconde o monoamortecedor sob o bem desenhado pára-lama. Fixado à balança traseira por links, copia bem as ondulações de estradas boas, porém, sofre bastante na buraqueira das cidades. Na dianteira, utiliza o tradicional garfo telescópico.
O sistema de freio, a tambor atrás e disco de 298 mm na frente, assim como em outras custom, não é o destaque da moto. Mas levando em consideração a proposta estradeira da Drag Star, a frenagem está compatível.
Conjunto adequado para uma custom e preço atraente frente às concorrentes fazem da Drag Star uma boa opção de compra. “Na medida certa” para quem quer colocar o pé na estrada.
Ficha Técnica
Motor: Dois cilindros em “V”, 649 cm³, SOHC, refrigeração a ar, 2 válvulas por cilindro.
Potência máxima: 40 cv a 6.500 rpm
Torque máximo: 5,19 kgf.m a 3.000 rpm
Diâmetro x curso: 91,0 X 63,0 mm
Sistema de alimentação: dois carburadores
Relação de compressão: 9:1
Sistema de partida: Elétrica
Câmbio: 5 marchas
Transmissão final: Eixo-cardã
Capacidade do tanque: 16 litros (3 l de reserva)
Chassi: Berço duplo em aço tubular
Suspensão dianteira: Garfo telescópico, tradicional, com 140 mm de curso
Suspensão traseira: Balança monoamortecida com curso de 86 mm.
Freio dianteiro: Disco simples de 298 mm
Freio traseiro: Tambor com 130 mm
Pneu dianteiro: 100/90-19
Pneu traseiro: 170/80-15
Dimensões (C X L X A): 2.340 x 880 x 1.065 mm
Distância entre-eixos: 1.610 mm
Altura mínima do solo: 140 mm
Altura do assento: 695 mm
Peso seco: 215 Kg
Cores: Preta e prata
Preço público sugerido: R$ 25.000,00
Fotos: Renato Duraes.
RESPOSTA AOS COMENTÁRIOS:
Gostaria de esclarecer alguns pontos com relação ao teste feito com a Yamaha Drag Star. Cada piloto tem um tipo de tocada. Uns tem “mão pesada”, outros nem tanto, como é o meu caso. Quando piloto uma custom, por exemplo, incorporo o “espírito tiozão”, que não tem a menor pressa de chegar ao seu destino.
No primeiro trecho da viagem para Águas de Lindóia (SP) rodei a 90 Km/h. Sai da Zona Norte de São Paulo (com o tanque cheio - gasolina Premium) e, na seqüência, segui pelas rodovias Bandeirantes, Anhanguera e D. Pedro I. Quando parei no Km 103 da D. Pedro para abastecer e fazer uma média de consumo tive uma grata surpresa. Não gastei R$ 10,00 e o frentista colocou pouco mais de 3 litros (ou melhor, 3,285 l).
A conta é simples, 97 Km percorrido dividido por 3,285 l. Assim a média foi de 29,528 Km/l (cerca de 30 Km/l). Outros fatores podem ter contribuído para esta polêmica marca: Na saída de São Paulo, o frentista pode ter colocado gasolina acima do nível recomendado pelo fabricante. Além disso, viajei com pista livre, asfalto de boa qualidade, pneus calibrados e em boas condições de uso, sem bagagem e com vento a favor.
Se multiplicarmos 16 litros, que é a capacidade do tanque de combustível, por 29,528 l teremos mais de 450 de autonomia. Porém isso na prática não acontece, já que cada um tem um tipo de tocada e vários outros fatores já contribuem para o aumento de consumo: excesso de peso (garupa e bagagem), longos trechos em aclive (serra), pneus descalibrados e estradas em péssimas condições de uso, além em claro, da qualidade do combustível....
Com a mão um pouco mais pesada, a Drag Star realmente fez entre 18 e 19 Km/l.
Aldo Tizzani.
Agência Infomoto
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