Pequena notável da Honda

Na opinião de motonauta, a cativante Biz 125cc pode ser usada até mesmo como frigobar.

Por Leandro Alvares

Samuel Zelli Lopes

Após dez anos sem ter motocicleta em casa, finalmente resolvemos que teríamos uma. A escolha era simples, queríamos uma moto "barata" e que tivesse um baixo consumo pra usar no dia-a-dia. Assim ficou fácil escolher a Honda Biz 125 como o mais novo membro de nossa família.

Esse modelo cativa qualquer tipo de motociclista, aliás, acho que essa característica pertence às Cub’s de forma geral pela praticidade e pelo aspecto visual agradável.

Enfim, pegamos a moto e finalmente pude andar com ela. Logo na partida, já fiquei impressionado com o ronco daquele motorzinho que mais parecia uma 200cc.

O escape tem um acabamento de ótima qualidade, que mescla o preto com o cromado, e também possui uma saída menos restritiva, com um orifício de maior diâmetro se comparado com motos de maior cilindrada.

Um detalhe que conferiu à Biz um ronco grave e abafado, passando a impressão de uma moto potente e de maior capacidade volumétrica. De fato, a “Bizinha” ficou bem mais potente (9,1 cv a 7000 rpm) com o incremento de 25cc.

Mas o que impressiona mesmo é o aumento do torque, 1,06 kgfm entregue aos incríveis 4000 rpm. A posição de pilotagem mudou e fez com que o piloto ficasse “encaixado” de forma confortável.

Na cidade parece um brinquedinho, pois graças ao seu baixíssimo peso (98,7 kg) fica fácil "brincar" com a Biz nas ruas movimentadas. Ela faz curva com maestria e muda de direção muito rápido, sem que para isso seja necessário aplicar força em demasia para realizar qualquer tipo de manobra.

Nas avenidas, basta uma acelerada mais forte e pronto; num instante a Biz já está nos 80km/h graças à sua relação de marchas bem longa. Como o torque é entregue em baixas rotações, é possível rodar em quarta (última marcha) a 60 km/h, e é graças a essa característica que a Biz mostra que não tem aptidão pra beber gasolina, pois definitivamente ela foi concebida para ser econômica. E nessa situação (60 km/h em 4ª marcha) cheguei a registrar a incrível marca de 51 km/l.

No entanto, é impossível andar o tempo todo a 60 km/h. Apesar do consumo extraordinariamente baixo, a Biz tem péssima autonomia. Na pista, registra algo em torno de 36 a 40 km/l, e na cidade fica em torno de 45 a 48 km/l.

Debaixo do banco, ela carrega um ridículo tanque de combustível de apenas 4 litros, suficiente para rodar no máximo 180 km na cidade e 160 km na estrada. O marcador de gasolina é louco, rodam-se vários km sem que ele mexa, mas após mexer um pouquinho ele literalmente despenca para a marca de reserva.

Sem dúvida, estrada não é o "habitat" da Biz. Fiz inúmeras viagens com ela e digo que é bastante cansativo. A moto não chega a ser ruim para viajar, pois conta com uma velocidade de cruzeiro compatível com as outras 125cc do mercado, mantendo sempre uma faixa entre 80 e 110 km/h (somente piloto), sem que para isso seja necessário fazer reduções de marcha.

Contudo, se for viajar com garupa, a moto muda totalmente de comportamento. A cada subida é necessário reduzir marcha para que ela mantenha os 80 km/h, sendo possível manter até os 90 km/h, que é a velocidade limite para a terceira marcha.

Um dos pontos mais negativos é o limitadíssimo farol, que por muitas vezes fez com que eu me sentisse um louco por estar viajando a noite. Se quiser fazer algo realmente arriscado, viaje com uma biz à noite. O farol não oferece segurança alguma, pois o facho de luz fica a poucos metros à sua frente, e não adianta usar o farol alto porque a diferença é praticamente imperceptível.

Pode-se trafegar tranqüilamente com o farol alto que ninguém vai se incomodar. Um outro ponto negativo é a distância mínima no solo de apenas 133 mm. Cansei de raspar as pedaleiras no asfalto, basta inclinar um pouco mais que elas raspam mesmo. Até mesmo as carenagens chegam a raspar. Isso é uma pena, pois como eu disse anteriormente a Biz tem ótima aptidão para curvas, mas a baixa distancia do solo não permite que você abuse dela.

Quando fizer curva para a direita, jamais encoste o pé no freio, porque com certeza irá ralar o pedal no chão — às vezes ele encosta mesmo sem acionar os freios.

A Bizinha conta ainda com um bauletinho de dez litros sob o banco, que cabe um capacete ou então uma infinidade de badulaques. É impressionante, mas se você ajeitar tudo certinho é possível carregar muita coisa ali.

Fica fácil fazer compras com a Biz. Com o auxílio de uma pequena mochila, você consegue levar a compra do mês com essa pequenina da Honda. Durante as viagens que fiz, levei todas as minhas roupas sob o banco, dispensando o uso de mochila e podendo assim curtir a aventura mais confortavelmente.

E como a criatividade do brasileiro não tem limites, vou citar outra vantagem desse compartimento sob o banco que nem a Honda havia pensado antes: funciona perfeitamente como um frigobar! Pode-se acomodar facilmente várias latinhas e completar o compartimento com gelo, e garanto que terá latinhas geladas por um longo tempo!

Nem é preciso enxugar depois do uso, pois no fundo do compartimento tem uma pequena tampa que se você retirar, a água do gelo que derreter vai saindo e pingando no chão.

Um outro detalhe que desagrada é a chave da seta, que poderia ser idêntica às outras motos que com apenas um aperto já é destravada. No caso da Biz, a chave possui três posições (esquerda, centro e direita). Uma vez acionada, é necessário que o piloto empurre novamente a chave para a posição central (off).

No mais, posso dizer que é uma ótima moto e que corresponde perfeitamente às expectativas de um modelo 100% urbano, mas que não afina se for necessário viajar. Graças ao escudo frontal, as pernas ficam protegidas do vento e da chuva, aliás, muito bem protegidas. Mesmo sob chuva forte, elas permanecem praticamente secas.

Ela está longe de ser a moto ideal para todos os momentos, mas com certeza é uma das ideais para se ter como segunda opção! Muito fácil de pilotar, sendo que até mesmo um leigo sobre motos consegue facilmente conduzi-la sem qualquer tipo problema, já que se trata de uma moto que nunca afoga!

Sem dúvida, ela me deixou muitas saudades. Valeu Biz!

O “motonauta” Samuel Zelli Lopes participou do Moto Repórter, canal de jornalismo participativo do MOTO.com.br. Para mandar sua notícia, clique aqui.


Fonte:
Moto Repórter

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