Todos os anúncios Catálogo Digital Revista Digital Chat

Moto

Pequena notável da Honda

21 de August de 2008

Samuel Zelli Lopes

Após dez anos sem ter motocicleta em casa, finalmente resolvemos que teríamos uma. A escolha era simples, queríamos uma moto "barata" e que tivesse um baixo consumo pra usar no dia-a-dia. Assim ficou fácil escolher a Honda Biz 125 como o mais novo membro de nossa família.

Esse modelo cativa qualquer tipo de motociclista, aliás, acho que essa característica pertence às Cub’s de forma geral pela praticidade e pelo aspecto visual agradável.

Enfim, pegamos a moto e finalmente pude andar com ela. Logo na partida, já fiquei impressionado com o ronco daquele motorzinho que mais parecia uma 200cc.

O escape tem um acabamento de ótima qualidade, que mescla o preto com o cromado, e também possui uma saída menos restritiva, com um orifício de maior diâmetro se comparado com motos de maior cilindrada.

Um detalhe que conferiu à Biz um ronco grave e abafado, passando a impressão de uma moto potente e de maior capacidade volumétrica. De fato, a “Bizinha” ficou bem mais potente (9,1 cv a 7000 rpm) com o incremento de 25cc.

Mas o que impressiona mesmo é o aumento do torque, 1,06 kgfm entregue aos incríveis 4000 rpm. A posição de pilotagem mudou e fez com que o piloto ficasse “encaixado” de forma confortável.

Na cidade parece um brinquedinho, pois graças ao seu baixíssimo peso (98,7 kg) fica fácil "brincar" com a Biz nas ruas movimentadas. Ela faz curva com maestria e muda de direção muito rápido, sem que para isso seja necessário aplicar força em demasia para realizar qualquer tipo de manobra.

Nas avenidas, basta uma acelerada mais forte e pronto; num instante a Biz já está nos 80km/h graças à sua relação de marchas bem longa. Como o torque é entregue em baixas rotações, é possível rodar em quarta (última marcha) a 60 km/h, e é graças a essa característica que a Biz mostra que não tem aptidão pra beber gasolina, pois definitivamente ela foi concebida para ser econômica. E nessa situação (60 km/h em 4ª marcha) cheguei a registrar a incrível marca de 51 km/l.

No entanto, é impossível andar o tempo todo a 60 km/h. Apesar do consumo extraordinariamente baixo, a Biz tem péssima autonomia. Na pista, registra algo em torno de 36 a 40 km/l, e na cidade fica em torno de 45 a 48 km/l.

Debaixo do banco, ela carrega um ridículo tanque de combustível de apenas 4 litros, suficiente para rodar no máximo 180 km na cidade e 160 km na estrada. O marcador de gasolina é louco, rodam-se vários km sem que ele mexa, mas após mexer um pouquinho ele literalmente despenca para a marca de reserva.

Sem dúvida, estrada não é o "habitat" da Biz. Fiz inúmeras viagens com ela e digo que é bastante cansativo. A moto não chega a ser ruim para viajar, pois conta com uma velocidade de cruzeiro compatível com as outras 125cc do mercado, mantendo sempre uma faixa entre 80 e 110 km/h (somente piloto), sem que para isso seja necessário fazer reduções de marcha.

Contudo, se for viajar com garupa, a moto muda totalmente de comportamento. A cada subida é necessário reduzir marcha para que ela mantenha os 80 km/h, sendo possível manter até os 90 km/h, que é a velocidade limite para a terceira marcha.

Um dos pontos mais negativos é o limitadíssimo farol, que por muitas vezes fez com que eu me sentisse um louco por estar viajando a noite. Se quiser fazer algo realmente arriscado, viaje com uma biz à noite. O farol não oferece segurança alguma, pois o facho de luz fica a poucos metros à sua frente, e não adianta usar o farol alto porque a diferença é praticamente imperceptível.

Pode-se trafegar tranqüilamente com o farol alto que ninguém vai se incomodar. Um outro ponto negativo é a distância mínima no solo de apenas 133 mm. Cansei de raspar as pedaleiras no asfalto, basta inclinar um pouco mais que elas raspam mesmo. Até mesmo as carenagens chegam a raspar. Isso é uma pena, pois como eu disse anteriormente a Biz tem ótima aptidão para curvas, mas a baixa distancia do solo não permite que você abuse dela.

Quando fizer curva para a direita, jamais encoste o pé no freio, porque com certeza irá ralar o pedal no chão — às vezes ele encosta mesmo sem acionar os freios.

A Bizinha conta ainda com um bauletinho de dez litros sob o banco, que cabe um capacete ou então uma infinidade de badulaques. É impressionante, mas se você ajeitar tudo certinho é possível carregar muita coisa ali.

Fica fácil fazer compras com a Biz. Com o auxílio de uma pequena mochila, você consegue levar a compra do mês com essa pequenina da Honda. Durante as viagens que fiz, levei todas as minhas roupas sob o banco, dispensando o uso de mochila e podendo assim curtir a aventura mais confortavelmente.

E como a criatividade do brasileiro não tem limites, vou citar outra vantagem desse compartimento sob o banco que nem a Honda havia pensado antes: funciona perfeitamente como um frigobar! Pode-se acomodar facilmente várias latinhas e completar o compartimento com gelo, e garanto que terá latinhas geladas por um longo tempo!

Nem é preciso enxugar depois do uso, pois no fundo do compartimento tem uma pequena tampa que se você retirar, a água do gelo que derreter vai saindo e pingando no chão.

Um outro detalhe que desagrada é a chave da seta, que poderia ser idêntica às outras motos que com apenas um aperto já é destravada. No caso da Biz, a chave possui três posições (esquerda, centro e direita). Uma vez acionada, é necessário que o piloto empurre novamente a chave para a posição central (off).

No mais, posso dizer que é uma ótima moto e que corresponde perfeitamente às expectativas de um modelo 100% urbano, mas que não afina se for necessário viajar. Graças ao escudo frontal, as pernas ficam protegidas do vento e da chuva, aliás, muito bem protegidas. Mesmo sob chuva forte, elas permanecem praticamente secas.

Ela está longe de ser a moto ideal para todos os momentos, mas com certeza é uma das ideais para se ter como segunda opção! Muito fácil de pilotar, sendo que até mesmo um leigo sobre motos consegue facilmente conduzi-la sem qualquer tipo problema, já que se trata de uma moto que nunca afoga!

Sem dúvida, ela me deixou muitas saudades. Valeu Biz!

O “motonauta” Samuel Zelli Lopes participou do Moto Repórter, canal de jornalismo participativo do MOTO.com.br. Para mandar sua notícia, clique aqui.

Compartilhe esse anúncio