No dia mundial do meio-ambiente, o MOTO.com.br buscou um exemplo que comprovasse o empenho do mercado motociclístico com as questões ambientais: o Laboratório de Medição e Análise de Emissão de Gases de Manaus, uma das iniciativas da Honda do Brasil.
A instalação funciona desde 2001 em uma das fábricas de motocicletas da montadora no Amazonas. A unidade contribui para que as motos saiam da linha de produção atendendo às normas previstas na segunda fase do PROMOT (Programa de Controle de Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares), em vigor desde 1º de janeiro de 2006, que visa à redução gradativa da emissão de poluentes de motocicletas e ciclomotores.
Considerado o maior da América do Sul, o laboratório soma investimento inicial de US$ 3 milhões e possui instalações, equipamentos e procedimentos idênticos aos do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Honda Japão. Entre os aparelhos importados estão o analisador de gases e o dinamômetro, responsáveis por verificar os gases emitidos pelo escapamento da motocicleta.
No local, equipes especialmente treinadas verificam, por amostragem, se os equipamentos produzidos estão dentro dos limites de emissão de poluentes estabelecidos pela legislação. A metodologia implantada consiste em monitorar as condições dos equipamentos, realizar testes e avaliar os resultados obtidos. Atualmente, toda a linha 2006 apresenta índices abaixo do limite estipulado.
O conhecimento dos profissionais da Honda sobre este assunto foi conquistado a partir do relacionamento entre o Brasil e o Japão, que se deu em etapas, incluindo o intercâmbio das equipes para instalação de equipamentos e treinamento de técnicos em Manaus.
Preocupação que vai além dos equipamentos
O trabalho da Honda em produzir motores cada vez mais “limpos” e econômicos é desenvolvido desde a década de 1990, graças a uma ampla política de gestão ambiental. Mas a atenção da fabricante não se limita aos veículos de duas rodas. Proteger os recursos naturais e a diversidade biológica no local de suas instalações também faz parte da política da marca.
Em Manaus, por exemplo, a Moto Honda da Amazônia inaugurou recentemente a Reserva Honda, na Colônia Cachoeira Grande (Colônia Japonesa). O local será aberto à visitação pública e promoverá atividades de cunho científico, como pesquisas, educação ambiental e práticas esportivas, de forma a não comprometer o equilíbrio ecológico ou colocar em perigo a sobrevivência das espécies.
A área, uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural), ocupa mais de 16 hectares às margens do Igarapé do Mindu. Considerada um fragmento florestal urbano de mata secundária, abriga uma grande diversidade de espécies da flora e da fauna amazônica, com destaque para a grande comunidade de garças que habita a região.
Outra campanha adotada pela Honda é a do Green Factory (Fábrica Ecológica). O programa é desenvolvido em todas as unidades da empresa no mundo e atua em diversas frentes, como redução da geração de resíduos no processo produtivo e de custos com seus respectivos tratamentos; melhoria da eficiência no uso da energia, sem exercer pressão sobre os recursos naturais; adequação na linha de produtos, respeitando a legislação ambiental brasileira; e apoio a órgãos oficiais, escolas, universidades e às comunidades localizadas na região da fábrica. No Brasil, a Honda já investiu mais de US$ 36 milhões nos últimos anos, conquistando, inclusive, a ISO 14.001, o certificado internacional do Sistema de Gestão Ambiental.
Além de introduzir inovações nas fábricas, visando o aperfeiçoamento das operações, o Green Factory busca promover uma convivência harmoniosa com a sociedade. Para isso, participa de convênios com escolas e universidades para a realização de eventos educativos; parcerias para a organização de exposições com temas ligados à natureza e incentivo à formação de estagiários nas áreas de mecânica, química e meio ambiente, preparando futuros colaboradores.
Ainda como apoio à comunidade, a Honda, junto ao INPA (Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia) participa do Projeto “Comunidade no Jardim Botânico”, na Reserva Florestal Duck. Esse trabalho visa conscientizar e educar as comunidades que habitam próximo às áreas de reserva natural sobre os impactos ambientais nos cursos d’água e queimadas nas reservas florestais.
Reciclagem e reaproveitamento
O gerenciamento de resíduos é mais um dos compromissos da Honda, que procura reduzir o uso de recursos naturais e evitar desperdícios no consumo de materiais e energia. Todo mês, do total de 2.380 toneladas de resíduos resultantes da fabricação de motocicletas, 94% são reciclados, 3% incinerados e apenas 3% vão para aterros municipais.
Atualmente 1.620 toneladas de materiais como aço, alumínio, plástico, papel e papelão se transformam em novas matérias-primas para uso interno e externo. Tudo se transforma na fábrica: o óleo, após ser usado na produção, é novamente refinado e utilizado em outras indústrias; os pneus e as sobras do revestimento do assento das motocicletas são aproveitados na confecção de solados de calçados; a bateria é reciclada para fabricar novamente componentes de acumuladores de novas baterias.
Até os utensílios que fazem parte do dia-a-dia dos funcionários, como lâmpadas, e copos plásticos descartáveis são reciclados por empresas parceiras e transformados em capas de CD´s, cabides para roupa e escovas de dente. Os cartuchos de impressora são remanufaturados, o que reduziu pela metade as despesas com aquisição de novos cartuchos.
O Projeto NPD (Non Packing Delivery), sistema vai-e-vem de expedição de motocicletas, foi implantado na Honda em 2003 e no final de 2005 atingiu 100% dos modelos CG 150 Titan, CG 125 Fan e Biz 125 expedidos para as concessionárias, o que corresponde a 42% de todas as motos produzidas.
Trata-se de um sistema em que as motocicletas são enviadas da fábrica para a rede totalmente completas e sem precisar de embalagem, sendo fixadas em racks colocados nas carretas de transporte, o que diminui ainda mais a geração de resíduos metálicos, melhorando a logística e a qualidade, e reduzindo custos. Ao chegar a seu destino, a motocicleta é retirada do rack, que é desmontado e devolvido à Moto Honda por meio dos caminhões que transportam peças e outros produtos.
Em parceria com a empresa recicladora Cometais e órgãos do governo, a Moto Honda realiza há três anos o Programa de Reciclagem de Pneus Inservíveis — PROREPI —, a fim de reduzir a poluição do meio ambiente e impedir a propagação de doenças. A campanha regional visa despertar a atenção dos moradores para os impactos ambientais causados pela destinação inadequada dos pneus.
O processo começa com a coleta dos materiais em sete locais da cidade de Manaus, que posteriormente são enviados para uma empresa de reciclagem em São Paulo. Neste local, são moídos, reduzidos a pó fino e transformados em outros produtos. Nos últimos dois anos, mais de 320 toneladas de pneus foram arrecadadas pelo programa e hoje se transformaram em tiras para estofados, solas para calçados, tubos para canalização, colas e adesivos, entre outros produtos.
Estação de Tratamento de Efluentes
A Honda também possui uma moderna estação de tratamento de efluentes dentro do complexo industrial da empresa, no Pólo Industrial de Manaus, que permite o reuso da água na irrigação de área verde.
A estação tem capacidade para tratar 1.500 m3 de efluentes industriais (concentrados e diluídos) e biológicos (resíduos domésticos) diariamente. Depois de submetida a várias etapas de tratamento, esterilização e mais filtração, a água — já tratada — é destinada parte para irrigação e parte retorna à natureza.
A estação aproveita, ainda, outros materiais, como o lodo — tanto o industrial como o biológico — gerado após o processo de tratamento, em co-processamentos para fabricação de matéria-prima da massa asfáltica. O projeto da estação de tratamento de efluentes contou com um investimento de US$ 2,6 milhões.
Preservação e apoio à comunidade
Desde 2003, a Moto Honda da Amazônia colhe as safras do Projeto Agrícola, criado há seis anos. Localizado no campo de testes da Honda no município de Rio Preto da Eva, próximo a Manaus (AM), ocupa 180 hectares, em um terreno de mil hectares, e visa o plantio de árvores frutíferas e de espécies de valor e ameaçadas de extinção, como mogno, pau-rosa, copaíba e andiroba.
Neste programa, a empresa investiu cerca de R$ 2 milhões em benfeitorias e no cultivo de mais de 17 mil mudas, boa parte delas frutíferas, como coco, pupunha, acerola e banana. Cerca de 60% da área, o equivalente a 580 hectares, é formada por mata virgem e de preservação.
A primeira fase do projeto tem como meta abastecer os restaurantes da fábrica e entidades que cuidam de crianças e idosos carentes. De 2004 a 2006, quase uma tonelada de frutas foram utilizadas para suprir em parte os refeitórios da Honda, o Balneário em Ibicuí, e eventos da empresa. Mais de 12 toneladas foram doadas para instituições da cidade, como Abrigos Moacir Alves, Casa Mamãe Margarida e Grupo de Apoio à Criança com Câncer (GACC), para comunidades que habitam áreas de igarapés, Projeto Prato Cidadão, entre outros.
Além do Projeto Agrícola, a Honda iniciou em agosto do ano passado atividades ligadas à piscicultura, criando espécies nobres da região como o tambaqui, aproveitando o relevo e as nascentes naturais do terreno.
O meio-ambiente, não somente em seu dia de comemoração, agradece o empenho do setor das duas rodas!