Aldo Tizzani
A Comet Phase 2, da Kasinski, pode ser considerada um mix de várias tendências do mundo motociclístico. O tanque, a rabeta e o banco são derivados das motos esportivas. O quadro duplo berço em aço lembra o da Suzuki GS500. Já o motor — dois cilindros em “V” — tem a tradicional configuração usada pelos modelos custom.
Apesar desta salada de frutas sobre duas rodas, o resultado é bastante interessante. A moto traz design arrojado e bom nível de acabamento, além de suspensão invertida (upside-down) na dianteira e freio a disco em ambas as rodas.
Segundo o fabricante, a street naked da Kasinski é a moto mais potente de sua categoria — 32,5 cv de potência máxima, contra 24 cv da Honda CBX 250 Twister e 21 cv da Yamaha Fazer 250.
À primeira vista, o que chama a atenção mesmo é seu desenho moderno. Para os leigos, a Comet 250 parece ser uma moto de maior cilindrada. Encorpada, o tanque de combustível tem capacidade para 17 litros de gasolina — é o mesmo que equipa a Comet 650R, a esportiva da marca — e proporciona uma autonomia de cerca de 400 quilômetros.
A rabeta afilada e o banco em dois níveis dão um ar de esportividade ao modelo. A solução deixa claro que a motocicleta foi feita para pura diversão do piloto. Esta naked também traz como itens de série rodas de liga-leve, calçadas com pneus Pirelli MT 75, e escape com catalisador.
Motor em “V”
O motor coreano Hyosung usa a tecnologia Suzuki. Apesar de sua configuração — bicilíndrico em “V” — não ser comum para uma moto street, o propulsor de 249 cm³, duplo comando no cabeçote, oito válvulas e arrefecido a ar e óleo, tem baixa vibração e oferece um bom rendimento. Mas poderia ter mais torque nas arrancadas (baixas rotações). Porém, é acima das 6.000 rpm que começa a “brincadeira”.
A aceleração é bem linear e a potência máxima é atingida a 10.000 rpm. O ronco grave lembra o de motos maiores. E a velocidade final é de cerca de 150 Km/h. Já o câmbio de cinco velocidades é preciso e tem engates macios. Na cidade, a moto se apresentou bastante ágil e, na estrada, dá conta do recado.
Conforto e ciclística
Em função do desenho do robusto tanque e das pedaleiras recuadas, o motociclista fica numa posição mais esportiva ao comando da Comet Phase 2. O encaixe é quase que perfeito entre homem e máquina.
Outro ponto que merece destaque no quesito conforto é que a moto tem vários pontos para a fixação de bagagem — na lateral do banco do garupa e também sob a rabeta. Assim, o motociclista não precisa carregar a mochila nas costas, por exemplo, numa viagem.
A parte ciclística (quadro e suspensões) também apresenta boas surpresas. Destaque para a suspensão dianteira invertida (upside-down) com tubos de alumínio anodizado, que absorve bem as imperfeições do piso. Na traseira, balança monoamortecida, com cinco posições de ajuste.
Para ajudar no controle e na estabilidade, a Comet 250 conta com um bem dimensionado sistema de freios (disco de 300mm na dianteira e 230mm na traseira). Os pneus esportivos, que ajudam a parar o modelo de 170 quilos (a seco), oferecem boa aderência, principalmente em curvas fechadas.
O painel de instrumentos é completo e conta com velocímetro, conta-giros, hodômetro parcial e total, marcador de combustível e luzes espia. Os comandos são funcionais, com destaque para o lampejador de farol alto.
Concorrência
É inevitável comparar o volume de vendas e preço entre os três modelos street de até 250 cilindradas. Líder de mercado, a Honda CBX 250 Twister vendeu nos quatro primeiros meses do ano 27.486 unidades e seu preço praticado é de R$ 10.500,00. A “injetada” Fazer 250 vendeu 9.998 unidades e seu valor gira em torno de R$ 10.600,00.
Já a Comet, entre janeiro e abril deste ano, vendeu apenas 203 unidades. O preço da moto (R$ 14.296,00) é um pouco “salgado” para sua faixa de cilindrada e tipo de uso, porém, a montadora tem uma explicação: baixíssimo índice de roubo e itens de série superiores às suas rivais. Porém, a Comet não é injetada como a Fazer e a montadora não tem a mesma cobertura da rede de concessionárias Honda.
O produto tem qualidades e pode ser considerado a porta de entrada para uma naked de maior cilindrada ou até de uma esportiva, já que a diversão está garantida para quem pilota a Comet. Falta a montadora explorar (e divulgar) o que há de melhor na linha de produtos da empresa de Abraham Kasinsky, hoje, um empreendedor de 89 anos e pioneiro do setor de autopeças — quem não se lembra da Cofap?
Ficha técnica
Motor: "V2" a 75°, DOHC, 4 tempos, arrefecido a ar e óleo
Capacidade cúbica: 249 cm³
Diâmetro e curso: 57,0 x 48,8mm
Taxa de compressão: 9,8:1
Potência máxima: 32,5 cv a 10000 rpm
Torque máximo: 2,27 kgf.m a 7500 rpm
Câmbio: 5 velocidades
Transmissão final: corrente
Alimentação: Carburador Mikuni BDS26 (duplo)
Partida: Elétrica
Quadro: Duplo berço em aço
Suspensão dianteira: Telescópica invertida (upside-down), ajustável
Suspensão traseira: Balança monoamortecida, ajustável
Freio dianteiro: Disco ventilado de 300mm, com acionamento hidráulico
Freio traseiro: Disco ventilado de 230mm, com acionamento hidráulico
Pneu dianteiro: 110/70-17 M/C 54 H – roda de liga-leve
Pneu traseiro: 150/70 -17 M/C 69 H – roda de liga-leve
Comprimento total: 2080mm
Largura total: 760mm
Altura total: 1120mm
Distância entre eixos: 1445mm
Distância do solo: 180 mm
Altura do assento: 795mm
Tanque de combustível: 17 litros
Peso a seco: 170 Kg
Cores: Amarela, preta e vermelha
Preço: R$ 14.296,00
Fotos: Caio Mattos.