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Moto

Kasinski Comet GT 650, uma naked mais acessível

15 de March de 2012

André Jordão

O mercado brasileiro de motos nunca ofereceu tantas opções para o consumidor. Isso se explica pelo fato de o Brasil figurar atualmente entre os cinco maiores produtores mundiais de motocicletas, com uma frota de mais de 17 milhões de motocicletas – média de uma para cada 11,5 habitantes – e cadeia produtiva empregando diretamente cerca de 140 mil pessoas na indústria de todo o país.

Com esse boom vieram as opções. E com estas opções, que vão de motocicletas da BMW e MV Agusta, até Honda, Yamaha, Dafra e Kasinski, apareceu a Comet GT650. Apresentada no fim do ano passado, durante o Salão Duas Rodas 2011, essa naked de 650 cm³ é a moto mais acessível (R$ 20.990) do segmento de nakeds de 600cc e aparece como mais uma opção para o motociclista que deseja dar um upgrade à sua rotina.

Para isso, a Kasinski optou por manter o motor de dois cilindros em “V”, que equipa sua irmã carenada, a Comet GT650R. Além de diferenciá-la, fazem dessa naked uma alternativa as motos de quatro e dois cilindros em linha. Já no conjunto nenhuma surpresa. Suspensões eficientes, desempenho condizente com sua proposta e um design agressivo, tudo para conseguir um espaço neste concorrido nicho das nakeds de média cilindrada.

Única com V2
Para reduzir gastos e aproveitar os componentes que já “têm em casa”, a Kasinski preferiu equipar a Comet GT650 com o mesmo motor de dois cilindros em “V” que já movem a esportiva Comet GT650R e a custom Mirage 650. O problema é que os engenheiros da marca tiveram que alterar a faixa útil do propulsor, deixando esta naked “manca” em rotações mais baixas.

Como o motor é o mesmo e a tocada precisava ser diferente, a potência máxima (89,6 cv) só aparece aos 9.250 rpm e o torque máximo (6,9 kgf.m) nos 7.250 rpm. Isso complica um pouco a vida do motociclista urbano — público alvo desta moto —, que precisa trocar de marcha o tempo todo.

Por outro lado, quando chega às rodovias o motor apresenta uma dinâmica interessante. O condutor consegue trabalhar em todas as faixas do propulsor e, se não fosse o vento, viajaria aos 150 km/h sem se cansar. Por conta dessa característica, o consumo da GT650 variou bem entre o trânsito urbano e o trânsito viário. Alimentada por injeção eletrônica, essa naked chegou a fazer 16,9 km/l na estrada e baixou para 14,5 km/l na cidade.

Ciclística acertada
Se a motorização desta Kasinski deixou um pouco a desejar na cidade, na ciclística acertou em cheio. Todo o conjunto funciona alinhado com a proposta urbana desta moto. Os potentes discos duplos dianteiros (pinças duplas com quatro pistões) aliados ao disco simples traseiro deixam o piloto tranquilo nas frenagens. A Kasinski não divulga diâmetro dos discos, nem o curso das suspensões.

Aliás, as suspensões trabalham com maestria. Na dianteira, o garfo invertido tem ajuste. E na traseira a balança monochoque também é ajustável. Mesmo com o asfalto bem irregular, a GT650 mostrou estar preparada para a rotina diária de qualquer trabalhador. Ponto negativo é o esterço desta naked. O ângulo de esterço não privilegia a troca rápida de direção e dificulta manobras em pequenos espaços. 

Outro item que também contribui para a tocada e garante aderência, principalmente nas curvas, são os pneus. Os Metzeler Sportec M3 montados nas rodas de 17 polegadas contribuem para essa naked deitar nas curvas e transpor os buracos da cidade. Não é uma esportiva, mas contorna um trajeto sinuoso sem fazer feio.

Visual agressivo e ergonomia
Outra característica que diferencia a Comet GT650 é seu visual agressivo. Equipada com um conjunto óptico trapezoidal, o modelo vem com decoração bicolor no banco da garupa. Detalhe que também foge dos padrões do segmento. O banco bi-partido remete às motos racing e realmente dá um ar mais esportivo a essa Kasinski. Entretanto, o conforto fica comprometido. O encaixe das pernas é um ponto positivo, mas a garupa sofre com esse tipo de assento.

Um ponto que poderia ser revisto é o acabamento. Muitos cabos aparentes e soldas grosseiras no quadro tubular atrapalham um pouco o visual dessa naked. Mas nada comprometedor. Na maioria dos lugares que estacionei, a Comet GT650 atraiu a curiosidade de outros motociclistas. Poucos a conhecem e rapidamente nota-se o desejo dos consumidores que, em sua maioria, tem uma moto de baixa cilindrada (125cc até 250cc) e vêem nessa Kasinski uma alternativa para o mundo das motocicletas mais potentes.

Por fim, o painel é completo, mescla informações analógicas e digitais e ainda conta com três níveis de iluminação, o que facilita a visualização tanto durante o dia como mais para a noite. A Kasinski GT650 é comercializada nas cores preta e vermelha pelo prelo sugerido de R$ 20.990.

Depois de avaliá-la, ainda ficou uma dúvida: o preço mais acessível cobrado pela Kasinski faz da Comet 650GT uma opção interessante? Acredito que sim. Primeiro pelo fato do mercado brasileiro oferecer hoje opções para todos os motociclistas e deixar que eles escolham o melhor — o que por si só já é um ponto positivo. Segundo, pela Kasinski apostar e lançar uma moto mais barata que suas concorrentes e que permite à maioria dos motociclistas ingressarem em um segmento que talvez, sem a GT650, eles não conseguissem. Conjunto honesto e preço justo, esses são os trunfos dessa naked.

- Confira o vídeo de apresentação da Kasinski Comet GT 650

Para ver os vídeos e mais detalhes, clique aqui.

Ficha Técnica
Kasinski Comet GT 650
Motor DOHC, 4 tempos, 8 válvulas, 2 cilindros em “V”
Refrigeração Arrefecimento a água
Capacidade 647 cm³
Alimentação Injeção eletrônica
Potência máxima  89,6 cv / 9.250 rpm
Torque máximo 6,9 kgf.m a 7.250 rpm
Lubrificação Bomba de óleo 
Câmbio 6 velocidades
Transmissão final Corrente
Partida  Elétrica
Embreagem Multidiscos banhados em óleo
Comprimento total 2.095 mm
Largura total 785 mm
Altura total 1.125 mm
Distância entre eixos 1.445 mm
Distância livre do solo 185 mm
Peso a seco 193 kg
Altura assento 835 mm 
Roda Liga leve
Freio dianteiro Hidráulico a disco (duplo)
Freio traseiro  Hidráulico a disco
Pneu dianteiro 120/70 - 17
Pneu traseiro 160/60 – 17
Suspensão dianteira Telescópica invertida (U.D.F.) – Ajuste de amortecimento
Suspensão traseira Balança monochoque ajustável  
Cores Preto e vermelho 
Preço sugerido ao consumidor R$ 20.990,00

Fotos: Doni Castilho

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