Arthur Caldeira
Quando a Honda lançou a nova CBR 600RR no Salão de Colônia (Alemanha), em setembro do ano passado, alardeou que esta seria a superesportiva de média cilindrada mais rápida nas pistas. Estaria mais leve, mais potente, mais fácil de pilotar, enfim, mais tudo. Os números e as alterações feitas no modelo demonstravam, ao menos na teoria, que a renovada máquina estaria ainda melhor.
A versão 2007 já desembarcou no Brasil e pudemos conferir que, neste caso, teoria e prática andam juntas. A nova superesportiva está muito melhor que a versão anterior.
Regime
Redução de peso e centralização das massas nortearam o desenvolvimento da CBR 600RR 2007. Para começar, os engenheiros da Honda fizeram com que motor, quadro, outros componentes e até mesmo o módulo de controle eletrônico passassem por um forte regime: o modelo 2007 “perdeu” oito quilos. Além disso, os 155 quilos (a seco) estão mais centralizados, melhorando a maneabilidade.
Para isso, o bloco do propulsor foi redesenhado, ficando mais compacto. A sua posição no quadro Diamond também foi alterada. A distância entre-eixos foi reduzida (22 mm menor), mas a balança traseira ficou 5 mm mais longa. Sempre com a centralização de massas como objetivo principal. Melhorias que podem ser sentidas assim que se sobe nessa nova CBR 600RR. Ela está mais leve e parece mais “na mão”.
Ciclística afiada
Se ao montar na moto já se nota o menor peso, o que dizer quando se começa a acelerar essa nova Honda? Ela ficou muito mais ágil, mais precisa e parece não ter limites para deitar nas curvas.
Tudo fruto da nova geometria do equipamento. Além do entre-eixos mais curto, a motocicleta teve seu ângulo de cáster reduzido em 15º. Com isso fica mais difícil fazer manobras em baixa velocidade, mas a compensação vem na hora de contornar curvas fechadas.
Basta “mirar” onde se quer entrar que a moto obedece docilmente. Bastam algumas voltas para notar que a nova CBR 600 é a máquina que você quer ao seu lado quando for acelerar na pista ou quando tiver uma serra sinuosa pela frente.
A diminuição do entre-eixos e do ângulo de cáster poderiam causar uma certa instabilidade em altas velocidades ou nas saídas de curvas. Poderiam, mas não causam. Isso porque a Honda equipou a CBR 600RR 2007 com a última geração do HESD (Honda Eletronic Steering Damper), seu moderno amortecedor eletrônico de direção. Com isso, quanto maior a velocidade, mais rígido fica o guidão, evitando assim as indesejáveis (e perigosas!) oscilações.
Contribuem também para uma ciclística “afiada” e precisa as suspensões da nova superesportiva. Na dianteira, traz garfo telescópico invertido totalmente regulável (pode-se ajustar a pré-carga da mola, compressão e retorno do conjunto). Na traseira, aparece o DNA Honda das pistas. Da RC 211V, motocicleta da MotoGP, vem o sistema Unit Pro Link. Trata-se de um único conjunto mola-amortecedor embutido na balança traseira. Com isso economiza-se espaço e peso, permitindo que o tanque de combustível fique sob o banco, contribuindo ainda mais para a tal centralização de massas.
Outros destaques da parte ciclísticos são os potentes freios. Na frente, dois grandes discos de 310 mm de diâmetro com pinças radiais de quatro pistões. Atrás, um disco simples com pinça única. Quando exigidos, praticamente estancam a moto. E o mais importante: com a centralização de massas não há aquela sensação da transferência de peso para a dianteira.
Finalizando as alterações na ciclística, vale a pena destacar a nova ergonomia. O guidão está agora posicionado um pouco mais alto (10 mm) neste modelo 2007. Além disso, o banco do piloto foi deslocado para trás (15 mm). Com isso há mais espaço para se deslocar no banco em curvas radicais.
Mais potente
Como dito acima, a CBR 600RR 2007 foi renovada de cabo a rabo e, claro, o motor não ficou de fora. Além de dois quilos mais leve e compacto, apresenta um comportamento novo, mais elástico, flexível e mais potente. Ganhou apenas 3 cv extras. Agora o quatro cilindros em linha, 16 válvulas, com comando duplo no cabeçote (DOHC) e refrigeração líquida, produz 120 cv a 13.500 rpm.
O torque continua o mesmo (6,73 kgf.m a 11.000 rpm), porém, a forma como é entregue mudou. Agora entre 7.000 e 10.000 giros a potência e também o torque aparecem de forma mais linear e suave em comparação à versão anterior. Evitando assim engasgos e a impressão de que falta “força” para que a nova 600RR atinja mais de 200 km/h.
O módulo de controle eletrônico (ECU) foi re-programado para melhorar ainda mais a injeção eletrônica PGM-DSFI (sistema com dois bicos injetores, no qual um deles funciona quando o motor mais precisa, isto é, acima de 5.000 giros).
Ela ganhou também novos corpos injetores e portas de admissão e exaustão redesenhadas. Além disso, o novo desenho da carenagem frontal, que traz como marca registrada uma única entrada de ar central, é responsável por esse motor mais esperto em médias rotações.
Segundo a Honda, a nova entrada otimiza o fluxo de ar e mantém o motor sempre bem alimentado. O resultado é impressionante: um dos motores quatro em linha de 600cc mais elásticos que já pilotei.
Novo design
Mas não foi somente a carenagem frontal que ganhou novo design. A marca japonesa mudou todo o visual da CBR 600RR. Na lateral, destaque para a peça única com inspirações aeronáuticas e deixa parte do motor descoberto.
Na rabeta, a lanterna foi deslocada para o suporte de placa, seguindo as tendências atuais. Seria este o único detalhe que pode não agradar nesta nova 600 RR, afinal a lanterna traseira com LEDs e colocada junta a rabeta na versão anterior era mais harmoniosa. Entretanto, o novo visual é bastante moderno e esportivo.
O painel também ganhou um novo desenho, mantendo o velocímetro digital e conta-giros de leitura analógica. Vale destacar as novas cores. Além da tradicional vermelha, a nova 600 RR vem nas cores branca perolizada com grafismos prata e a inédita azul metálica.
Claro que todas essas melhorias têm um preço. O valor do modelo 2007 em dólares é de US$ 23.195,00 (contra os US$ 22.109,00 do modelo 2006). No entanto, com a queda na taxa de câmbio, o preço sem frete, óleo e seguro sugerido pela montadora não aumentou muito: passou de R$ 47.859,35 para R$ 50.073,37. Afinal, a nova 600RR está mais tudo, mais leve, mais potente e também mais cara.
Mesmo assim, a Honda espera vender 1.184 unidades da nova 600 RR em 2007. Previsão bastante otimista, já que, se alcançada, o número vai representar um crescimento de 83% nas vendas do modelo. Em 2006 foram comercializadas apenas 650 unidades de sua antecessora.
Ficha Técnica:
Motor: 599 cm³, DOHC, 4 cilindros, 16 válvulas, arrefecido a líquido
Potência máxima: 120 cv a 13.500 rpm
Torque máximo: 6,73 kgf.m a 11.000 rpm
Diâmetro x curso: 67,0 X 42,5 mm
Sistema de alimentação: Injeção eletrônica PGM-DSFI
Relação de compressão: 12.2:1
Sistema de partida: Elétrica
Transmissão: 6 velocidades
Embreagem: Multidisco em banho de óleo
Lubrificação: Forçada, por bomba trocoidal
Ignição: Eletrônica
Bateria: 12V / 8,6 Ah (10 horas)
Farol: 55/ 55W
Capacidade do tanque: 18 litros / óleo do motor 3,5 litros
Chassi: Diamond Frame (Alumínio)
Suspensão dianteira: Garfo telescópico, invertida, HMAS (Honda Multi-action System), com 120 mm de curso
Suspensão traseira: UNIT PRO-LINK, com reservatório de gás, ajustes de pré-carga de mola, compressão e retorno e curso de 129 mm.
Freio dianteiro: Duplo disco flutuante, 310 mm, duplo cáliper de 4 pistões cada, com acionamento hidráulico.
Freio traseiro: Disco simples, 220 mm e cáliper de pistão simples
Pneu dianteiro: 120/70 ZR17M/C (58W)
Pneu traseiro: 180/55 ZR17M/C (73W)
Dimensões (comprimento x largura x altura): 2,008 x 684 x 1,108 mm
Distância entre-eixos: 1,373 mm
Altura mínima do solo: 137 mm
Altura do assento: 823 mm
Peso seco: 155 Kg
Cores: Vermelha, branca perolizada e azul metálica
Preço público sugerido: R$ 50.073,37
Fotos: Caio Mattos.