Arthur Caldeira
A Ducati 749 Dark encanta à primeira vista. Seu inconfundível design com formas arredondadas e dois faróis sobrepostos é bastante sedutor — idêntico ao da sua irmã maior, a Ducati 999 — e difere de qualquer outra superesportiva japonesa.
O quesito beleza é ainda mais atraente nessa série “Dark”, que traz pintura em preto fosco e quadro e rodas em cinza grafite. Esta é a única versão da 749 importada pelo Grupo Izzo para o Brasil. O preço sugerido desta beldade italiana é de R$ 57.900,00.
Ao girar a chave, o painel com conta-giros analógico acorda e a tela de cristal líquido traz o nome “DUCATI 749”. Tudo para encantar ainda mais o felizardo piloto e avisá-lo que acabou de adquirir o bilhete de entrada para o fantástico mundo das superesportivas da famosa marca italiana.
Mas o jogo da sedução continua. Basta dar a partida e ouvir o som compassado e grave do motor de dois cilindros em “L” (um V disposto a 90°) para apaixonar-se — ou, como alguns poucos, decepcionar-se. Afinal, em nada lembra o ronco dos quatro cilindros das superesportivas nipônicas.
Ao subir na 749, logo vêm à cabeça as belas italianas esguias que desfilam elegantemente na Via Montenapoleone, no quadrilátero da moda, em Milão. O tanque é estreito, o banco, nada confortável e os semi-guidões deixam os braços bem próximos. Não se monta na 749, veste-se a máquina.
Torque e potência
Depois de encantado sem nem mesmo pilotá-la, queria verificar se a Ducati era apenas sedutora ao olhar. No trânsito travado das avenidas de São Paulo, a posição de pilotagem logo cansa e o calor vindo do motor, refrigerado a água, começa a incomodar.
O motor com comando de válvulas desmodrômico, sistema que é marca registrada da Ducati, e alimentado por injeção eletrônica pede por aceleração. Abaixo das 5.000 rpm, o torque e a potência são praticamente inexistentes e a 749 parece “xoxa”. Os incautos podem se perguntar: “isso é uma esportiva da Ducati?”
É preciso girar o acelerador para o propulsor acordar. Em uma estrada bem asfaltada e, com a pista livre, pode-se ver os giros crescerem rapidamente até o shift light — luz que indica a hora de trocar a marcha, pois o motor chegou ao limite de giros — acender e a velocidade subir estonteantemente.
É só lá em cima, a 8.500 giros, que o torque máximo de 8,2 kgf.m aparece e, precisamente nas 10.000 rpm, que os 108 cv de potência máxima confirmam se tratar de uma superesportiva.
Assim como a posição de pilotagem, a tocada demonstra o DNA racing desta Ducati 749 Dark que, não por acaso, traz balança traseira de alumínio usada pela marca no Campeonato Mundial de Superbike.
Devoradora de curvas
Balança traseira oriunda das pistas, quadro em treliça, suspensão upside-down Showa, na dianteira, monoamortecedor Sachs, na traseira — ambas totalmente ajustáveis — rodas de liga-leve da grife Marchesini. Um conjunto quase “de pista” que mantém a 749 D muito estável nas retas mesmo em altas velocidades — o modelo pode atingir a máxima de 260 km/h — e que faz dela uma verdadeira devoradora de curvas. Além de muito ágil nas mudanças de direção.
Parece não haver limites para deitar a 749 em uma curva, seja de baixa ou alta velocidade. O piloto conta com a ergonomia excelente — tanque estreito, semi-guidões e pedaleiras altas — e também com a entrega suave de potência para se divertir na pista, ou em uma serra travada.
A arquitetura de dois cilindros em “L” do motor oferece uma potência mais linear sem os sustos dos quatro cilindros, que às vezes “cospem” potência fazendo a roda traseira derrapar. Com essa italiana é possível acelerar mais cedo sem tanta preocupação. Não que ela seja mansa; apenas domesticável, na mão do piloto.
Mesmo que você não seja um iniciado no mundo das superesportivas, e não queira “ralar o joelho” no chão, vai gostar de fazer curvas com essa Ducati 749. Afinal, se essa jóia escura do design italiano agrada à primeira vista, seduz ainda mais quem a pilota.
Ficha Técnica
Motor: Dois cilindros em L a 90°, quatro válvulas por cilindro, refrigerado a água, com sistema de comando de válvulas desmodrômico
Capacidade: 748 cc
Diâmetro x Curso: 90 x 58,8 mm
Taxa de compressão: 11,7: 1
Potência máxima: 108 cv a 10.000 rpm
Torque máximo: 8,2 kgf.m a 8.500 rpm
Alimentação: Injeção eletrônica Magneti Marelli com corpo de 54 mm
Transmissão: 6 marchas
Transmissão primária: Engrenagens
Transmissão secundária: Corrente
Embreagem: Multidisco a seco com acionamento hidráulico
Quadro: Tipo Treliça de aço tubular
Suspensão dianteira: Invertida Showa de 43 mm com revestimento de titânio e totalmente ajustável
Suspensão traseira: Balança com amortecedor Sachs totalmente ajustável
Freio dianteiro: Discos duplos flutuantes de 320 mm, pinças Brembo de 4 pistões
Freio traseiro: Disco simples, 240 mm, pinça Brembo de 2 pistões
Roda dianteira: Marchesini de Liga leve com 5 raios, aro 17 x 3.50
Pneu dianteiro: 120/70 ZR 17
Roda traseira: Marchesini de Liga leve com 5 raios, aro 17 x 5.50
Pneu traseiro: 180/55 ZR 17
Comprimento: 2095 mm
Altura do assento: 780 mm
Distância entre eixos: 1.420 mm
Tanque de combustível: 15,5 litros
Peso a seco: 189 kg
Cores: Preto fosco
Garantia: Dois anos sem limite de quilometragem
Preço sugerido: R$ 57.900,00 (sem frete)
Fotos: Caio Mattos.