Comparativo: dois estilos de viajar

Suzuki Bandit N1200 ou Honda Shadow 750 numa viagem de 700 km? Decida você mesmo.

Por Leandro Alvares

Aldo Tizzani

Dois pilotos experientes, duas motos de estilos completamente diferentes e um único destino: a estância hidromineral de São Lourenço (MG), que fica numa posição estratégica entre três capitais da região Sudeste. Está a 260 quilômetros do Rio de Janeiro, 290 de São Paulo e 390 de Belo Horizonte.

O objetivo desta viagem-teste — com 700 quilômetros de ida e volta da capital paulista — era conferir o comportamento da Shadow 750, a classic custom da Honda, e da Suzuki Bandit N1200, uma autêntica representante da categoria naked; e analisar em condições normais de uso itens como conforto, segurança e consumo.

Detalhe: os dois modelos foram projetados para rodar em estradas em boas condições de conservação. E foi isso que aconteceu nesta viagem. Mas antes de colocar o pé na estrada, é preciso acomodar a bagagem. As duas motos não oferecem boas soluções para transportar mochilas, por exemplo. Faltam pontos de fixação.

Na Bandit, a melhor solução é a instalação de um “top case”. Já para a Shadow, a dica é colocar alforjes laterais, bolsas de couro que completam o estilo custom da moto. Se o piloto da Honda viajar com garupa, um sissy-bar (encosto) será muito bem-vindo, já que oferece mais conforto, principalmente em longas viagens.

Desempenho

Já na estrada, as motos foram idealizadas para pilotos de “tocadas” completamente distintas.  No caso do equipamento da Honda, que custa R$ 29.980,00, o motociclista deve ter consciência que a motocicleta não foi feita para altas velocidades, já que o vento também vem forte no peito (a instalação de um pára-brisa dará maior segurança na pilotagem). Sem falar que em estradas sinuosas, como as de Minas Gerais, o desempenho da Shadow fica limitado pela sua ciclística custom, projetada para as retas, e a inclinação nas curvas também é reduzida, já que as pedaleiras raspam facilmente no asfalto.

Numa velocidade de cruzeiro de 120 Km/h, o moto-viajante poderá aproveitar cada minuto sobre a motocicleta. A custom tem “cara de tiozão” e seu comportamento na rodovia vai ao encontro do motociclista que não tem a preocupação com o horário, tempo de pilotagem, mas sim com a qualidade da viagem.

Nestas condições, a moto fez 16 Km/l. Agora, se o motociclista rodar com o “cabo enrolado”, o consumo fica alto para uma moto de 745 cm³ e 45,8 cv de potência máxima — 13 Km/l. Mas temos que levar em conta a configuração do motor — dois cilindros em “V” a 45º — e também o excesso de peso da moto.

Na Bandit só alegria. A começar pelo preço: R$ 41.133,00. O motorzão de quatro cilindros em linha de 98 cv de potência máxima oferece ao piloto boas doses de adrenalina — a moto chega a 230 Km/h.

Na estrada é possível manter a quinta marcha praticamente o tempo todo, devido ao torque abundante desde as baixas rotações. O consumo é praticamente o mesmo se comparado à custom da Honda: 16 Km/l. Só que esta Suzuki tem um propulsor de 1.157 cm³ de capacidade e tanque para 20 litros. Com isso, sua autonomia é bastante superior ao modelo “adversário”, que tem apenas 14,3 litros. Isso, sem dúvida, é uma vantagem da Suzuki em longas viagens.

Mas caso o condutor seja mais “nervoso” ao girar o acelerador, o consumo da Bandit pode aumentar bastante, forçando mais paradas para abastecimento. Por isso, às vezes, é melhor acelerar menos e também parar menos. A viagem acaba rendendo mais e sendo mais econômica, já que as visitas ao posto de gasolina são menos freqüentes.

Ciclística

Nos quesitos quadro e suspensões, as duas motos apresentam configurações completamente diferentes. A Shadow conta com chassi berço duplo em aço, em que são fixadas a suspensão dianteira telescópica e a traseira duplo-amortecida. A geometria das suspensões, o baixo centro de gravidade e os pneus largos favorecem a condução em estradas retas. Isso aliado ao guidão largo, banco no melhor estilo “sela” e as pedaleiras avançadas deixam o piloto “sentado” sobre a moto.

Numa viagem solo, a dica é posicionar a bagagem bem próxima do corpo do piloto, formando uma espécie de encosto. Já freios estão de acordo com sua proposta; disco simples na dianteira e a tambor na traseira.

Na Bandit, o quadro é tubular pintando na cor da moto. A suspensão dianteira usa garfo telescópico tradicional e a traseira, um único conjunto mola-amortecedor fixado à balança por meio de links.

O conjunto dá conta do recado de absorver bem as ondulações do piso irregular. Numa pilotagem mais radical, principalmente em curvas, a Bandit 1200 “deita” quase como uma esportiva, mas sem deixar o conforto de lado, já que conta também com banco largo e em dois níveis. A posição de pilotagem é quase perfeita. Para finalizar, os freios a disco são absurdamente eficientes — duplo na dianteira e simples na traseira.

Agora, é só escolher a moto de sua preferência, um destino e boa viagem!

Fotos: Arthur Caldeira e Renato Durães.

Fonte:
Agência Infomoto

Compartilhe:

Receba notícias de moto.com.br