Leandro Alvares
Há 1 ano e cinco meses, este jornalista que vos escreve exerce a função de reportar, diariamente, os principais acontecimentos do mundo do motociclismo. Mas apesar de estar imerso no segmento das duas rodas, vosso escriba jamais havia pilotado uma motocicleta.
Na última sexta-feira, porém, um curso básico de pilotagem promovido pela Honda, em Indaiatuba (SP), ensinou um grupo de 13 jornalistas da mídia especializada a conduzir uma moto de maneira correta. A ação de aprendizado foi realizada no CETH (Centro Educacional de Trânsito Honda).
As atividades começaram cedo, por volta das 7h30. O passo inicial de ensinamento da primeira turma de repórteres de 2007 foi a instrução teórica, que nos apresentou a uma motocicleta.
Robson Clauss foi o instrutor responsável por dissecar o veículo nos mínimos detalhes na chamada inspeção preventiva: checagem de componentes eletrônicos, comandos e cabos, pneus, óleo, combustível, freios, corrente, bateria, equipamentos de segurança e proteção, postura correta de pilotagem, técnicas de frenagem, posicionamento da moto no trânsito e pilotagem defensiva foram alguns dos assuntos abordados durante a manhã.
“Nosso objetivo aqui é iniciar o aprendizado de forma correta, um processo de educação que, no Brasil, não tem essa profundidade”, destacou Kalunga, outro instrutor que participou da educação motociclística dos jornalistas, ao lado também de Fábio Bonatto e dos gêmeos Gildo e Gilson Marques.
“As moto escolas ensinam, atualmente, o aprendiz a passar no exame, apenas isso. Todo candidato a motociclista, nas 15 horas obrigatórias de teoria que tem nas escolas de moto do país, não recebe informações de como conduzir a motocicleta. E é exatamente isso que queremos mudar”, afirmou Kalunga.
Aprendizado e mudança de comportamento
Esta frase foi muito valorizada e repetida durante o dia de curso básico para jornalistas. E se tornou, de fato, a principal moeda adquirida nesta experiência. Foram quatro horas que passamos sentados nas carteiras, mas fundamentais para o período vespertino, quando finalmente partimos para a parte prática.
Pouco antes de seguirmos para as motos, conhecemos e experimentamos os simuladores de pilotagem do CETH. Tivemos a sensação de estar realmente no trânsito e, dada a dificuldade inicial de se familiarizar com o programa, alguns começaram a ficar tensos para, na seqüência, conduzir as motocicletas de verdade.
“Fazer isso aqui, tudo bem. Eu só espero que você não saia da moto em movimento quando estivermos na prática”, disse Gilson Marques à jornalista Adriana Giachini, da Agência Anhanguera de Notícias.
A repórter de Campinas, aliás, deixou a sua impressão sobre o curso de pilotagem. “É legal você ter a visão de como ser um motociclista, enxergar o outro lado que não o do motorista de carro. E muito importante pensarmos nesta filosofia de pilotagem com segurança para diminuirmos o número de acidentes. Cautela no trânsito nunca é demais”.
Os primeiros metros de um novo motociclista
A ansiedade era grande, os braços estavam tensos, o coração acelerado. Estava a alguns instantes de pilotar uma moto. A primeira coisa que fiz, seguindo as instruções de Gilson Marques — os instrutores foram essenciais e muito atenciosos neste programa —, foi sentar na máquina e começar a descobrir seus detalhes.
Já com capacete e luvas vestidos, um ato que sequer precisou da lembrança por parte dos professores graças à boa educação transmitida no módulo teórico, dei a partida no modelo, uma CG 150. A primeira moto, como dizem, a gente nunca esquece.
Ainda no cavalete, Gilson pediu para acionar a embreagem, engatar a primeira marcha e simular uma saída. Para a minha felicidade, ela não “morreu”. “Se estivesse no chão, você estaria em movimento”, animou-me o instrutor. Passo seguinte: desligar a moto, tirá-la do cavalete e dar um passeio com ela, sentindo o peso e, mais uma vez, buscando uma maior familiaridade e confiança.
Chegou a hora da verdade. Novamente sentado na motocicleta, agora sem o cavalete, parti rumo à quebra de uma barreira; os primeiros metros como um piloto de moto. O mais difícil, no início, foi relaxar os braços, o que com o tempo deixou de ser um problema. Claro, como não poderia ser diferente, deixei o motor “morrer” algumas vezes. Admito, várias vezes. Mas este foi um outro detalhe superado na medida em que ganhava quilometragem.
Interessante mesmo foi observar as manias que, segundo Gilson, são comuns dos aprendizes, como olhar para o chão e para o guidão, ao invés de se concentrar com o que vem à frente — lembrei de quando aprendi a andar de bicicleta. E ao observar os demais colegas de profissão, homens e mulheres, notava o mesmo.
Do grupo, não eram todos inexperientes. Os que já sabiam pilotar realizaram um trabalho diferenciado, de correção dos eventuais erros e vícios de pilotagem e desenvolvimento de técnicas, como condução nas curvas e frenagem.
Leonardo Bussadori, um dos jornalistas presentes, foi um caso a parte, pois não andava de moto há 16 anos. “Para mim foi uma relembrança e recomeço correto. Quando a gente aprende a andar de moto, geralmente é com o pai, com o irmão e pensamos que estamos fazendo tudo certo, quando na maioria das vezes não é o caso. Eu saio do CETH com a noção do que é realmente certo”, ressaltou.
Outros três modelos no currículo
Após conseguir a primeira mudança de marchas e ganhar maior confiança na CG, parti para a troca de equipamento. A segunda da lista foi a NXR 150 Bros, máquina muito gostosa de pilotar, na opinião deste iniciante. Em seguida, pilotei dois modelos de 250cc: CBX Twister e XR Tornado.
Se tivesse de eleger a preferida, ficaria com a Twister, uma moto bastante confortável que transmite segurança. A posição das pedaleiras me impressionou, por ser mais recuada e de estilo esportivo, segundo explicou-me o instrutor Gilson.
Mas o mais gostoso de tudo, observado em cada uma das quatro motos, foi a sensação e o barulho do vento. Um sopro formidável, próximo de um assobio, que causa arrepio e aumenta o desejo de pilotar.
Fim da tarde, hora de se despedir das motocicletas. Engraçado isso: a transformação do medo, ou melhor, a perda dele e o surgimento do prazer de guiar uma moto. Pilotar com consciência, educação e respeito; uma trinca de valores que deveria ser obrigatória para todos os centros de formação de condutores.
CETH: nove anos de história
Instalado em 1998 na cidade de Indaiatuba, o Centro Educacional de Trânsito Honda já formou 58.768 pessoas. Do curso básico, semelhante ao ministrado para os jornalistas, saíram 5014 motociclistas educados.
No ano passado, a fabricante de motos inaugurou uma nova unidade do CETH, instalada em Recife. “Esperamos, no futuro, ter muitas outras sedes e que as montadoras concorrentes também invistam neste trabalho, feito exclusivamente para valorizar o motociclismo no país e cultivar um melhor comportamento dos condutores no trânsito”, concluiu o instrutor Robson Clauss.
Algumas concessionárias autorizadas Honda já oferecem o curso de pilotagem para seus clientes. Para maiores informações, ligue 0800 701 34 32 ou acesse o site
www.honda.com.br.
Equipe MOTO.com.br
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