Relato: Um simples click em preto e branco
De volta ao passado, nosso colunista resgata um pouco da história do motociclismo no Brasil.
Por André Jordão
Por André Jordão
Reinaldo Baptistucci
Bastou um CLICK e o tempo parou, sendo gravado em uma pequena porção de filme dentro da máquina fotográfica que estava em minhas mãos. Esse momento nunca mais volta e com certeza se perderia na história e, talvez, fosse apagado da memória no segundo seguinte, caso não fosse registrado.
No meio da pilha de fotos que tenho guardado em casa, consigo facilmente voltar ao passado e lembrar por onde andei nesses últimos anos, bem como identificar locais e porque não dizer, rever pessoas com quem conversei e viajei. Essa memória estática do momento congelado passa a ser uma testemunha viva do que aconteceu nesse tempo que não foi perdido, mas que já passou.
Por muitos anos participei de Encontros de Moto, o número é elevado e a quantidade de Motos e Público que vi, passa em muito da casa do milhão. Foi o meu lazer incondicional, fim de semana era igual a viagem de moto, para bem longe de preferência e Reportagem de Eventos, durante quase duas décadas assisti a lenta, drástica e irreversível mudança do que no princípio era uma idéia simples e que hoje se transformou em um Show para muitos.
Lembro de 1993, quando recebi o convite para subir na minha BIKE e participar do MEGA CYCLE. A proposta era generosa, cheia de curvas e muito ousada, pois o Churrasco da Chácara ou a Padaria da Esquina onde o pessoal que andava de Moto se encontrava, teria a partir daquele primeiro Mega Encontro um endereço certo e nas alturas, Serra Negra, o que sem dúvida gerou muita polêmica; era gostar ou detestar.
Nesse período uma avalanche de Encontros surgiu do nada e, aos poucos, alguns foram se consolidando. Dos mais famosos, um em particular sempre me chamou a atenção, Tiradentes (MG) pois era o ANTI MEGA. Conceitual e extremamente silencioso, esse evento marcou com certeza uma virada radical aos que não queriam participar de um MEGA IMAM que atraia milhares de Motociclistas, o que certamente sempre foi e continuará sendo uma questão puramente de escolha, ou seja você vai se quer. Mas uma certeza sempre rodou em baixo das duas rodas da minha moto nessa época, se você queria rever ou mesmo conhecer novos motociclistas, a melhor opção era ir a um Encontro de Motos, fosse ele MAXI ou MICRO.
A década de 90 viu surgir uma infinidade de MCS, que se proliferaram por todo o Brasil, foi impressionante, em cada esquina e a cada momento era fundado mais um Motoclube. E no início do século XXI, os finais de semana sempre foram abarrotados de eventos, isso acabou na verdade dividindo o que em princípio tinha como objetivo uma soma simples, que seria (Você + Moto + Estrada + Viagem + Um Belo Encontro + Novos e Velhos Amigos = Um Ótimo Fim de Semana).
Foi nessa mesma época que muitos deixaram de participar destes eventos e mergulharam nas Estradas. Motociclistas que iam para lugares remotos e voltavam contando histórias e causos. Eu e muitos que conheci, tivemos o prazer de rodar nesse período inesquecível e não desperdiçamos a chance e a oportunidade de viver esse tempo de liberdade e aprendizado, dando a cada quilômetro rodado, um valor verdadeiro não só a moto, parceira das estradas, mas também a uma Irmandade que era genuína e que hoje é tão questionada.
Das centenas de fotos que tirei durante esses anos todos, escolhi algumas, é muito pouco eu sei, mas de alguma forma elas fazem parte ou representam um pequeno trecho da história que foi registrada, um breve momento, uma rápida visita ao passado talvez, ou quem sabe seja um micro segundo que foi eternizado e que vai muito além de UM SIMPLES CLICK EM PRETO E BRANCO.
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