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Reinaldo Baptistucci

O Cordel de Lobato e o Petróleo

15 de June de 2012

Reinaldo Baptistucci

Parado num posto em Caçapava (SP) chega um cara com uma garrafa de água na mão, segue o diálogo.

ELE - Tão indo pra onde ??
EU - Monteiro Lobato (SP)
ELE - Vocês não vão conseguir passar, outro dia eu tentei e não teve jeito,voltei.
EU - Com qual Moto você estava ?
ELE - Moto não, eu estava com um EXTRA X Y Z SERIE SPECIAL DE LUXE (era um carro na cor prata).
EU - Pensei na hora, a GUZZI ta com pneu de Speed na Traseira... ai ai sera que vai dar pra passar ?
ELE - Sabe a criançada ficou chateada, eles queriam conhecer a Casa e o Sitio onde Monteiro Lobato viveu.

O frentista confirma as dificuldades do "PASSAR" e aconselha " Melhor vocês voltarem e irem por São José dos Campos", o trecho é meio longo mas vai ser melhor, e com certeza vocês chegam no PICA PAU AMARELO.

Saímos do posto, a GS 650 na frente e a Dona GUZZI 1200 atrás, sem placas e sem destino, totalmente perdidos no Centro da Cidade de Caçapava (SP), curva pra cá e reta pra lá, farol, trilho de trem e placa de contra mão, e nos só no perguntar pros transeuntes a rota certa, gente de boa vontade que apesar dos esforços também não sabia que rota seguir até a tal Estrada. No farol já bem perdidos, um motoboy para do lado.

ELE - Tão indo pra onde ??
KARIN - Monteiro Lobato
ELE - Siga em frente, na Rotatória a direita e na segunda a esquerda, dali é uma reta só, a estrada vai apertar mas vocês vão passar.

Faz parte, a muito tempo venho reparando que se o destino não é o principal ou seja o normal, as placas desaparecem, ai com certeza fica quase impossível você achar a rota, mas no caso, se o nosso objetivo era ir por ali, e confirmar se era possível ou impossível passar, então, por que não pelo menos tentar. Eu no particular achava que sim, com as nossas gatas com certeza passaríamos, lógico que não somos especialistas em estradas de terra, mas nossas Motos foram pensadas e projetadas para andar em trechos mais esburacados e com piso irregular, porém o fato de eu estar com um pneu mais ou menos me deixava preocupado, certo sim era um Pneu mais OFF( 180-55 ZR 17 GOMADO) do que um ON LISÃO, mesmo assim seguimos em frente.

Montanhas e Vales, muito passarinho e um verde cheio de cores, muitas flores e a pista estreitando, a direita só ribanceira braba, e a mata tomando conta de tudo, some o asfalto, curvas miúdas com rampas acentuadas e pedras soltas a granel, a GS 650 na minha frente vai tranquila e dando risada, ela sem dúvida foi feita pra isso, já a GUZZI tem tração de sobra, porem a tocada tem que ser um pouco mais suave, principalmente nas curvas em 90 graus e bem apertadas, ela sai de traseira com facilidade, espirrando pedra para todos os lados, o jeito foi ficar em pé nas pedaleiras, a GS some, vai embora, sem chorar na rampa agressiva, até bem lá no alto, no topo da Serra, que visual, com as motos paradas não se escuta nada, só o cantar dos passarinhos.

Antes de Monteiro Lobato na beiradinha da Estrada está o Sitio do Pica Pau Amarelo, Casario de 1870, antiga Fazenda de Café, dizem que ali, o personagem de Jeca Tatu nasceu, fico imaginando como seria andar com as tropas de burros levando ou mesmo trazendo mercadoria do Vale do Paraíba, tempos heróicos, sem controle de tração ou mesmo motores injetados, imagino também como deveria ser o Viajar de Madrugada embaixo de chuva e frio, só com, a luz do candeeiro a iluminar a trilha apertada e tendo que acalmar a tropa que no meio do BREU escutava ao longe, bem lá no meio do vale o esturro de uma onça cercando um Veado Mateiro encurralado.

Meu pensamento também vai longe, estamos de alguma forma revendo a historia e entendendo um pouco melhor os contos e causos que Lobato com tanta simplicidade soube em detalhes contar e encantar várias gerações. Sem dúvida Monteiro Lobato viveu em um período complicado (Império-Republica-Estado Novo),mas soube de forma primorosa relatar os fatos dessa época com precisão e que sem duvida envolveram profundas transformações sociais, políticas e econômicas.

Parada para fotos e água, nosso próximo destino seria São Francisco Xavier, bem lá no alto, no contraforte da Serra da Mantiqueira, faz sol e o céu é de um Azul Anil, rodamos por uma estradinha impecável, era a sobremesa que faltava, o trecho a 60 km/h foi apreciado e a paisagem servida em um prato cheio de curvas, passam algumas Speeds e também Customs andando muito rápido, penso eu - Pra onde eles vão com tanta pressa e porque não vi nenhuma lá pra bandas da terra e das pedras soltas ?

De volta para a Estrada, encontramos com o Walter Vespaparazzi que nos mostrou algumas fotos que conseguiu Clicar na Rodovia Carvalho Pinto, pela primeira vez me vi pilotando uma moto em total descontração e fiquei surpreso com o fato. Explico, todas as fotos que tenho pilotando, pedi para ser clicado, mas nesse caso especifico o Walter registrou para sempre o momento sem eu saber e deu pra ver como eu piloto minha moto em detalhes - posição da coluna,braços,pernas e também a regulagem que fiz na suspensão e muito mais.

Acredito que o trabalho realizado pelo nosso amigo Vespaparazzi seja de real e fundamental importância pois de alguma forma ele esta registrando a história do Motociclismo nas Rodovias Paulistas, e sem dúvida deve ser levado muito a sério, e vai aí o endereço eletrônico do Walter www.vespaparazzi.com.br. Vale a pena conferir e de repente quem sabe você também esta na foto.
Depois das Estradinhas miúdas pegamos a Dutra e passamos por Aparecida do Norte para agradecer, aproveitando para tanquear com Gasolina da Petrobras.

Abraços aos irmãos estradeiros
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Visão da Karin Sampaio:

Por Caçapava! Uhmmm que legal!!! Entrei no Google e vi que a estrada para Monteiro Lobato e São Francisco de Xavier seria super bucólica. Dia lindo, sol e vento frio! Entrando em Caçapava (km 111 da Carvalho Pinto) é claro que paramos para tanquear num Posto Petrobras e ... perguntar. “Não tem uma placa!!!” Comento indignada! – “Pois é. Diz o Guzzeiro, mas tem Gasolina”. As informações sobre a estrada e o trecho de terra são diversas, “mas eu acho que dá”. Confirmo minha vontade com meu parceiro!

Como valeu a pena: asfalto bom, curvas e mata. Pensei: “que moleza!” A estradinha vai subindo e fechando, cada vez mais até chegarmos no tal trecho de terra! Chão batido, pedregulhos, areia, erosões, umidade, cheiro de mato, sombra, sol, abismos (que susto), fendas, troncos caídos e a estrada meia pista. E eu pensando: ... “ai, ai, ai... e se vier um carro?” Quando começo a pegar o jeito da coisa a estradinha acaba. “Só isso? O pessoal falou tanto e foi só isso de terra?” Foi realmente fácil, a GS é maravilhosa, super obediente e não me deu nenhum susto!”

Logo aparece o Casarão que eu tinha visto na Internet: A casa onde Monteiro Lobato morou!!!! Buzino para o meu parceiro que está entretido pensando nas Ironias da Historia! Nada de parar! Então eu paro e tiro fotos! Toda encantada. Meu parceiro foi embora!
Ouço o motor da Guzzi – inconfundível! É ele. Dou risada e aproveito para tirar uma foto dele voltando.
Eu: parei pra tirar foto. Essa é a verdadeira casa do Monteiro Lobato!!!!
Guzzeiro: Legal, vamos escrever sobre ele, o Sitio e o Petróleo Brasileiro.
Eu: tirei uma foto sua voltando!

Guzzeiro: Logo imaginei, vamos entrar e tirar algumas fotos do casarão também, e assim foi feito. Continuamos até chegarmos em Monteiro Lobato (cidadezinha acolhedora) e o passeio é fantástico. Asfalto muito bom, paisagem lindíssima, tudo que um motociclista sem pressa quer! A padaria onde paramos, para tomar um café, vendendo doce de leite de todos os tipos imagináveis. Fiz a festa! Logo ouço ronco de motos.

Mais motociclistas chegando. A galera toda equipada, com lindas motos HD e Big Trails param do lado das nossas. Logo nos cumprimentam e as perguntas sobre a moto Guzzi começam. Eu me divirto, pois de tanto o Reinaldo responder e explicar com todo carinho eu já estou ficando especialista. Sei mais sobre a moto dele, do que sobre a GS. Depois é que o pessoal percebe que eu não estou na garupa e sim na minha própria moto uma G 650 GS. Percebo reações diversas: alguns admiram outros não acreditam outros comentam sobre suas esposas e companheiras e eu adoro incentivar! “Não é difícil, vale a pena, é muito bom!”

Rei: Vamos?
Eu: Vamos! – chego aos motociclistas: “Cavalheiros, estamos indo. Foi um prazer!” e dou a mão a cada um deles!
Motociclistas: Vão para Campos do Jordão?
Eu: Não, nós vamos continuar para São Francisco de Xavier!
Rei: É logo ali, ta vendo aquela montanha mais alta, é só subir nela, e você vai ver que é menos badalado, bem mais tranquilo e está cheio de curvas!

Estrada boa, curvas e mais curvas, sol, vento frio, verde, vales, fazendinhas, pousadas, rio, cercas, cachorrada folgada no meio da estrada – que visual! Pura terapia! Impossível não ficar zeeeemmmm! Chegamos à São Francisco de Xavier. Outro presente, pois a cidadezinha é muito bem estruturada, com barzinhos, restaurantes, supermercados, bancos, policiamento, artesanato, placas em madeira e pessoal bem humorado. Vamos ficar aqui! Amanhã seguimos viagem, já está escurecendo. A procura por uma pousada foi meio trabalhosa, pois não acho certo pagar R$ 300,00 por um pernoite. Os preços estavam meio salgados – é só uma pousada! Mais afastada da cidade pegando 3 km de terra achamos uma pousada com preço justo.

Nessa hora é ter paciência e persistência, afinal estamos de moto!

Monteiro Lobato nasceu na cidade de Taubaté em 18 de abril de 1882. Foi um grande tradutor, escritor, contista e ensaísta. Sua criação mais conhecida foi o Sítio do Pica Pau Amarelo. Faleceu em 4 de julho de 1948.

Literatura Infantil

1920 - A menina do narizinho arrebitado
1921 - Fábulas de Narizinho
1921 - Narizinho arrebitado
1921 - O Saci
1922 - O marquês de Rabicó
1922 – Fábulas1924 - A caçada da onça
1924 - Jeca Tatuzinho
1924 - O noivado de Narizinho
1927 - As aventuras de Hans Staden
1928 - Aventuras do príncipe
1928 - O Gato Félix
1928 - A cara de coruja
1929 - O irmão de Pinóquio
1929 - O circo de escavalinho
1930 - Peter Pan
1930 - A pena de papagaio
1931 - Reinações de Narizinho
1931 - O pó de pirlimpimpim
1932 - Viagem ao céu
1933 - Caçadas de Pedrinho
1933 - Novas reinações de Narizinho
1933 - História do mundo para as crianças
1934 - Emília no país da gramática
1935 - Aritmética da Emília
1939 - O minotauro
1941 - A reforma da natureza1942 - A chave do tamanho 1935 - Geografia de Dona Benta
1935 - História das invenções
1936 - Dom Quixote das crianças
1936 - Memórias da Emília
1937 - Serões de Dona Benta
1937 - O poço do Visconde
1937 - Histórias de Tia Nastácia
1938 - O museu da Emília
1939 - O Picapau Amarelo
1944 - Os doze trabalhos de Hércules
1947 - Histórias diversas

Monteiro Lobato que viveu em um período complicado (Império-Republica-Estado Novo) teimava em dizer que era preciso explorar o Petróleo Nacional para dar ao povo brasileiro um padrão de vida à altura de suas necessidades. Tentou, sem êxito, organizar uma companhia petrolífera mediante subscrições populares.
Lobato foi condenado a seis meses de prisão, e permaneceu encarcerado de março a junho de 1941.

Uma campanha promovida por intelectuais e amigos conseguiu fazer com que Getúlio Vargas concedesse o indulto que o libertaria, reduzindo a pena de seis para três meses na prisão. Apesar disso, Lobato continuou sendo perseguido e o governo fazia de tudo para abafar suas ideias.Curiosamente o petróleo no Brasil seria encontrado, por uma ironia da história, em um local chamado Lobato (Salvador), em 1939.Resumindo a Historia do Petróleo Brasileiro também passa por Monteiro Lobato.

Reinaldo Baptistucci, mais que um motociclista, contador de histórias e profundo conhecedor do mundo das duas rodas, é um verdadeiro apaixonado por viagens e aventuras pelas rodovias do país e nações vizinhas.

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