Motocicleta, cada uma tem sua proposta

Reinaldo Baptistucci e sua companheira Karin Birgit Stoecker traçam um panorama das motos e suas propostas

Por Leandro Lodo

Reinaldo Baptistucci

HD & Big Trail e Cia

Tenho rodado demais, tenho aprendido muito, isso é certo e líquido, mas sempre foi assim, toda vez que eu troco de moto, eu já sei que a nova não vai ter nada haver com a anterior. No caso específico da HD esse assunto fica quase impossível de se explicar, porem vejamos: Vibrar é preciso, em muitos casos não, a grande maioria das motos atuais não vibram, isso foi SIM um trabalho realizado por engenheiros e que teve como o resultado final o objetivo alcançado - Tremer Zero em Dois, Três, Quatro, Seis cilindros em Linha, porém a grande maioria dos Monos Vibram.
 
Mas, fica claro que a tal HD vibra muito, como todo e bom V2, mesmo com os tais coxins a moça treme, aliás a Guzzi Stelvio 1200 tem também essa característica, eu em particular adoro sentir o motor nas minhas mãos. Na marcha lenta da pra escutar e entender a conversa do VAI E VEM dos cilindros. E por falar em tremer, lembro dos meus tempos de juventude e da TX 650 da Yamaha (1974) essa moto ficou famosa, com motor ligado e no cavalete central ela saia andando de tanto que mexia, uma característica que muitos apreciavam, e eu também, a moto estava VIVA e louca pra pegar uma Estrada.

Do quadro e da altura, Custom é baixa, Big Trail é alta, isso todos já sabem, nas estradas de terra quem está lá em cima tem que se equilibrar mesmo, por o pé no chão pode ser meio caminho para um tombo, a altura pode ser um aliado ou não, principalmente quando se viaja sozinho e não se pode vacilar, levantar uma Big Trail carregada até a boca pode ser traumático - O cara compra a moto sonhada e ninguém ensina a levantá-la do chão, já perceberam? Certo também, é uma pura verdade que levantar uma Custom grandalhona do chão é tarefa dolorosa, mas não impossível! Porém, se o que vem pela frente, por exemplo, for terra e pedra solta com curvas travadas vai depender de habilidade e muita calma, e se neste caso seu pé estiver a alguns centímetros do piso isso vai ajudar no equilíbrio, já na lama o que faz a profunda diferença são os pneus, nem pense em encarar a Trans-Amazônica ou o que sobrou dela com um pneu de SPEED, garanto que não vai dar certo.

Passei 35 dias andando de Falcon 400 (alta) e Ténéré 250 (idem) ficou claro que são equipamentos distintos em potência mas, com praticidade incrível na pilotagem, até a hora de você parar em uma rua com piso torto ou irregular, bobeou e a moto sozinha pode ir para o chão.

No caso específico da Ténéré 250 da Karin, nos além de abaixarmos a frente e folgar a mola do amortecedor traseiro, também cortamos um bom pedaço do pesinho, uns 5 centímetros, isso ajuda a moto deitar e não ficar totalmente instável quando estacionada, não precisa ser nenhum especialista pra perceber que Trail fica em pé quase na vertical e isso pode não ser muito bom, principalmente se você estiver parado em uma rodovia no acostamento com os Treminhões passando, o deslocamento de ar pode sim derrubar sua moto.

Resumindo, independente da moto que você vai pilotar é sempre bom saber que todas têm suas limitações e inclua nesse pacote as speeds. Tudo de bom, massss com piso irregular melhor não acelerar.

Vai uma historia rápida, em 1996 sai de Sampa com destino a São Joaquim (SC), tudo de bom na estrada, subi a Serra do |Rio do Rastro e fui estacionar a minha Suzy GSX 1100 R Preta e Vermelha em uma Pousada a 8 km da cidade. Nessa noite nevou muito, dia seguinte eu já estava com tudo pronto pra seguir viagem, maravilha, mas eu nunca tinha visto por aquelas bandas tanta NEVE...nem a Pé dava pra andar na pequena, apertada e cheia de curvas estradinha pela qual um dia antes havia passado com muita poeira. A solução foi colocar a Moto na caçamba de uma Toiota Bandeirantes que já estava equipada com corrente nas rodas (4X4 traçada), foi punk...., mas de alguma forma eu aprendi mais uma, aliás pra falar a verdade, o que mais me motiva é exatamente isso, não tem viagem que de alguma forma você não aprenda mais alguma coisa, talvez por isso eu continue a Rodar de Moto. 

Abraços aos irmãos estradeiros

Karin Birgit Stoecker

Ténéré 250 & F 800 GS

Quem sou EU para querer fazer comparações entre duas motos tão diferentes? Uma Yamaha Ténéré 250 e uma BMW F 800 GS. Mas gostaria de mostrar o quanto pode ser divertido rodar com duas ou mais motos durante a semana. Para trabalhar rodando por São Paulo o dia inteiro
nos mais variados horários uso a Ténéré 250. Ela é leve, aguenta a buraqueira, me permite olhar por cima dos carros e passa bem no corredor. Por ter um motor de baixa cilindrada sou obrigada a pilotar com suavidade e em rotação mais alta. Seu desempenho fica show de bola entre 4.000 e 5.000 giros. A GS 800, no entanto me cansa um pouco no trânsito de São Paulo. Por ser alta e pesada para mim, tenho muita dificuldade em colocar a menina de ré nos bolsões disputando vagas apertadas entre motos pequenas. O piso irregular é outra dificuldade e no corredor das avenidas sou empurrada pelos moto-boys que buzinam insistentemente. A GS é maravilhosa quando não há engarrafamento e quando saio de São Paulo para pegar a estrada.

Toda vez que subo na GS depois de pilotar a Ténéré de segunda a sexta-feira, meu coração dispara e parece que estou de moto nova. Sinto-me feito criança pegando seu brinquedo preferido. Saio da garagem estranhando minha fiel companheira de viagem, pois mesmo sendo mais pesada do que a branquelinha Ténéré, ela possui uma leveza impressionante na dirigibilidade do guidão. É uma manteiga, seu ronco uma delícia e a embreagem – ahhhh, que força para subir a mesma rampa além do seu centro de gravidade baixo .... quanta facilidade, quanta tecnologia. Levo um tempinho para me familiarizar com as setas. Pois na Ténéré é igual as demais motos como Falcom 400, CB 300, Tornado, YBR, etc.. Mas as setas da F800 são uma em cada lado do guidão. A minha sorte é que ela desliga sozinha depois de um tempo, pois sou craque em esquecer a seta ligada.

Enquando a Ténéré 250 me pede marchas curtas e baixas para poder pilotar pelas ruas com suavidade a GS 800 demanda marchas longas e mais altas. Assim eu consigo ter mais controle da menina nas avenidas e corredores. Mas quando chego na estrada ela é tudo de bom. Não tenho nem vontade de parar no posto, nem penso em descer dela. Que delicia de moto. Para ultrapassar caminhões ela oferece total segurança. Totalmente confiável nas curvas. A moto é feita para te perdoar o tempo todo. Mesmo em baixíssima velocidade tendo que fazer curva fechada em estrada de terra e cascalho seja subida ou descida, eu posso garantir, a GS é fácil e segura de levar.

A Ténéré na estrada também é uma delícia, mas a pilotagem é outra. Eu não passo dos 90 km/h, ou seja, 6.000 giros, pois não gosto de judiar do motor. Na estrada de terra, ela é tudo de bom. Seu centro de gravidade é um pouco mais alto do que o da F 800, mas isso não interfere nas curvas, é só jogar o corpo um pouco menos.

Enfim. O que eu gostaria de dizer: “é divertido ter motos diferentes, pois cada moto oferece vantagens para propostas diferentes. E a emoção de aprender a pilotar a mesma moto que você deixou parada por alguns dias é incrível. Faz com que você renove sua percepção e sensibilidade toda vez que sobe na sua menina que te esperava na garagem para rodar. Quanto ao consumo (21 a 28 km/l) fica claro que a Ténéré em certas situações  de tocada e piso leva a melhor, porém quando você precisa de motor para ultrapassar um Treminhão a GS 800 (20 a 26 km/l) não toma conhecimento.

Abraços a todos irmãos amantes do motociclismo

Reinaldo Baptistucci, mais que um motociclista, contador de histórias e profundo conhecedor do mundo das duas rodas, é um verdadeiro apaixonado por viagens e aventuras pelas rodovias do país e nações vizinhas.

Fotos: Arquivo pessoal/Vespaparazzi


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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