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Reinaldo Baptistucci

Bons tempos e bons ventos - Parte 3 Final

18 de June de 2012

Reinaldo Baptistucci

Boa noite, por favor, enche o tanque, na primeira parada, já na estrada, faço a conta do consumo, a GUZZI 1200 cc só pra variar tem a costumeira marca de 22 km para 1 litro de gasolina, essa informação era importante, pois estávamos rodando a 100 km/h, com motos diferentes... mas e a GS 650 cc ??, verifico o resultado que aparece na calculadora e refaço a conta, deve ter alguma coisa errada, não pode ser, mas no segundo calculo vem à confirmação, 29 km/l, muito bom, pois se andarmos a 80 ou 90 km/h a GS vai passar dos 33 km/l, mas isso só poderia ser confirmado quem sabe La pras bandas de Goiás.

Amanhece e já estamos longe, despencando pro Rio de janeiro, e eu pensando na Serra das Araras com pouco transito!!!, Levo em consideração que, afinal das contas era dia de Natal, e o fluxo nesse horário seria mínimo, porem eu estava errado, toda atenção era pouca, a quantidade de óleo derramado na pista alertava para uma tocada com total cautela, garoa fraco e o tempo esta carrancudo, no pedágio o piso é um verdadeiro lixo, por pura obrigação de instinto dou um toque para a PINNY, ta vendo, sente o drama por onde você esta passando, não breque forte mesmo com o ABS, pois um vacilo e a GS vai pro chão, ao que tudo indica ninguém esta muito preocupado com segurança e sim com arrecadação.

Finalmente o tempo abre e faz sol, a Guzzi tem um termômetro digital embutido no painel e ao passar por Rio Bonito (RJ-BR 101) o danado marca 45 graus, o calor é forte e somado a ele já com o asfalto derretendo pegamos transito local, que tristeza, faz a gente se sentir igual a um filé acebolado mal passado na chapa, mas eu sei que pilotar equipado faz parte e jamais poderá ser negligenciado, mas é incrível a quantidade de motos que passam por nós com pilotos, sem camisa, capacete, de bermuda e pior com garupas idem e vendo a sena que se repete inúmeras vezes chego a uma trágica conclusão, fala-se tanto em segurança, mas até hoje nunca vi um capacete de fibra de carbono sendo vendido com isenção de impostos ou mesmo uma boa jaqueta, luva ou bota a preços módicos, talvez por isso o pessoal continue andando por ai com chinelo de borracha, mesmo sabendo que pilotar equipado é primordial.

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Estamos nas Estradas da Bahia de Todos os Santos, já passamos por Valença.
(BA) e paramos num posto abandonado, a PINNY ta meio nervosa... segue a sua experiência ...........

Inesquecível! BR 101! Ainda Bahia rumo Sergipe quando nos deparamos com máquinas na pista, placas: homens trabalhando e outros balançando uma bandeira vermelha pedindo redução da velocidade. Ah, mais um canteiro de obras.  Uma fila de caminhões e carros esperando a plaquinha “pare” na mão do funcionário virar para “siga”. Com toda cautela chegamos à frente de todos e esperando analiso a situação. Punk! Arrancaram totalmente o asfalto das duas pistas, brita e mais brita. Ida e volta. E agora? As pedras soltas, a placa diz: “siga” – parece uma largada de corrida.

Caminhões e carros aceleram tudo, nos ultrapassando sem dó. As pedras soltas rolam e voam contra nossas motos. Uma poeira sobe p/ deixar tudo mais emocionante. Não consigo pensar em nada a não ser em acelerar a uma velocidade segura de equilíbrio e manter a moto o mais reta e dominada possível. Parecia que ela havia criado vida própria. Coração batendo a mil. Olho no espelho preocupada com meu parceiro. Não o vejo! Uma nuvem densa de poeira nos separa. O trecho em obras nas duas pistas não nos deixou a menor chance, mas acaba e eu encosto bem rente a pista cujo acostamento também estava perigoso, tensa, olhando no retrovisor esperando meu parceiro. Minutos ou talvez segundos de angustia, uma eternidade, pensando mil coisas, mas lá vem ele! Ufa!  Só nos olhamos e seguimos!

Pensando no absurdo, no perigo que passamos na falta de segurança, vejo que todo aquele inferno vai se repetir, pois um novo canteiro de obras está à vista. Pensei: Não é possível! Mais uma vez! Ah não!
Depois dessa, parei no primeiro posto que vi. Reinaldo atrás. Eu fora de prumo nem percebo que o posto estava desativado e abandonado. Só um bar funcionava. Desci da moto com adrenalina me comendo por dentro acrescentada de boa dose de indignação. Só consegui dizer ao meu parceiro: “cara, que loucura, o que é isso?” E ele responde: “pois é!” Tirou um cigarro com toda calma e pediu uma coca-cola bem gelada pra mim.
Por sorte não era de noite, por sorte não furou o nosso pneu, por sorte não derrapamos... etc... Mas será que merecemos viajar nessas estradas com tanta falta de segurança e esperar que tenhamos bastante sorte? Haja anjos da guarda para nos acompanhar.

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Resumo da Opera, depois de termos pilotado por 6000 km já estava na hora de voltar, tínhamos rodado pelos Estados de SP / RJ / ES / BA / SE / DF / GO passado pelas Chapadas Diamantina e dos Veaderos, mas faltava MG, Uberlândia era o nosso próximo destino, saindo de Alto Paraíso de Goiás finalmente pegamos chuva, que nos acompanhou por um bom trecho de Rotas Meia Boca, faz parte, pois esse é o nosso ATACAMA, mas que vale muito a pena conhecer, para finalmente chegarmos a SAMPA com as motos em perfeito estado e já com saudades dos BONS TEMPOS E BONS VENTOS que vivemos pela Estradas Brasileiras. 

Reinaldo Baptistucci, mais que um motociclista, contador de histórias e profundo conhecedor do mundo das duas rodas, é um verdadeiro apaixonado por viagens e aventuras pelas rodovias do país e nações vizinhas.

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